sábado, 29 de dezembro de 2012

Cortiça na NBA

Portugal é o primeiro produtor de cortiça do mundo, produzimos mais de 50% da cortiça do mundo inteiro.
O sobreiro, única árvore que não morre ao lhe retirarem a casca do tronco, dá-nos um legado infindável.
Muitos são os objectos criados nos últimos anos com este material, das velhinhas tolhas, aos postais, passando por aventais e guarda-chuvas ou mesmo gravatas.

Este mês, a NBA, para comemorar o primeiro campeonato de LeBron James decidiu fazer uma edição de calçado especial - LeBron X Cork


Vamos preservar o que é nosso e expandir mais e mais e mais?

domingo, 23 de dezembro de 2012

E chegou a árvore de Natal

A tradição do Pai Natal e da árvore de Natal foi trazida para Portugal por D. Fernando II, por volta de 1850. 
O rei-consorte, impelido pela nostalgia da sua infância passada em terras germânicas, fez um dia uma árvore de Natal para os sete filhos que tinha com a rainha D. Maria II e distribuiu presentes vestido de São Nicolau. 
A tradição germânica comemorava o Natal com um pinheiro decorado com velas, bolas e frutos.



(via ezimut.com e Maria João)

Feliz Natal a todos :)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Fecha-se uma porta... abre-se uma janela

Para todos aqueles que viajam:
“The real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes but in having new eyes.”
Marcel Proust
Viajar não é apenas a deslocação física, é a deslocação mental, interior, é a aprendizagem que advém de esbarrarmos com novos espaços, pessoas, culturas, cheiros, sabores, credos e vontades. É aprender. Com os nossos olhos e os olhos dos outros para que finalmente possamos viver em harmonia.
Respeito.
É o fim de uma era, comecem esta com a verdadeira vontade do "Bem".


(obrigada Meryem pela frase :) )

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Fénix renascida

O número 50 da rua Garrett reabre, já não como ourivesaria Aliança, mas como a Tous, uma joalharia espanhola.
Temia-se o que iria acontecer com este marco do Chiado, mas o seu interior e exterior foram bem preservados: fachada, frescos, mobília.
A história deste local começou em 1909, quando a ourivesaria abriu como filial da casa-mãe no Porto. Decorada ao estilo Luís XV com frescos pintados por Artur Alves Cardoso e a bela fachada em ferro de 1939, obra de Oliveira Ferreira.
Além da venda de jóias, aqui existiu uma oficina de onde saíram obras que foram reconhecidas com prémios, como por exemplo o sacrário da Igreja dos Congregados no Porto.
Na altura do começo da II Guerra Mundial houve uma ampliação da loja, cuja inauguração foi mesmo presidida por Oscar Carmona.

Antes era assim:


Agora ficou assim:


Mesmo que não possa adquirir nada, passeie, entre e conheça o património da sua cidade, do seu país.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Anos 80

Momentos para não esquecer:

enquanto aguardavamos que a festa terminasse para trazer o grupo são e salvo de volta ao hotel, decidimos brincar também um bocadinho.
Algumas colegas já tinham regressado com os seus autocarros, a noite já ía alta e nós clicamos uma foto para a posteridade:

 - a louca festa do anos 80


é bom poder trabalhar com este espírito!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A pergunta da praxe

Após terminar o tour pergunta-me uma senhora:
"O meu marido gostaria de saber qual é a sua verdadeira profissão."
Ao que respondo:
- " Sou Guia Intérprete Nacional, esta é a minha profissão."
E eles insistem:" mas não a tempo inteiro?" Acrescentando: "Até porque teve que ir à Universidade para saber tudo isto que nos disse."

Pois é, em Portugal existe a formação universitária de Guia Intérprete Nacional.

"Os meus parabéns e desculpe, não sabia."

:)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O velho provérbio que diz:

"não se meter onde não se é chamado"!

O casal discutia porque ela queria ficar a tirar fotos e a aproveitar a cidade que não conhecia, ele porque queria ir embora dormir para o quarto.
Mais de 20 minutos em discussão e eu pensei, vou ajudar! 
Atenção que a discussão estava a ser a 4 passos da porta do autocarro.

Digo à senhora: "então deixe-o ir, assim a senhora aproveita como quer e sem o ter desanimado ao seu lado, até é mais agradável para si."
Responde ela: " o que ele quer sei eu muito bem."

Ops...

