quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Andorinha dos beirais


A andorinha é um pequeno animal de 13 a 15cm de comprimento que pode viver até 8 anos. É uma ave resistente e com óptima orientação, ágil no seu vôo. Todos os anos a andorinha chega à Europa anunciando consigo a chegada do tempo quente. Ela chega de África, por vezes percorrendo 20 000Km, voltando para o local onde nasceu. Aí reconstrói o seu ninho. Nesse beiral que tão bem conhece.
A andorinha é vista como a mensageira da Primavera, símbolo do eterno retorno e da ressurreição, da fecundidade e da renovação.
Ver os bandos de andorinhas é algo que caracteriza o céu português. Vê-las depois atarefadas a construir os seus ninhos, a marcarem as varandas, fachadas e chaminés brancas, faz-nos sorrir.
Rafael Bordalo Pinheiro imortalizou-a numa das suas figuras de cerâmica. O modelo conhecido mais antigo, data de 1891. A partir de então, quando elas partiam podia-se matar as saudades e colocar as de cerâmica na fachada da casa. Como se assim se mantivesse o calor que ela anuncia!
Esses trabalhos de cerâmica foram um sucesso, depois com o passar do tempo tornaram-se esquecidas, ou mesmo símbolos de um artesanato menor,criticado pelos tempos modernos. No entanto, a correria da modernidade levou o ser humano a voltar a gostar do tempo perdido! E abraçou-se novamente a andorinha que "a avó tinha por cima da chaminé da cozinha".
A Fábrica de Faiança Artística Bordalo Pinheiro voltou a produzir mais e mais e outros modelos invadiram o mercado.

"Uma andorinha não faz a primavera", mas como dizem que 2012 será um ano difícil... deixo-vos algo que anuncia calor, alegria, vivacidade, felicidade. Está em cada um de nós construir um caminho bom.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Horários


Frequentemente perguntam-me como é afinal o meu horário.
Um Guia-Intérprete não tem horários. Trabalha a qualquer dia da semana, a qualquer hora. Por vezes em época baixa podemos ficar um mês ou dois em casa. E depois na época alta trabalhar dois de seguida, mas todos os dias, todos, sem intervalos, sem feriados ou fins de semana.
Tanto podemos começar pela manhã e terminar na hora do almoço, como terminar às duas da madrugada. Ou fazer um único transfer às cinco da madrugada! Não existe um horário fixo, porque tudo depende do programa do grupo.
Mas existe a seguinte "regulamentação":
Meio-dia: 4 horas
Dia-inteiro: 8 horas
Nocturna: 4 horas
Transfer: 2 horas

Isto é o base, porque depois há serviços que são cobrados com mais horas ou com valores diferentes, dependendo da natureza do mesmo: circuitos, desk de hotel, assistência no aeroporto, panorâmica...

Uma nocturna consiste em acompanhar um grupo durante o jantar, o que pode incluir ou não uma visita panorâmica da cidade.
Um transfer refere-se a dar apoio, assistência, a um grupo que se desloca de um ponto ao outro. Normalmente com explicações de natureza prática e não cultural. Ex: acompanhar um grupo do aeroporto ao hotel, ou do hotel a um centro de congressos.

Mas também este horário raramente se cumpre: normalmente o transfer dura um pouco menos, mas todos os outros serviços acabam por durar um pouco mais. Certamente dependendo de quanto mais, podemos ter as horas extras. Mas um Guia-Intérprete sabe que a visita que começa às 09h nunca termina às 13h em ponto. Se queremos combinar algo pessoal a seguir, temos que pelo menos pensar que meia hora mais fará ainda parte desse dia de trabalho. Há sempre atrasos ao longo do tour e no fim há sempre alguém que quer falar um pouco mais.

E todas esses serviços acontecem às horas mais díspares possíveis. Já tive transfers às 04h00 e só e apenas só isso num dia. Como já comecei às 08h00 para um dia inteiro seguido de nocturna, sem parar. Como já fiquei no aeroporto das 06h00 às 01h00, como já tive nocturnas que começam às 17h00 ou às 21h00. Tudo depende do programa desenhado.

Combinar coisas? É um quebra-cabeças que depois se torna rotineiro. E cada Guia-Intérprete arranja a sua estratégia para o fazer e os amigos e família com o tempo também aprendem a reagir e a saber o que esperar de nós!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O dia em que comi 4 pastéis de Belém de seguida!


Nunca tinha comido mais de dois! E nesse dia com a diversão do grupo e sobretudo a simpatia deste casal aceitei o desafio e comi quatro pastéis de Belém de seguida.

