sábado, 29 de dezembro de 2012

Cortiça na NBA

Portugal é o primeiro produtor de cortiça do mundo, produzimos mais de 50% da cortiça do mundo inteiro.
O sobreiro, única árvore que não morre ao lhe retirarem a casca do tronco, dá-nos um legado infindável.
Muitos são os objectos criados nos últimos anos com este material, das velhinhas tolhas, aos postais, passando por aventais e guarda-chuvas ou mesmo gravatas.

Este mês, a NBA, para comemorar o primeiro campeonato de LeBron James decidiu fazer uma edição de calçado especial - LeBron X Cork


Vamos preservar o que é nosso e expandir mais e mais e mais?

domingo, 23 de dezembro de 2012

E chegou a árvore de Natal

A tradição do Pai Natal e da árvore de Natal foi trazida para Portugal por D. Fernando II, por volta de 1850. 
O rei-consorte, impelido pela nostalgia da sua infância passada em terras germânicas, fez um dia uma árvore de Natal para os sete filhos que tinha com a rainha D. Maria II e distribuiu presentes vestido de São Nicolau. 
A tradição germânica comemorava o Natal com um pinheiro decorado com velas, bolas e frutos.



(via ezimut.com e Maria João)

Feliz Natal a todos :)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Fecha-se uma porta... abre-se uma janela

Para todos aqueles que viajam:
“The real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes but in having new eyes.”
Marcel Proust
Viajar não é apenas a deslocação física, é a deslocação mental, interior, é a aprendizagem que advém de esbarrarmos com novos espaços, pessoas, culturas, cheiros, sabores, credos e vontades. É aprender. Com os nossos olhos e os olhos dos outros para que finalmente possamos viver em harmonia.
Respeito.
É o fim de uma era, comecem esta com a verdadeira vontade do "Bem".


(obrigada Meryem pela frase :) )

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Fénix renascida

O número 50 da rua Garrett reabre, já não como ourivesaria Aliança, mas como a Tous, uma joalharia espanhola.
Temia-se o que iria acontecer com este marco do Chiado, mas o seu interior e exterior foram bem preservados: fachada, frescos, mobília.
A história deste local começou em 1909, quando a ourivesaria abriu como filial da casa-mãe no Porto. Decorada ao estilo Luís XV com frescos pintados por Artur Alves Cardoso e a bela fachada em ferro de 1939, obra de Oliveira Ferreira.
Além da venda de jóias, aqui existiu uma oficina de onde saíram obras que foram reconhecidas com prémios, como por exemplo o sacrário da Igreja dos Congregados no Porto.
Na altura do começo da II Guerra Mundial houve uma ampliação da loja, cuja inauguração foi mesmo presidida por Oscar Carmona.

Antes era assim:


Agora ficou assim:


Mesmo que não possa adquirir nada, passeie, entre e conheça o património da sua cidade, do seu país.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Anos 80

Momentos para não esquecer:

enquanto aguardavamos que a festa terminasse para trazer o grupo são e salvo de volta ao hotel, decidimos brincar também um bocadinho.
Algumas colegas já tinham regressado com os seus autocarros, a noite já ía alta e nós clicamos uma foto para a posteridade:

 - a louca festa do anos 80


é bom poder trabalhar com este espírito!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A pergunta da praxe

Após terminar o tour pergunta-me uma senhora:
"O meu marido gostaria de saber qual é a sua verdadeira profissão."
Ao que respondo:
- " Sou Guia Intérprete Nacional, esta é a minha profissão."
E eles insistem:" mas não a tempo inteiro?" Acrescentando: "Até porque teve que ir à Universidade para saber tudo isto que nos disse."

Pois é, em Portugal existe a formação universitária de Guia Intérprete Nacional.

"Os meus parabéns e desculpe, não sabia."

:)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O velho provérbio que diz:

"não se meter onde não se é chamado"!

O casal discutia porque ela queria ficar a tirar fotos e a aproveitar a cidade que não conhecia, ele porque queria ir embora dormir para o quarto.
Mais de 20 minutos em discussão e eu pensei, vou ajudar! 
Atenção que a discussão estava a ser a 4 passos da porta do autocarro.

Digo à senhora: "então deixe-o ir, assim a senhora aproveita como quer e sem o ter desanimado ao seu lado, até é mais agradável para si."
Responde ela: " o que ele quer sei eu muito bem."

Ops...

Alzheimer

Ontem deparei-me com mais duas situações de pessoas que vivem com esta doença. 
Infelizmente também já vivi com ela no meio familiar e hoje quero deixar o meu apreço pelas pessoas que cuidam com tanto carinho de quem sofre com esta doença. 
Há momento nessa doença em que se torna realmente impossível quase tirar a pessoa doente de casa, mas até chegar esse momento é muito valoroso tentar dar uma vida normal à pessoa doente, mesmo que ela tenha já "ataques" com maior frequência.

Nos meus primeiros anos de trabalho quando trabalhava com a Inatel houve um senhor que um dia saiu do hotel sem a esposa reparar e só o encontramos 2 dias depois numa paragem de autocarro. Nesse dia pensei tanto na dureza da vida. Quando andavamos todos à procura do senhor muita gente perguntava: porque viajam estas pessoas? 
Porque elas têm momentos bons e quando estão bem, mesmo que depois esqueçam, viveram momentos bem e perto daqueles de quem amam. 