Alzheimer

Ontem deparei-me com mais duas situações de pessoas que vivem com esta doença. 
Infelizmente também já vivi com ela no meio familiar e hoje quero deixar o meu apreço pelas pessoas que cuidam com tanto carinho de quem sofre com esta doença. 
Há momento nessa doença em que se torna realmente impossível quase tirar a pessoa doente de casa, mas até chegar esse momento é muito valoroso tentar dar uma vida normal à pessoa doente, mesmo que ela tenha já "ataques" com maior frequência.

Nos meus primeiros anos de trabalho quando trabalhava com a Inatel houve um senhor que um dia saiu do hotel sem a esposa reparar e só o encontramos 2 dias depois numa paragem de autocarro. Nesse dia pensei tanto na dureza da vida. Quando andavamos todos à procura do senhor muita gente perguntava: porque viajam estas pessoas? 
Porque elas têm momentos bons e quando estão bem, mesmo que depois esqueçam, viveram momentos bem e perto daqueles de quem amam. 

Ontem aconteceu igual. O marido levantou-se para pagar o café e a esposa nesse intervalo entrou no autocarro e voltou para o barco. Ele sem saber ao voltar à mesa e a não vê-la entrou em pânico. Na altura eu não sabia que a senhora sofria de Alzheimer, portanto ela chegou ao autocarro, entrou e foi. Ao chegar ao navio lembrou-se do marido e aflita avisou a colega que estava no cais que talvez o marido estivesse à procura dela. Entretanto o marido já com ajuda dos empregados do café e de pessoas que estavam na esplanada lembraram-se vir ao autocarro. E num momento todas as informações chegaram ao mesmo tempo. Eu recebo uma chamada a avisar da situação e que se aparecesse um senhor à procura da esposa ela já estava no barco, e uns portugueses contam-me toda a história. Disse logo que a senhora estava bem e no sítio certo. O senhor chorou e agradeceu a todos. Foi tão bom ver como toda a gente se preocupara. Imaginem uma senhora estrangeira perdida em Lisboa? Com Alzheimer?
Porque viajaram? Disse ele: "Quando ela está bem fica tão feliz de passear, não posso não lhe dar esses pequenos prazeres"

E igual foi a frase de um casal horas mais tarde. Neste caso era o senhor que tinha Alzheimer. Dirigiam-se ao autocarro a sorrirem e a conversarem, lembro porque gostei de ver o carinho entre os dois, reparei neles a uma certa distância. Chegou à porta, a senhora procura o bilhete, vira-se para o marido e diz-lhe para subir as escadas. Nesse mesmo instante ele parou. É essa a rapidez desta doença cruel.
Ele bloqueou e não quis subir as escadas. Começou a respirar de forma ofegante e a querer sair dali.
A expressão na cara da senhora foi de uma tristeza súbita. Ele foi ficando mais nervoso, as pessoas olhavam. Reagi. Pedi para entrarem pela porta detrás e disse à senhora: "tem tempo, não se enerve, se for preciso ande um pouco com ele, há mais autocarros". Ela sorriu e juntas conseguimos falar com ele e acalmá-lo.

O olhar de agradecimento não esquecerei.

É difícil e pode ser muito perigoso viajar com pessoas assim, mas o prazer de ainda poderem viver momentos bons é muito compreensível.

Quentinhas

Das coisas boas desta profissão é poder recordar gestos de gentileza e partilhas.
Domingo tive outra função que os Guias Intérpretes também exercem: coordenar shuttle, ou seja, os turistas do navio atracado aqui em Lisboa tinham um serviço à sua disposição de transporte do Cais para o Centro da cidade. A minha função era gerir os horários desse mesmo shuttle, vender bilhetes, controlar entrada nos autocarros e gerir os horários dos motoristas. 
Começamos às 08h30 e terminamos perto das 18h00.
Ontem fez frio, muito frio, muito frio mesmo.
Estive todas essas horas em pé, tirando uns 45 minutos para almoço. Carregada com bilhetes, placas e listas. Fui deixando de sentir os dedos das mãos e dos pés. Os motoristas tentavam chegar mais cedo para que eu pudesse entrar no autocarro e aquecer-me um pouco, mas nem sempre dava.
No fim do dia acho que estava roxa!

Os alentos do dia foram as histórias de vida que as pessoas conseguem contar em 10 minutos de espera de um autocarro e as castanhas que íam oferecendo. Neste Domingo de Inverno, de início de época natalícia, uma grande parte deles quis provar as castanhas assadas portuguesas e foi tão bom poder tirar uma aqui e outra acoli enquanto se conversava um pouco, ora em italiano, em espanhol, em português, francês ou alemão! Sim, porque num shuttle fala-se de tudo, mesmo aquilo que não se sabe falar!