domingo, 31 de março de 2013

sábado, 30 de março de 2013

Um raio de sol e...

Hoje o sol espreitou e todos nós, desejosos de o sentir, saímos à rua.
No entanto cada um sentiu a temperatura de forma muito diferente:


O lisboeta ía pela calçada de casaco de inverno e cachecol.
Os alemães de manga curta e calção!


sexta-feira, 29 de março de 2013

Kasutera (castella) - Pão de ló

Quando os portugueses chegaram ao Japão a meio do séc XVI, levaram com eles a religião, objectos e hábitos alimentares.
Hábitos que ainda hoje perduram e que se misturaram com a gastronomia japonesa, como por exemplo a tempura, o pão, os fios de ovos, a castella...
A castella, que nós conhecemos como o pão de ló, era considerado um produto de luxo, pois o acúçar era muito caro, na altura, no Japão.
Em 1571 foi fundada a cidade de Nagasaki para servir de ponto comercial com os ocidentais. Devido à forte presença portuguesa, apareceram aí inúmeras casas onde se fabricava a Castella. Algumas dessas casas encontram-se ainda abertas, sendo consideradas dos melhores locais para degustá-la.
A origem do nome - Kasutera, que pronunciamos castella -  é uma incógnita e existem várias teorias para tal, sendo a mais famosa a de que o nome vem do facto do bolo ser preparado com claras em castelo.
Ao longo do tempo a Castella foi sendo alterada e adaptada ao gosto japonês, tanto no paladar como na apresentação (por exemplo, hoje é vendida em caixas rectangulares), mas nunca esqueceram que a origem é portuguesa.
Nos casamentos há a tradição de se oferecer Castella.



A Castella são os quadradinhos do lado direito, aqui provamos a tradicional, mas têm também a opção de chá verde e chocolate. À esquerda estão os brioches recheados com manteiga e com feijão azuki.
Fica a dica para um chá em Lisboa, mesmo ali para os lados da Casa dos Bicos!
Deliciem-se

quarta-feira, 27 de março de 2013

Mas mora lá gente?

É a questão que ouço sempre que mostro esta casa, considerada a mais estreita de Lisboa.
Um dia ganho coragem e bato à porta para ver como é por dentro, pois sei que mora lá gente. Vejo a roupa pendurada muitas vezes.


E vocês, sabem onde é?

segunda-feira, 25 de março de 2013

A Família "Correio" é grande!

Numa grande parte dos países europeus, encontramos escrito na caixa do correio o nome da família que aí habita.
Em Portugal isso não acontece. Quanto muito está escrito a palavra Correio na caixa.

Certo dia, após a parte a pé do passeio de Lisboa, perguntou-me assim um senhor:
"A família Correio é muito importante em Portugal?"
Fiquei um pouco intrigada, porque não estava a conseguir lembrar-me de nada ligado com uma família Correio! Perguntei-lhe porque dizia isso, o que teria lido? onde? o que sabia? para tentar encontrar resposta à pergunta.
Ele explicou:

"Reparei que todas as portas têm o nome Correio! Deve ser uma família gigante!"

Ah pois deve!
eh eh eh


domingo, 24 de março de 2013

com sotaque

Um senhor falava assim ao telefone:

"show de bola, bom demais. Tá certo, é mesmo beleza pura!"

Tudo dito assim, de rajada, a elogiar algo que se passava do outro lado do telefone. 
Agora acrescentem o sotaque do Mato Grosso, aquele que enrola nos -rs. Amei!

Beleza pura, é muito lindo!


terça-feira, 19 de março de 2013

Carlos Relvas - conhecem?

Quando se fala na Golegã pensa-se imediatamente em cavalos, mas sabiam que essa cidade preserva um pequeno tesouro da nossa história que está ligado sobretudo ao mundo da fotografia? A Casa-Museu Carlos Relvas.