Ontem aconteceu igual. O marido levantou-se para pagar o café e a esposa nesse intervalo entrou no autocarro e voltou para o barco. Ele sem saber ao voltar à mesa e a não vê-la entrou em pânico. Na altura eu não sabia que a senhora sofria de Alzheimer, portanto ela chegou ao autocarro, entrou e foi. Ao chegar ao navio lembrou-se do marido e aflita avisou a colega que estava no cais que talvez o marido estivesse à procura dela. Entretanto o marido já com ajuda dos empregados do café e de pessoas que estavam na esplanada lembraram-se vir ao autocarro. E num momento todas as informações chegaram ao mesmo tempo. Eu recebo uma chamada a avisar da situação e que se aparecesse um senhor à procura da esposa ela já estava no barco, e uns portugueses contam-me toda a história. Disse logo que a senhora estava bem e no sítio certo. O senhor chorou e agradeceu a todos. Foi tão bom ver como toda a gente se preocupara. Imaginem uma senhora estrangeira perdida em Lisboa? Com Alzheimer?
Porque viajaram? Disse ele: "Quando ela está bem fica tão feliz de passear, não posso não lhe dar esses pequenos prazeres"

E igual foi a frase de um casal horas mais tarde. Neste caso era o senhor que tinha Alzheimer. Dirigiam-se ao autocarro a sorrirem e a conversarem, lembro porque gostei de ver o carinho entre os dois, reparei neles a uma certa distância. Chegou à porta, a senhora procura o bilhete, vira-se para o marido e diz-lhe para subir as escadas. Nesse mesmo instante ele parou. É essa a rapidez desta doença cruel.
Ele bloqueou e não quis subir as escadas. Começou a respirar de forma ofegante e a querer sair dali.
A expressão na cara da senhora foi de uma tristeza súbita. Ele foi ficando mais nervoso, as pessoas olhavam. Reagi. Pedi para entrarem pela porta detrás e disse à senhora: "tem tempo, não se enerve, se for preciso ande um pouco com ele, há mais autocarros". Ela sorriu e juntas conseguimos falar com ele e acalmá-lo.

O olhar de agradecimento não esquecerei.

É difícil e pode ser muito perigoso viajar com pessoas assim, mas o prazer de ainda poderem viver momentos bons é muito compreensível.

Quentinhas

Das coisas boas desta profissão é poder recordar gestos de gentileza e partilhas.
Domingo tive outra função que os Guias Intérpretes também exercem: coordenar shuttle, ou seja, os turistas do navio atracado aqui em Lisboa tinham um serviço à sua disposição de transporte do Cais para o Centro da cidade. A minha função era gerir os horários desse mesmo shuttle, vender bilhetes, controlar entrada nos autocarros e gerir os horários dos motoristas. 
Começamos às 08h30 e terminamos perto das 18h00.
Ontem fez frio, muito frio, muito frio mesmo.
Estive todas essas horas em pé, tirando uns 45 minutos para almoço. Carregada com bilhetes, placas e listas. Fui deixando de sentir os dedos das mãos e dos pés. Os motoristas tentavam chegar mais cedo para que eu pudesse entrar no autocarro e aquecer-me um pouco, mas nem sempre dava.
No fim do dia acho que estava roxa!

Os alentos do dia foram as histórias de vida que as pessoas conseguem contar em 10 minutos de espera de um autocarro e as castanhas que íam oferecendo. Neste Domingo de Inverno, de início de época natalícia, uma grande parte deles quis provar as castanhas assadas portuguesas e foi tão bom poder tirar uma aqui e outra acoli enquanto se conversava um pouco, ora em italiano, em espanhol, em português, francês ou alemão! Sim, porque num shuttle fala-se de tudo, mesmo aquilo que não se sabe falar!


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

OOOOOOOOOOOOHHH!

OOOOHHHHH é o som que ouvimos sempre que passamos de autocarro em frente ao elevador de Santa Justa, mas sempre, sejam de que nacionalidade forem! É tão curioso como todos acham-no tão bonito!
Após explicá-lo e indicar que um pouco mais à frente iremos vê-lo, dá até para contar interiormente até 3 e ouvir o OH colectivo!


- OOOOOOOOOHHHHHHHHHHHH

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Mimos

Horas de pé, horas a correr de um lado para o outro, horas a responder às dezenas de pedidos, horas a encontrar os itens perdidos, horas a dar sugestões de coisas a conhecer, horas a ver listas, horas em check-ins e check-outs, horas a fazer reservas, horas aqui e acoli... nas horas sem fim do trabalho com grupos de incentivo, por vezes esquecemo-nos de comer!
Mas depois alguém chega perto e diz assim:
"Vá, tens que parar" e deixa-nos nas mãos o pequeno almoço que é ingerido na hora do lanche. 


O que me valeu foi a hora do lanche do grupo ser tão deliciosa e trabalhar com colegas que se preocupam uns com os outros!

Conselhos


"segue sempre por bom caminho" - Aniki Bóbó

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

sábado, 24 de novembro de 2012

História da Raquel Amador - o Elevador

A Raquel chegava com o seu grupo austríaco directamente do aeroporto ao hotel. 
Ao mesmo tempo chegaram mais grupos, também eles da mesma nacionalidade. A recepção por momentos ficou um pouco confusa: muitas pessoas, muitas malas, todos a quererem rapidamente a chave e subir para os seus quartos.

A Raquel decidiu ajudar o staff do hotel e indicar amavelmente onde ficavam os elevadores, mas alguns mais apressados perguntaram logo pelas escadas. 
Aí dirigiu-se à porta de acesso às escadas e ficou a segurar para que as pessoas conseguissem ir passando com as malas.
Nisto, ela apercebeu-se que os clientes estavam a usar apenas um dos elevadores e decidiu perguntar porque não utilizavam o outro. Resposta rápida de um senhor do grupo:
"- O meu quarto é no terceiro piso e este elevador indica que só vai até ao segundo." A Raquel supreendida com tal situação dirigiu-se aos elevadores...
Haviam 2 elevadores, o do lado esquerdo tinha a indicação Elevador 1, o da direita Elevador 2! As pessoas pensaram que o número no topo indicava até que andar iria o elevador! Nem repararam que ao abrir a porta os botões de todos os andares estavam lá para serem carregados!