Há pessoas que é realmente um prazer conhecer na vida, esbarrar com elas, nem que seja por uns dias, umas horas.
Este é daqueles grupos que não esquecemos. Eram 8 no total e chegaram a Portugal de caravana desde a Alemanha. Percorreram o nosso país de norte a sul e em Lisboa estive com eles 3 dias. Eram pessoas interessadas, curiosas e com muitas histórias para partilhar. Tinham também o lado mais descontraído (que por vezes é difícil encontrar nos alemães) e adoraram os pastéis de Belém (algo que também chega a ser raro nos alemães, pelo menos da experiência que tenho com os meus grupos. Acham-nos doces demais!)
A senhora da foto veio com o marido e ouvir a sua história de vida foi... relembrar-me a vontade que tenho em acreditar no ser humano.

Teve que trabalhar desde cedo para ajudar a família.
Conheceu o marido ainda nova, "mesmo novinha", dizia-me ela. Apaixonaram-se e não conseguiram largar-se desde então. Também ele trabalhava desde bem novo, para ajudar o pai. Decidiram casar, mesmo sem terem dinheiro. Passado um ano esperavam o primeiro filho, ano depois a segunda. Os tempos eram difíceis na Alemanha, mas não baixaram os braços. Os primeiros anos de vida desta família foi... numa caravana. Que venderam muitos anos depois "com alguma tristeza à mistura". Dizia com o olho a brilhar que os filhos adoram viajar assim, em caravanas! certamente devido aos anos em que viveram os 4 numa pequena caravana. Mas essa caravana foi quem formou o carácter da família, foi quem os ensinou o que é respeitar, amar, ajudar. O espírito de união que não se quebrou. Recordava a sorrir como era fazer a "lida da casa", como era brincar com as crianças, como era nada ter e tudo conseguir dar, que não é preciso dar um ipad a uma criança para que esta seja feliz! Lembrava-se do marido a chegar muito cansado das horas de trabalho numa fábrica, mas que encontrava o tempo para viver a família. E ele sorria a reforçar a ideia de que era essa imagem da mulher e dos filhos, em casa, da comida simples na mesa simples que o fazia viver e descansar. Lembraram-se dos banhos, de como muitas vezes a água estava fria!
A certo ponto, a vida melhorou, o marido subiu de cargo, ela arranjou mais trabalho e conseguiram adquirir uma casa.
Actualmente os filhos já têm filhos. E a mãe do marido desta senhora ainda está viva, quando regressassem à Alemanha iriam festejar os 89 anos da sogra, que tem Alzheimer e não sabe quem é nem onde está! Mas, "aproveitar o tempo com ela, sabe, vive conosco, não a podiamos deixar só. Criamos todo um espaço para que ela se sinta bem e adaptado às suas necessidades. E toda a família ajuda a cuidar dela. A família é o melhor e maior bem que temos e é esse amor que nos faz viver." Nisto veio uma rajada de vento frio e ela lembrou-se "sabe o meu neto quer acampar com os amigos na Suécia em pleno Inverno! Não sei como consegue, isso sim é frio, nem sei como se aquece. Mas... temos que o deixar ir não é? Viver as suas experiências na idade certa. Sentir a vida e o mundo. E é um menino responsável!"
Quando me despedi do grupo, despedi-me com pena. Aquela pena de horas boas partilhadas e não saber como será a próxima pessoa que vamos encontrar, de não saber como será a aproximação, a entrega, a vontade do próximo grupo. E este fora tão bom.
Mas, ao longo destes 10 anos de profissão já aprendi um pouquinho, sim, pouquinho, a proteger-me destes momentos: guardar as palavras e sorrisos destas pessoas, sentir que ajudam a acreditar um pouco mais no mundo, sentir que me dizem que ainda há salvação para o ser humano e que há pessoas que amam mesmo, que se unem mesmo, que estão mesmo presentes, que entendem que a simplicidade é tudo, que basta mesmo tão pouco para sermos felizes e para respeitarmo-nos mesmo uns aos outros, evitando dores.
"Problemas temos todos, momentos tristes e de profunda dor há em todas as vidas, precisamos é saber criar o canto onde saramos e protegê-lo sempre, sem o abandonar. Sem baixar braços, mesmo quando estamos cansados. Hoje deixa-se tudo, num rompante. E no medo de achar que na esquina está melhor, esquecemos dos que nos abraçam já há tanto tempo."
Certamente a vida deles não é perfeita, certamente há dor e há discussões, há choros, mas parece-me que encontraram um equilíbrio e um respeito em manter o amor e a simplicidade da vida. Entre o pensar demasiado só em nós ou demasiado só nos outros.