Carlos Relvas viveu na segunda metade do séc XIX, vindo de uma família abastada ligada à agricultura. No entanto não se restringiu a esse meio, este homem tinha vontade de saber e ainda mais de aplicar esse saber. Aprendeu línguas, sabia tocar piano, montar (não fosse filho da região!), adorava ciência e invenções e acima de tudo a fotografia - algo completamente novo na altura. Dono de vastos terrenos, tinha a sua casa onde hoje é a Câmara Municipal e até uma praça de touros privada (cujo dinheiro revertia para caridade), onde hoje se situa um hotel. 
A paixão da fotografia levou-o a construir um estúdio perto da sua casa e da praça de touros, por lá passava horas e dias!
Carlos Relvas considerou-se sempre um fotógrafo amador, pois não recebia dinheiro pelas fotografias, mas a verdade é que foi distinguido com prémios reconhecidos pelo mundo fora, dos Estados Unidos até França onde ganhou a medalha de ouro da fotografia na Exposição Universal de Paris em 1889! O Retrato era a modalidade que preferia, fotografou desde mendigos até à Família Real. 
No seu estúdio criava cenários riquíssimos e completos, mandava vir a mobília de Paris através de um catálogo. Deixou um acervo de cerca de 12000 fotografias! 
No estúdio tinha as salas de impressão, as câmaras escuras, todo o material necessário. O primeiro andar é talvez o que mais fascina: completamente envidraçado, apetrechado com um sistema de cortinas e roldanas para poder "brincar" com a luz (o flash e os reflectores de hoje em dia)!
Nesse espaço encontramos os primórdios do photoshop e do 3D!
Deixo-vos uma imagem do Estúdio, que mais tarde veio a ser a sua casa, mas para saberem mais desloquem-se até lá e aprendam com os guias do museu. Vale muito a pena.

E para aguçar ainda mais a curiosidade, Carlos Relvas inventou um colete salva-vidas de cortiça e um barco salva-vida que nunca virava, chamado o Sempre em Pé. 
E sabem quem era um dos seus filhos?
José Relvas, aquele imortalizado numa foto durante a implantação da República!



segunda-feira, 18 de março de 2013

"Os ocidentais são todos iguais"

Nós, ocidentais, temos por hábito dizer que os orientais são todos iguais e que não os conseguimos distinguir!
Não será o contrário também verdade? Reparem nestes dois exemplos:

- antes do evento acontecer, foi marcada uma reunião de staff da agência portuguesa com a agência chinesa. O objectivo era dar a conhecer o programa do grupo aos guias e apresentar todas as pessoas envolvidas na organização do evento. Eramos cerca de 10 guias, entre muito outro staff. Entrei, sentei-me na cadeira que me indicaram, coloquei a mala no chão e ao erguer a cabeça deparei-me com um telemóvel bem perto da minha cara. Ouvi - clic! Foi tão inesperado que fiquei um instante congelada naquela posição. 
Pensava, quem seria aquela pessoa e porque teria tirado a foto? De imediato o senhor perguntou-me o nome e escreveu no telemóvel.
É-nos então explicado, que as fotos foram tiradas, porque nós somos todos parecidos e assim eles não iriam cometer erros na nossa identificação.
Foi nítido o ar surpreso nas nossas expressões, mesmo que já tivessemos pensado nisso, viver-nos o momento é muito cómico!

- final de jantar de grupo, eu e mais três colegas aguardavamos junto à porta do edifício pela saída do grupo. Um dos senhores da comitiva chinesa dirigiu-se a nós a pedir informações de bares onde ir a seguir ao jantar. Da informação dos bares, passou a perguntas sobre monumentos e assuntos de Lisboa. Foram ainda uns largos minutos de conversa. O senhor decidiu voltar ao jantar e com medo de esquecer-se das dicas que lhe tinhamos dado, perguntou se estariamos ali quando saísse. Certamente que sim, respondemos. Passado um tempo, na hora do grupo sair e regressar ao autocarro, colocamo-nos nas nossas posições de forma a que o grupo percebesse o caminho que tinha de fazer até chegar ao autocarro. Embora já não estivessemos todas perto da porta, não ficamos muito longe.
O grupo começou a sair e a certo momento apareceu o senhor. Reparei que ele pára de caminhar e observa à sua volta. É evidente que procura alguém. E é evidente que não encontra, decide então, dirigir-se a mim:
"Não viu 4 senhoras que estavam ainda há pouco aqui à porta? Precisava falar com elas!"
"Somos nós, sir. Somos nós!"