Após esclarecer o mal entendido a Raquel voltou à porta de acesso às escadas. Uma senhora aproximou-se com a sua grande mala, passou a mala pela porta, deixou-a lá e com um ar muito autoritário mandou (a Raquel faz questão de salientar que sim, que a senhora Mandou) fechar a porta.
Sem reacção e com a rapidez da situação a Raquel fechou a porta ficando ela e a mala junto às escadas. Segundos depois alguém bateu na porta. A Raquel abriu, era a mesma senhora, entreolharam-se e diz a senhora ao vê-la ali "ainda" com a mala:
"- Mas isto não anda?!?!?!?!?!?"
...
silêncio
...

"- Isto... são as escadas, não o elevador..."





Raquel cada vez que releio esta história não consigo parar de rir!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Quinta do Monte d'Oiro


Localizada na região de Lisboa (em Alenquer), a Quinta do Monte d’Oiro é conhecida, desde o séc. XVII, como um terroir privilegiado – único e irrepetível. O desígnio do produtor José Bento dos Santos é a elaboração de vinhos de altíssimo gabarito, profundamente gastronómicos.

Com o apoio técnico do enólogo francês Gregory Viennois, a viticultura tem vindo a ser encaminhada para um modo biológico com vista à expressão máxima do terroir da Quinta. Os rendimentos de produção são mantidos muito baixos (para potenciar a concentração dos vinhos), os processos de vinificação extremamente rigorosos e os estágios em madeira decorrem nas melhores barricas de carvalho francês.
Esta filosofia tem permitido atingir, ao longo dos anos e logo desde a primeira vindima, resultados excelentes e consistentes. De facto, colheita após colheita, os diversos vinhos de José Bento dos Santos têm recebido o apoio encomiástico da Crítica e do Público, quer em Portugal, quer no estrangeiro, alcançando inúmeros prémios e distinções (de que são exemplo os 5 “Prémios de Excelência” da Revista de Vinhos; as 11 presenças na selecção “Os Melhores do Ano” do crítico João Paulo Martins; os 20 vinhos classificados no “Top 100” da revista Wine; o melhor vinho da Península Ibérica; ou as 10 classificações por Robert Parker na restrita categoria dos 90-95 pontos – “outstanding”).
Os vinhos da Quinta do Monte d’Oiro estão presentes em importantes mercados internacionais (como Espanha, França, Reino Unido, Holanda, Suécia, E.U.A., Canadá, Brasil, Angola e China) e nas Cartas de Vinhos de alguns dos mais famosos restaurantes europeus, americanos e asiáticos (Alain Ducasse, Gordon Ramsay, Danny Meyer, Four Seasons, MGM).

Dos 42 ha da propriedade, apenas 15,5 ha foram replantados com as castas Syrah, Viognier e Petit Verdot, importadas directamente das suas regiões originais em França, e com as castas portuguesas Touriga Nacional e Tinta Roriz.



A partir da colheita de 2006 passaram a existir duas famílias de vinhos: Família Quinta do Monte d’Oiro e a Família Originals de José Bento dos Santos, vinhos da autoria do produtor.

Desde o Reserva (que se tornou a expressão máxima do terroir da Quinta do Monte d’Oiro, este topo de gama é um vinho de classe mundial, reconhecido pela Crítica internacional como o melhor Syrah da Península Ibérica. Excelente e consistente, já conquistou 3 vezes o “Prémio de Excelência” da Revista de Vinhos e já 7 colheitas integraram a selecção “Os Melhores do Ano” do crítico João Paulo Martins), passando pelo Madrigal ou o Lybra, até aos vinhos do produtor como o Têmpera e o Aurius, a escolha é larga e deliciosa.

Mas esta Quinta não é um espaço fechado só à produção do vinho. As portas estão abertas e pode vir conhecê-la, sozinho ou em grupo, realizando um dos cursos ou fazendo uma das provas de vinho.
Tem muito por onde escolher.




Se ainda não provou, comece hoje.






quinta-feira, 22 de novembro de 2012

História da Teresa Pinto de Faria - Semáforo Sonoro

Certa vez estava a Teresa num tour privado com duas senhoras apenas.
A dado momento do tour ao passarem por um daqueles semáforos para peões com sinal sonoro, no momento em que estava verde, uma das senhoras perguntou à Teresa "porque faziam os semáforos aquele som?" 
A Teresa explicou que era para os invisuais poderem perceber que estava verde.
E a senhora respondeu muito estupefacta: 
" - Ah! Não sabia que em Portugal os cegos podiam conduzir!"


Imaginemos a diplomacia e carinho para reagir e responder a tal observação.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A Vida de quem trabalha em Organização de Eventos

Penso que muitos dos profissionais de turismo vão identificar-se com esta lista.
E para quem não é desmistifica a ideia do passeio e divertimento, ora espreitem lá:

1º - Não terás vida social, familiar ou sentimental.
2º - Não verás teus filhos crescerem.
3º - Não terás feriado, fins de semana ou qualquer outro tipo de folga.
4º - Terás gastrite, se tiveres sorte. Se for como os demais terás úlcera.
5º - A pressa será teu
 único amigo e as suas refeições principais serão os lanches.
6º - Teus cabelos ficarão brancos antes do tempo, isso se te sobrarem cabelos.
7º - Tua sanidade mental será posta em cheque antes que completes 5 anos de trabalho;
8º - Dormir será considerado período de folga, logo, não dormirás.
9º - Trabalho será teu assunto preferido, talvez o único.
10º - As pessoas serão divididas em 2 tipos: as que entendem de show e as que não entendem. E verás graça nisso.
11º - A máquina de café será a tua melhor colega de trabalho, porém, a cafeína não te farás mais efeito.
12º - Happy Hours serão excelentes oportunidades de ter algum tipo de contato com outras pessoas loucas como você.
13º - Terás sonhos , com planilhas, cotas e relatórios e não raro, resolverás problemas de trabalho neste período de sono.
14º - Exibirás olheiras como troféu de guerra.
15º - E, o pior........ Inexplicavelmente gostarás de tudo isso...
16º - Não poderá adoecer.
17º - Todo dia 1º de cada mês tudo recomeça do zero.
18º - Finalmente serás um artista, pois viver com artista se aprende a arte de representar!