Hoje abri o email e tinha esta foto entre outras. Sorrio e relembro-me da caravana deste casal, coberta de autocolantes de todos os sítios por onde já tinham passado! Relembro o sorriso dela a dizer-me adeus e o seu abraço apertado.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Truz Truz: prendinha


Um guia-intérprete não tem como sua única função as visitas guiadas. Como somos na verdade a figura presente de todo um programa planeado durante meses, acabamos por ter contacto com todas as outras áreas: restauração, aeroporto, hotéis, actividades, polícia, hospitais... e vamos observando, aprendendo até acabarmos por executar funções que à partida não se pensa que um guia as faz.

Por exemplo: entrega de prendas nos quartos.

A maior parte das vezes são os grupos de incentivos que têm este serviço, porque a empresa quer premiar ainda mais o seu trabalhador e oferece-lhe algo que é colocado no seu quarto enquanto o grupo está em alguma actividade fora do hotel. Assim, quando a pessoa regressa, abre a porta e vê em cima da cama ou da mesinha de cabeceira uma pequena surpresa!
E foi essa a minha função neste grupo. Enquanto as minhas colegas estavam com eles nas visitas ou jantares, lá ía eu - qual agente secreta! - colocar as prendinhas nos quartos.

Recebi a lista de quartos - 118!!!! E o mapa com a distribuição por dia: que prenda entregar em cada dia. Preparei cada prenda (o tag, o embrulho) e junto com o bagageiro do hotel fui de quarto em quarto bater às portas e deixar a surpresa!
Durante essas longas horas (2 horas para preparar e 2 horas para entregar) fiquei a saber mais da vida de um bagageiro e de um hotel. Daria um outro blog certamente.

Sapatos confortáveis é o material obrigatório. Tenho pena de não ter um medidor de passos, porque certamente fizemos quilómetros naqueles corredores. Depois: força de braços! Ainda bem que não era eu sózinha a empurrar o carrinho! E encontrar soluções estratégicas para não ter que ir abastecer o carro muitas vezes e abrir o máximo de portas possível, pois só o bagageiro tinha a masterkey e a autorização para abrir as portas!
E tudo tem um ritual: nos primeiros andares não deveriamos utilizar os elevadores dos hóspedes, mas os de serviço!
Ao chegar aos pisos onde já poderiamos utilizar os elevadores dos hóspedes, caso estivesse alguém no elevador não poderiamos entrar com o carrinho e deveriamos esperar outro elevador.
Antes de entrar no quarto deveriamos tocar à campainha e depois bater na porta, só então depois entrar! Ah e prestar atenção aos avisos de Do not disturb!
O maior erro é entrar num quarto que tenha colocado - Não incomodar! Se a pessoa estiver lá dentro... parece que pode fazer mesmo uma boa reclamação. Se não, entrar e incomodar é apenas um acidente de percurso!
E se houve 2 acidentes de percurso!!! Ou 3!
1 - Lá íamos nós, vê lista, recolhe a prenda, toca a campainha, bate à porta, conversa para ajudar a passar o tempo, abre a porta e ops: quarto escuro, um casal, um corpo a saltar de cima do outro, uma voz mais alta a dizer "quem vem lá" e nós a fecharmos a porta o mais depressa possível e a pedir desculpa! Aiiiii
2 - O mesmo ritual, abre-se a porta e... um homem nu passa da porta da casa de banho para o quarto, o bagagero fechou a porta o mais depressa possível, eu fugi da porta principal para que o senhor não fica-se embaraçado ao ver uma mulher e mais uma vez um pedido de desculpas aceite! Não tinhamos mesmo culpa. Sem avisos na porta, sem respostas, pensando que estão todos no tour, fazemos a função que nos pediram!!! Aiiii (dizia o bagageiro depois "nu até ao pescoço menina!!!eheheheh)
3 - Tudo se repete, silêncio total, entro pelo quarto. Este era um dos maiores, ou seja, a cama não se via logo da entrada. Quando aproximo-me quase gritei: a senhora dormia profundamente. Mas mesmo profundamente. Deixei a prendinha na mesma!

E nessas horas ouvi as histórias de bagageiros, empregadas de limpeza, empregados dos bares, porteiros, tudo vidas cheias de vidas! Realmente em cada profissão arranjamos as nossas defesas, truques e passamos por momentos difíceis e momentos de alegria.

Confesso que fiquei com uma noção maior da quantidade de pessoas que podem entrar no nosso quarto de hotel e que realmente podemos confiar, mas que também devemos proteger-nos se tivermos connosco objectos importantes.
Confesso que diverti-me, mas que a ideia de entrar num espaço onde a outra pessoa não sabe que tal iria acontecer é estranho. Entrar num quarto que não me "pertence", cheio de objectos que não são meus para deixar algo é quase como invasão de privacidade. Acreditem que vemos coisas que não queriamos ver!!!
(pior teria sido se as prendas entregues fossem roupa! Dividir tamanhos é o mais difícil, sobretudo porque nunca chegam nas quantidades certas e temos que inventar desculpas para deixar um M em vez de um S imaginando que a pessoa conhece alguém maior a quem quer dar aquela sweat que estamos a deixar!)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Rebuçados de Ovo de Portalegre


Juntam-se as gemas de ovo e o açúcar. Com a mistura fazem-se pequenas bolas que se envolvem em açúcar em pó. Prepara-se uma calda de açúcar até atingir o ponto de rebuçado e mergulham-se nela as bolas, até que o preparado arrefeça. Depois embrulham-se em papel de seda. Água na boca?