(apesar da coincidência destas histórias ser com chineses, a verdade é que a segunda situação é muito recorrente. Os turistas têm muito mais dificuldade em memorizar o rosto do guia e do motorista, do que nós temos em memorizar 40 deles! Isso é algo que nunca consegui entender!)



domingo, 10 de março de 2013

Lisboa

" Digo:
"Lisboa"
Quando atravesso - vinda do sul - o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas -
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver "

 - Sophia de Mello Breyner Andresen


quarta-feira, 6 de março de 2013

Insistir por teimosia

Creio que nenhum Guia sabe explicar o porquê, mas na maioria das vezes, quando vamos  receber o grupo pela primeira vez, conseguimos identificá-lo ainda antes das pessoas nos fazerem aquele sinal que diz que são eles quem nós esperamos.

Um dia estava nas chegadas do aeroporto com o cartaz na mão à espera do grupo. O avião aterrou, passou a meia hora da praxe para surgirem os primeiros passageiros. Como esperava um grupo de 40 pessoas e respectivo tour leader, sabia que teria de esperar mais, pois normalmente em grupo, espera-se que todos recolham a bagagem e só depois sai-se. Passaram mais 20 minutos quando surgiu um grupo liderado por um  casal e a procurar uma placa. 
Como de costume movimentei logo a placa, porque apesar de estarmos mesmo ali na frente, muitas e muitas vezes as pessoas não nos vêem e nem lêem o que está escrito nas placas. 
Eles olharam, eu sorri, tinha a certeza que eram eles, mas nada. Nenhuma reacção de "sim, é esse o nosso nome". Pararam, o tal senhor percorreu com o olhar as placas todas, andou para a esquerda, para a direita. Eu e os colegas começamos a dizer os nomes dos nossos grupos, numa tentativa de ajudar. Mas não, ele dizia que não. 
Os 40 já bloqueavam a porta, o segurança teve que pedir para se dirigirem aos bancos e apenas um tentar solucionar a situação. 
Apesar do senhor ter dito que nenhum de nós seria  guia, eu fiquei mesmo com a sensação que eram eles e comentei com os colegas. Decidi, assim, ir ter com ele e perguntar se não seria eu a guia que estavam à espera, pois talvez eu tivesse a placa com um nome que eles não esperavam ver (por vezes nós temos a placa com o nome da agência e eles esperam ver o nome do grupo ou vice-versa e essa situação causa algumas confusões). Insisiti, disse o nome da agência, do grupo que me indicaram, inclusive disse o programa e o hotel.
O senhor dizia que não.
Voltei para o meu "posto" à espera que o grupo aparecesse, pois no entretanto o meu grupo não aparecia. Aguardei uma hora e meia. Nenhum grupo saía e o tal senhor com os 40 continuava também à espera.
Eu e os colegas comentavamos, já tinhamos a certeza que eles eram o meu grupo, mas se eu já tinha perguntado e explicado, não podia obrigá-los a ir comigo!
Passou mais meia hora, nada, mais 15 minutos, nada. Voltei ao senhor.
Desta vez tentei outra abordagem, perguntei o que iriam eles fazer e o que lhes tinham dito que iria acontecer quando chegassem ao aeroporto de Lisboa. A informação deles era exactamente igual à minha. Disse-lhe que provavelmente era eu, insisti no nome da agência, no programa, no hotel e no porque é que ele achava que não era eu.
Ele responde que não reconhecia o nome da agência, nem do grupo, portanto que seria uma coincidência.
Voltei ao recinto de espera dos grupos. Ninguém aparecia. Fui ao balcão de informação e disseram-me que já todas as malas tinham sido recolhidas. Liguei para a agência a explicar a situação. Pediram-me para aguardar mais um pouco que iriam contactar a agência estrangeira.

Vinte minutos depois o senhor vem na minha direcção:
"Afinal é você!"

Afinal ele foi verificar os papéis após receber uma chamada e não é que estava lá escrito o nome que eu tinha na placa?