Parabéns a todos os profissionais de eventos, muito mais que produtos,vendem: sonhos, satisfação, confiança, simpatia e sobre tudo possuem a incrível habilidade de lidar com as pessoas 





(obrigada Leticia por esta lista!)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Estes HH fazem-me mesmo suspirar

Hoje deixo-vos um clic para chegarem à beleza das palavras de Herberto Helder.

http://metododerosecascais.blogspot.pt/2012/11/pense-nisto-10.html

:)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Jeff Koons em Lisboa

Jeff Koons expõe juntamente com José Ribeiro (um artista e doente do ex- Júlio de Matos) no Pavilhão 31 do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa. 
Quatro auto-retratos de Koons junto com obras de José Ribeiro estarão à espera da vossa visita até final de dezembro de 2012.
Esta é a segunda iniciativa dirigida por Sandro Resende que junta artistas de renome e artistas que frequentam o hospital. 

Entrada gratuita de segunda a sextas entre as 10h00 e as 16h00.




segunda-feira, 12 de novembro de 2012

sabiam?

Sabiam que em tempos idos as claras de ovo eram usadas para engomar a roupa?
O que fazer das gemas depois? Doces! Esta é uma das razões pelas quais tantos doces portugueses têm por base as gemas de ovos, às quais se junta simplesmente açúcar e canela (produtos que tinhamos em grande quantidade devido às ligações comerciais).


Favas -hmmm

Deixo-vos mais uma receita de um prato típico português, mas na sua versão vegetariana:

Favas Guisadas com Chouriço de Soja

a receita vem deste outro blog, espreitem e deliciem-se!

http://curryfreak.blogspot.pt/2012/03/cozinha-portuguesa-vegetariana.html


sábado, 10 de novembro de 2012

Personagens - o vencedor da maratona

Num grupo há sempre alguém que na verdade não gosta assim tanto de fazer visitas em grupo e que preferia ter o guia só para si, a fazer o programa no seu tempo e ritmo, a visitar os locais que mais deseja sem ter a interferência de mais 40 pessoas. Alguém que acabou por ir em grupo porque as pessoas com quem foi preferem esse sistema.
Essa pessoa, por norma, nunca está satisfeita com o tempo dado para visitar um local ou para ter de tempo livre. Essa pessoa acha sempre que os outros perguntam coisas sem interesse. Essa pessoa acha sempre que o restaurante recomendado devia ser outro. Essa pessoa acima de tudo, anda sempre mais depressa que os outros e não quer esperar por mais 40 pessoas.

A situação em que se nota quem é essa pessoa é logo ao início, assim que saímos do autocarro e começamos a pimeira das visitas a pé. A reacção normal de um grupo é seguir o guia, deixando-se ficar atrás dele porque não conhece o caminho.
O vencedor da maratona não, ele anda à frente do guia. Ele sai decidido, com passos seguros e rápidos. Só quando não ouve o barulho característico de 40 pessoas perto dele é que pára e olha para trás e lança aquele olhar crítico de quem diz:  "não conseguem andar mais depressa?". E retoma o caminho.

Como guia eu respeito o ritmo do grupo, se noto que têm todos muita energia e que conseguem impôr um ritmo rápido (quando um grande número dá a entender que poderia andar na minha frente) eu coloco o meu passo rápido! E não queiram um guia com passo rápido! ahahah
Se tenho um grupo mais descansado ou com mais idade escolho o passo lento (que aprendi ao longo destes anos, não imaginam quão lento pode ser um passo - o que custa depois é voltar a andar a um ritmo normal eheh).
Mas o vencedor da maratona... não percebe como pode dificultar uma simples caminhada. Ao andar mais rápido ele cria ansiedade nos outros e por vezes há pessoas que não podem mesmo acompanhá-lo, por serem mais velhas ou terem problemas já nas pernas. Isso cria até tristeza na pessoa que começa a pensar que está a impedir o grupo de aproveitar o seu passeio. Ao andar mais rápido ele obriga o guia a redobrar ou triplicar a atenção, porque além de olharmos para as pessoas atrás de nós, para aqueles que se perdem a ver uma vitrine, ainda temos que ter o cuidado de ver se ele não virou para a rua errada porque pensa que sabe o caminho e não sabe.

A forma de "educar" essa pessoas aprendi ao longo dos anos: - Atraso o passo até saber que vamos chegar a um cruzamento, deixo-o escolher o caminho (porque sim, o vencedor acha normalmente que sabe se é para a esquerda ou direita, raro é aquele que pára e pergunta) e como quase sempre escolhe o errado, deixo-o ir por uns metros e depois começo a chamá-lo. Como nunca reage à primeira para mostrar que sabe, o grupo começa a ajudar a chamar e a dizer-lhe "estás no caminho errado" com certa preocupação. Aí, ele cede e a partir daquele momento abranda o passo. E a partir daquele dia caminha mais lentamente, mas não deixa de ir à frente! Mas já registou na sua mente que terá que olhar para trás e perguntar nem que seja por um simples gesto ou olhar se é esquerda ou direita e a respeitar o ritmo dos outros.

Em férias aprendam a abrandar. É também para isso que elas servem.