A doçaria portuguesa tem na maioria das vezes, o ovo como ingrediente principal e estes rebuçados não são a excepção à regra. Descobri-os há muito pouco tempo.
As suas origens remontam ao séc. XVIII ao momento em que as freiras do Convento de Santa Clara em Portalegre, decidiram que era preciso encontrar uma utilidade para as gemas que sobravam dos ovos empregues na confecção das hóstias. O que sucedeu em muitos conventos, e daí tantos doces terem por base o ovo (e os frades serem tão gordinhos!!!).
Estes rebuçados destacam-se porque são os mais fiéis às receitas mais antigas.
A principal preocupação foi o respeito pelo modo de fabrico tradicional mas também conseguir-se o alargamento do prazo de validade do produto sem ter que acrescentar outros ingredientes para além dos que constam na receita original.
Assim o rebuçado tem um período de validade de um mês.
E agora através de loja gourmet e restaurantes chega a todos os pontos do país e além fronteiras.

Deixo-vos o site: www.rebucado.com - empresa Sabores Santa Clara lançou o Rebuçado de Ovo de Portalegre, o primeiro produto da marca Fábrica do Rebuçado - vão lá descobrir mais!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

"Mars" não é só um planeta


Quando uma empresa decide organizar uma viagem para os seus trabalhadores contacta uma agência de turismo do seu país para tratar de tudo. Essa agência, por sua vez, contrata uma agência de turismo do destino escolhido (chamada a agência local), que por sua vez contrata a empresa de autocarros, os restaurantes, os guias e todas as outras actividades escolhidas. Essa empresa que pediu a viagem é chamada na gíria de turismo - o cliente final.
O guia quando vai trabalhar está na verdade a trabalhar para 3 entidades diferentes: a agência local, a agência estrangeira (cliente da anterior) e a empresa (cliente final). O nosso papel é satisfazer na verdade todos, mas acima de tudo responder à agência local. Sempre que se levanta uma questão deve-se contactar o project manager da agência local e respeitar as suas decisões. Mas o cliente final é aquele que queremos que esteja sempre sorridente e feliz com todo o programa e responder no máximo possível às suas ideias!
Por norma as agências indicam-nos quem é o cliente final. Para "não metermos o pé na argola"!

Masterfoods - é uma empresa dos EUA que cresceu enormemente e tem representações no mundo inteiro e contém entre muitos outros, produtos como Uncle Bens, Whiskas, Balisto, Twix, M&Ms...
Há uns anos decidiram fazer a reunião anual em Portugal e ofereceram a todos os membros que vieram para essa reunião, uma visita de Lisboa seguida de jantar e discoteca.
Dentro do grupo havia um senhor que se destacava pelas constantes piadas, muitas delas mesmo no limiar da piada que por vezes deixa os outros um pouco desconfortáveis.
Após o jantar reuniu-se um pequeno grupo à sua volta e do representante da agência local a conversar (eu estava lá também). Passado uns minutos o tal senhor dirigiu-se a mim e perguntou-me: "I'm from Mars, where are you from?"
A expressão dele ao dizer esta frase era de extremo orgulho com aquele sorriso de quem está a brincar com a outra pessoa.
Tendo em conta o que tinha observado antes respondi-lhe: "I'm from Venus"
E nisto levo uma cotovelada do rapaz da agência e ouço muito baixinho - "Cátia ele é o presidente da Mars!!!"

Ops... tinham-se esquecido de indicar quem era o cliente final!

Ía morrendo! Pensamentos em catadupa - Masterfoods em Portugal, mas Mars a nível internacional! E eu tinha acabado de dizer uma piada ao Presidente e ao cliente final. Congelei. Pensei - pronto, nunca mais trabalho para esta agência!
Mas tive sorte, o senhor riu-se imenso, todos riram e ele chegou mesmo a dar-me os parabéns pela resposta. Não levou mesmo a mal. Inclusivé foi contar a praticamente todas as outras pessoas convidadas e ao longo da noite fui ouvindo as senhoras a dizerem-me: "Foste tu que lhe deste aquela resposta? Muito bem dada, diz isso a todas. Merecia que alguém finalmente lhe dissesse algo!"

Gostava de ter uma fotografia da minha expressão quando levo a cotovelada!