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Seta Humana

Certa vez num jantar de gala no Porto quando o espaço da Alfândega do Porto ainda estava a dar os primeiros passos no mundo dos jantares de gala dos grupos de turismo, a sinalética para os WC era ainda inexistente.
Assim, durante as cerca de 4 horas de festa, os guias tiveram que desempenhar o papel de "setas humanas", ou seja, ficar em pontos estratégicos para indicar onde ficavam os WCs, para que as pessoas não se sentissem perdidas naquele espaço gigantesco e criticassem todo o evento. Pois o mais pequeno detalhe, e sobretudo o detalhe que pode criar algum desconforto à pessoa é exactamente o que pode arruinar todo o evento.
Custou aquelas horas de pé em corredores um pouco escuros e frios à espera que chegassem pessoas, mas devido a elas o evento não teve alguma queixa.

Quando por vezes ouço as pessoas a queixarem-se que não estudaram para tirar fotocópias ou levar um café ao senhor director, penso sempre nas tarefas estranhas que um guia por vezes desempenha em nome da boa organização de um evento, de uma agência e da imagem de Portugal. 


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

História da Marta Cunha - "por favor sirva-se"

Quando os grupo fazem reserva dos seus programas, eles escolhem antecipadamente hotéis, museus, restaurantes e respectivos menús entre tantas outras coisas. Trocam-se emails e telefonemas para que não fiquem dúvidas das escolhas e para que não haja surpresas no dia em que tudo acontecerá.
No entanto muitas vezes, já in loco, alguns grupos ou pessoas do grupo tentam mudar aquilo que fora escolhido, sobretudo no que se refere às refeições! Os motivos são vários: faz frio, então em vez da salada para entrada apetece sopa; ou não apetece particularmente peixe naquele dia; ou subitamente é-se alérgico a tomate, mas o motivo mais comum é mesmo olhar para a mesa do lado e achar que o prato servido nessa mesa tem visualmente um aspecto tão apetitoso que é mesmo isso que se deseja comer nesse momento.

Por norma os guias têm a mesma refeição que o grupo, pois a maioria das pessoas pensa que se o guia não come o mesmo que o grupo, então é porque o menú escolhido não é bom e está a ser enganado. Assim o guia tem que comer a entrada, o prato, a sobremesa. Tudo. Ao fim de uma semana de circuito engordam-se quilos. 
Gostava de explicar aqui hoje que os grupos não podem levar a mal quando por vezes não queremos a sobremesa ou pedimos um prato diferente. Lembrem-se que muitas vezes passamos semanas a comer doces de sobremesa, a comer pratos repetidos porque todos querem bacalhau e feijoada. Até os maravilhosos pastéis de belém têm meses que não são mais apetecíveis!
Certas nacionalidades são tão curiosas e exigentes no que o guia deverá comer que durante a refeição querem sentar na mesa com o guia e o motorista ou, caso não seja possível, passam a refeição inteira a ir à mesa ver o que estamos a comer. Não é também por maldade, mas essa pequena hora da refeição é um pequeno descanso, em que falamos a nossa língua com o motorista, em que descansamos a cabeça das explicações e recuperamos energia para o resto do dia. E acreditem que a refeição, mesmo quando não é interrompida pela "vistorias" dos clientes, tem sempre muito de cuidado (como já contei noutros posts).

A colega Marta Cunha deixa-nos hoje uma dessa histórias, nos seus primeiros anos de trabalho, quando ainda muito verdinha e sem estaleca para reagir a certas situações foi deparada com "o ataque à refeição"!

"Primeiro dia de circuito: faziamos tour de Lisboa e almoçavamos em Sintra. Cheguei ao restaurante e estava lá um colega com o seu grupo, mas com um menú diferente do meu grupo (arroz de tamboril para o dele e frango para o meu). 
Depois de ter sentado o meu grupo, sentei-me ao lado do colega que gentilmente ofereceu-me o arroz de tamboril, pensei que não teria nada de errado em aceitar e assim o fiz.
Mas não é que um senhor do meu grupo tendo-me observado de longe veio prontamente de prato na mão, aproximou-se da nossa mesa, levantou a tampa do arroz de tamboril e serviu-se!
O colega, já mais experiente perguntou-lhe o que estava a fazer, porque o senhor estava a servir-se da refeição de um outro grupo, pois eu ainda novinha consegui ficar apenas boquiaberta e sem reacção. O senhor do meu grupo ainda tentou argumentar por eu estar a comer também o arroz de tamboril, mas o colega explicou-lhe que fora apenas porque ele assim me oferecera.
Finalmente o senhor percebeu o abuso e voltou à sua mesa!
É difícil fazê-los entender que outros menús significam outros valores, mas hoje já sei como o fazer! Mas a imagem do senhor prontamente de prato na mão sem qualquer hesitação nunca será esquecida!"


domingo, 4 de novembro de 2012

Nomeações no outro lado do atlântico



O compositor português Nuno Maló está nomeado para a categoria de melhor música original para uma longa-metragem dos Hollywood Music In Media Awards 2012, ao lado de autores consagrados como por exemplo os compositores das bandas sonoras para os novos filmes de Steven Spielberg, "Lincoln" e "Skyfall" da série 007.


domingo, 28 de outubro de 2012

Violinos Capela - portugueses a dar som ao mundo

Em 1924 Domingos Capela conserta o violino do músico italiano Nicolino Milano. A perfeição foi tal que nunca mais parou. Desde então nas mãos desta família de Espinho foram construídos centenas de violinos que tocam pelo mundo inteiro. 
Vencedores de vários prémios, não esquecem a simplicidade e beleza desta arte que gostariam que se perpetuasse nas próximas gerações da família.
O atelier está aberto ao público e a visitas escolares. Não percam a oportunidade. Temos uma preciosidade destas em território nacional, aproveitem-na, não pensem que é apenas "lá fora" que se fazem coisas boas.
De Rostropovich a Aníbal Lima, muitos são os músicos que esperam (ou esperaram) o tempo que for necessário para tocarem com um destes instrumentos.
"O segredo está no verniz", diz o luthier António Capela, ora ouçam:


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

História de um guia - Peixe santificado

Apesar de não saber a que colega aconteceu esta história não resisto a contar. Espero que o/a colega não se importe que a conte aqui. Quem sabe até lê o post e "reclama" a sua história.
Mas a noite passada a trabalhar com mais colegas, enquanto aguardavamos que o grupo terminasse o seu jantar, recordavamos histórias que nos fazem rir e esta pequena história veio de novo à baila:

Diz uma senhora ao Guia: - Como é que se chama aquele peixe com nome de santo?
Guia - Peixe com nome de santo? Não estou a ver! Tem a certeza?
Srª - Tenho sim, há um peixe com nome de santo.
Uns minutos de silêncio e diz a senhora euforicamente:
- Já lembrei, é a santola!


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Parecenças

Penso que todos os guias já passaram por isto:

 - turistas mais velhinhos que nos dizem "és mesmo igual à minha neta/o"!

O mais engraçado é que quando mostram as fotos dos netos qualquer semelhança é uma ficção!!! E nós somos parecidos com netos loiros, morenos, de olhos verdes ou azuis, com sardas ou sem, de nariz redondo ou pontiagudo.

Creio que são as saudades que os fazem encontrar semelhanças. Na verdade é sempre um gesto de carinho. Gostava de ter exemplos para vocês verem com quem eu sou parecida!

eheheheheh

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Em Nome da Terra

"lembro-me de que estavas a fazer malha e continuaste a fazê-la para o destino se ir embora ou tornar-se mais doméstico."

"o que é grande acontece no eterno."

Queria escrever aqui mais e mais partes deste livro magnífico, mas ao tentar escolher pensamentos percebi que as pequenas partes que eu possa escolher não farão jus da sua grandeza, mesmo sendo as partes tão grandes.

Aconselho a lerem. Fala-nos do amor "quero é estar contigo no nada de tudo o que acontecer. Saturar-me da tua presença. E ver-te.", ao porquê do nosso destino "tudo no universo tem um destino que é seu, vós nem sequer sabeis qual é o vosso porque antes de perguntardes já vos albardaram com um outro", à velhice nos asilos onde está "cá imensa gente a repousar / era tudo gente aposentada de ser gente", à doença, à religião "o Cristo socialista", à decisão, à piedade "e houve logo gente à volta para ter pena do que dói aos outros", ao desejo "deixa-me ser só futuro, o presente que espere", ao saber, ao ser pai, ao ser filho, à beleza, às angústias, ao divino, à noite, à lei e aos costumes "o universo não tem razão, o universo é estúpido. Mas há a moral e os costumes e o Estado que os põe em alíneas e parágrafos. Os costumes, que costumes? O costume era atirar ao Taígeto abaixo as crianças com defeitos de fabrico, e casamento com manu que durou imenso tempo até ao sine manu", ao escrever recordando a vida para se preparar para a morte num corpo mutilado.


"olho-te agora na memória legenda"

"mas tinha sempre um riso maior do que a vida"

"e estou farto de me complicar no que é mais simples do que eu"

São palavras como as deste homem que merecem ser lidas.

Vergílio Ferreira, Em Nome da Terra


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Kima

Se nunca provaram, façam-no!

Kima maracujá é uma delícia. Marca portuguesa, açoriana que deveria ser bem mais apreciada do que é.
Em Lisboa sei que pelo menos ali para os lados da Lx Factory conseguem encontrar!


sábado, 6 de outubro de 2012

Personagens - o que faz mil perguntas

Com o passar do tempo reparamos que os grupos, sejam menores ou maiores e sejam de que nacionalidade for, têm sempre personagens comuns (por vezes todas, por vezes só uma ou duas):
- o que faz mil perguntas
- o que faz sempre piadas
- o que sabe mais que todos
- o que chega sempre atrasado
- o que tenta encontrar defeitos
- o zangado com a vida
- o que quer atenção
e tantas outras.

Num dos meus últimos tours tinha uma senhora que constantemente agarrava-me pelo braço, falava alto e sem me deixar terminar frases já interpelava com questões. 
De tal modo interrompia que o próprio grupo já reagia cada vez que ela se aprontava para mais um questão. Eu pedia para que esperasse pelo fim da explicação que iria prontamente responder-lhe tudo o que quisesse, eu sorria continuando a falar na esperança que me deixasse terminar, mas ainda assim ela falava. 

A certa altura na Igreja de S. Roque explicava o culto a Santo António e as tradições da sua festa explicando, entre outras coisas, que antigamente as raparigas escreviam a Santo António a pedir para encontrarem um bom marido. 
Após a explicação passei para a capela de S. João Baptista não parando numa outra capela que fica entre a de Santo António e S. João Baptista.
Ainda o grupo se organizava para ouvir a explicação, já ela me dizia: 
"-Cátia e quem é aquela senhora no caixão de vidro nesta outra capela?"
Antes que eu pudesse dizer algo, uma outra senhora do grupo respondeu-lhe prontamente com aquele ar sarcástico dos alemães:
"-Porquê? Quer escrever-lhe uma carta?"
(fiquei logo com vontade de rir)

Mas a primeira sem medo responde-lhe:
"-Não, parece-me ser tarde demais."

Que vontade que eu tinha de rir!



quinta-feira, 4 de outubro de 2012

História da Ana Rita Vale - Frango é o quê?

Certa vez trabalhei a par num grupo de brasileiros com a Ana Rita Vale.
Estavamos num dos jantares do grupo quando um senhor dirige-se à Ana e pergunta-lhe:
"Frango é carne?"
Eu fiquei perplexa e a Ana com toda a paciência do mundo e com o ar mais calmo e compreensivo respondeu ao senhor que sim.
Ele comentou em seguida que era algo estranho para eles, que já no avião a hospedeira tinha-lhe perguntado se ele queria carne ou peixe e que ele escolhera carne, mas que quando levantou o metal que resguarda o prato vira frango e não percebera.
A Ana delicadamente explica-lhe que carne é vaca, porco, perú, pato, frango e todos esses animais e depois realmente temos o peixe.
Ele agradeceu, mas confesso que sentimos que não foi muito convencido.

Mas não é que nos últimos 3 grupos de brasileiros todos perguntavam às refeições se seria carne ou frango? 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

De borla?????

Após a hora do almoço quatro pessoas do meu grupo (brasileiros) vieram contar-me a aventura do almoço.

Entraram num restaurante, sentaram e como é habitual em Portugal foi colocado na mesa o pão, azeitonas, manteiga e queijo na mesa.
Um dos senhores decidiu pegar numa fatia do queijo e experimentar. O empregado que ía a passar disse-lhes num tom bem simpático: 
" - Comam, comam que é de borla!"
E eles comeram, o primeiro pratinho e até pediram para vir mais dois.
O almoço seguiu-se com toda a normalidade.
No final pediram a conta. Ao verificarem todos os itens repararam que o queijo estava afinal a ser cobrado!
Chamaram o empregado e perguntaram porque estava o queijo incluído na conta e o senhor respondeu porque o tinham comido.
"Mas o senhor disse que era de borla?!" - comentaram eles.
"Não, senhores, eu disse que era de Borba! Queijo de Borba que é muito bom!".

ahahahahahahahahahah

passado tantos anos ainda rio imenso quando lembro desta história!


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Razões que a própria razão desconhece

Terminado o tour estavamos de regresso ao hotel.
Fiz as minhas despedidas, paramos o autocarro, abrimos a porta e saí esperando à porta que todos saíssem dizendo obrigada e adeus à saída de cada pessoa.
Curiosamente um senhor ficou sentado no banco da frente.
Olhei para o motorista a questionar com os olhos porque seria!
Olhei para o senhor e perguntei: "Precisa de alguma coisa?"
Ele respondeu: "É para sair?"
Respondi-lhe: " Não é este o seu hotel?" (cheguei a pensar que teria vindo connosco alguém que não pertencia ao tour!)
Disse-me que sim que era e voltou a repetir: "Tenho que sair aqui?"
"O tour terminou e o hotel é a nossa última paragem, precisa de alguma ajuda?", disse-lhe.

O senhor suspirou, levantou-se, desceu os degraus e agradeceu.

O que pretenderia ele?

Nesta vida ficamos com tantas dúvidas no ar!!!!

Dar tudo que por vezes não temos

Penso que há 3 momentos muito difíceis na vida de um Guia-Intérprete:

1 - lidar com um acidente ou problema de saúde de um cliente, incluindo a morte

2 - estar doente 

3 - estar profundamente triste

Nestes últimos dois casos não conseguir arranjar um colega para nos substituir tira do nosso corpo e mente toda a energia que já não temos. Fazer um tour cheio de dores no corpo, com a cabeça a latejar, tentar caminhar, tentar falar e respirar é algo quase impensável, mas sem sabermos como, aquele último pedacinho de energia vem ao de cima e leva-nos ao trabalho. Tenta-se encontrar artefactos para parecer estar bem: vestir colorido, colocar maquilhagem e sorrir.

Porque o grupo espera um dia feliz e inesquecível, porque as pessoas estão de férias e querem sorrir e esquecer os problemas delas.
E nós conseguimos isso.

E ao longo do tour, se amamos realmente esta profissão, também encontramos alento e aos poucos vamos sorrindo mais sinceramente e até parece que vamos curando.
No fim, quando nos agradecem, quando sorriem, quando se despedem a prometer enviar fotos e a desejar-nos o melhor na vida, sentimos que valeu todo o esforço.

Mas assim que o corpo chega a casa, dorme, porque deu tudo aquilo que já não tinha.

domingo, 16 de setembro de 2012

Distâncias e toques

Ao sair do autocarro e começar as explicações in loco é curioso notar o comportamento do grupo: a forma como se dispõe à volta do guia, a distância que guarda, os que ficam na frente, os que ficam mais para trás.
Mais interessante ainda é notar a repetição de comportamento de acordo com as diferentes nacionalidades.

Os ingleses espalham-se o mais possível guardando longas distâncias entre si e mesmo com o guia, uma espécie de espaço vital que não deve ser invadido. Ao ser-lhes pedido para se aproximarem mais de modo a que dêem espaço a outros grupos e visitantes e também para que ouçam melhor, eles avançam literalmente um milímetro. Fazem um pequeno movimento com o pé, balanceiam o corpo, mas na verdade nem um passo foi dado. Eu, por norma, volto a insistir, sorrindo. O milimétrico passo é dado mas com expressões extremamente sérias. Se não tenho grupos à volta acabo por ceder, mas quando há mais visitantes insisto, pois acho que é rude ocuparmos um espaço todo desnecessariamente e ao qual todos têm direito (não só fisicamente como em audição... é que gritar explicações é mau para a voz e para os ouvidos de todas as pessoas naquele espaço). "Não tenham medo, não vos vou bater" digo-lhes sorrindo e eles subitamente desarmam, riem e dão o passo!

Os franceses são um misto. Os Parisienses guardam uma distância de segurança, fazem pequenos grupos dentro do grupo e sussurram imenso o tempo todo. Já os da Bretanha ou do Sul desenham um círculo à volta do guia e é difícil convencê-los que se ficarem todos na frente do guia será mais fácil e mais proveitoso, pois a projecção de voz será igual para todos. Lá voltam os gestos, a linguagem corporal a tentar desenhar uma linha na minha frente, mas nem sempre sou bem sucedida. E lá vou eu rodopiando e girando a explicar o monumento/local.

Os alemães são talvez os mais cientes de ocupação de espaço, colocam-se na frente do guia, com um espaço saudável entre os dois lados e entre si. 

Todas estas nacionalidades cumprimentam sempre com um aperto de mão e quando interpelam o guia é normalmente pelo título Sr/Srª (excepto os tais da Bretanha que memorizam o nome e gentilmente dizem Catiá, com aquela entoação no -a final que tanto me faz sorrir e querem todos dar beijinhos)

Raramente trabalho com grupos espanhóis ou italianos porque não falo a língua deles, mas quando a língua oficial é o inglês tenho o prazer de trabalhar com estas nacionalidade. Parece um outro mundo, tão diferente das nacionalidade já mencionadas. Falam o tempo todo, gesticulam imenso e quando chega o momento de formar o grupo no exterior querem todos ficar na fila da frente o mais colado ao nariz possível do guia. Acotovelam-se, pedem sempre para o guia falar mais alto (por mais alto que seja parece nunca ser o suficiente) e constantemente tocam o guia. O nosso nome, memorizam sempre. Lembro da primeira vez que trabalhei com italianos, ao estar habituada às cordialidades nórdicas, quando ouvi o meu nome procurei por uma pessoa conhecida. Pensei mesmo que seria um conhecido que passava ali perto e estranhei quando percebi ter sido do meu grupo. A primeira reacção foi pensar como é que aquela pessoa sabia o meu nome, praticamente tendo-me esquecido que me tinha apresentado no início do tour! Estão sempre prontos a dar abraços e beijinhos e a interpelar puxando por um braço!

Da minha experiência com chineses e indianos noto que não há a mínima vontade de ouvirem uma explicação. Colocam o pé fora do autocarro e cada um quer ir para o seu lado, seguir o seu caminho e voltar na verdade quando lhe aprouver. 
Mas comportamentos asiáticos dará todo um outro capítulo.

Balancear a vivência com todos eles é o melhor, porque por vezes apetece aquela "frieza" nórdica e tantas outras o "calor" mediterrânico.

... mas claro, não devemos generalizar...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Beber das palavras

"... vossa excelência sabe que na Idade Média os carrascos utilizavam máscaras para não serem mais tarde reconhecidos e para ninguém se vingar deles? E sabe que nos tempos que correm os carrascos já não precisam de usar máscaras e recebem ainda um ordenado fixo do Estado?" 

"o meu pai trabalhava num notário (...) o meu pai não tinha tempo para estar comigo e não tinha tempo para reler os contratos que era obrigado a redigir. o meu pai aproveitava os momentos antes de eu dormir para me ler alto os contratos e assim verificar erros, e eu cresci a pensar que as histórias infantis tinham sempre dois lados, o lado da direita e o da esquerda, dois outorgantes, e que um só dava uma coisa em troca de outra. só mais tarde percebi que isto acontecia mesmo na vida real - o dá e recebe - e só nos livros infantis é que se dava algo sem querer receber nada em troca" 

"O senhor Henri disse: o telefone foi inventado para as pessoas poderem falar afastadas umas das outras.
... o telefone foi inventado para afastar umas pessoas das outras.
... é exactamente como o avião.
... o avião foi inventado para as pessoas viverem afastadas umas das outras.
... se não existissem aviões nem telefones as pessoas viviam todas juntas.
... isto é uma teoria, mas pensem bem na teoria.
... o que é preciso é pensar no momento em que ninguém espera.
... é assim que os surpreendemos."

- Gonçalo M. Tavares, O Senhor Henri

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Focar atenções


35ºC no exterior.
Tour: panorâmica da Costa do Estoril
Bus: SEM ar condicionado
50ºC devia ser a temperatura no interior.

nem sei como consegui que 19 pessoas me ouvissem, rissem e fizessem perguntas. Dei o que tinha e não tinha para que não pensassem no incrível calor que se sentia e aproveitassem o tour oferecido! Para que conseguissem aprender algo e apreciassem a paisagem magnífica.
Ao pararmos traziamos a roupa colada ao corpo e o highlight do tour foi a ida imediata à Santini (19 gelados de morango foram à conta do meu grupo).

Respiramos de alívio quando ao regressar vimos um bus novo!

Eu bem disse que o Verão seria em Setembro!



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Enciclopédia

Nesta profissão temos mesmo que saber de tudo, em 4 dias com o mesmo grupo tive perguntas desde:
 - quanto custa um saco de milho?

até

- quando é que o casamento monogâmico ficou oficial?


Surpresas!

Onde será que fica esta rua com tanques de lavar roupa ao lado de cada porta de casa?


As maravilhas que se descobrem a pé!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

História da Cláudia Brandão - "caca"

Mesmo depois de desligar o telefone não conseguia parar de rir.
A Cláudia ligou-me: "Cátia tens que escrever esta história no teu blog." e ria e ria e ria:

Era um vez uma guia chamada Cláudia que acompanhava um grupo de italianos a caminho do norte de Portugal. Chegados à área de serviço de Antuã efectuaram uma paragem de descanso. 
Enquanto aguardava o regresso do grupo à hora combinada, uma senhora do grupo aproximara-se da Cláudia levando na mão algo que de longe pareciam ser bolinhas brancas.
("pensei logo nos teus franceses ou alemães a levarem-te folhinhas e sementes para lhes dizeres o que são", disse-me ela interrompendo a pequena história)
A senhora chamou-a, estendeu a mão mostrando as bolas brancas e perguntou: " Claudia? que fruto é este?"

E a Cláudia estupefacta, conseguindo apenas dar-lhe uma leve "palmada" na mão para fazer as bolinhas caírem o mais depressa possível, respondeu: 
                                                               "Caca signora, caca!!!!!"

ps - este post vai sem ilustração...