segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Doces Havaianos


Houve um ano na minha vida de trabalho que foi recheado de grupos do Hawai.
Além de pessoas muito simpáticas, divertidas e sempre muito bem dispostas, adoram doces. Nunca entendi bem porquê, mas viajavam com sacos e sacos e sacos de doces: rebuçados, gomas, chocolates, sei lá!
Passavam o dia todo a partilhar o saco e a comer aqueles docinhos, muitos deles típicos de lá. E claro, o saco passava sempre pela guia e pelo motorista.
Lembro-me que um desses rebuçados era muito peculiar: o rebuçado além do papel em que está embrulhado parecia ter um outro branco a envolvê-lo também. Eles deram-me um desses e ao ver o tal papel comecei a tentar tirar.
E eles diziam: não, não, isso come-se.
Achei que brincavam comigo, que seria uma partida e hesitei continuando a tentar tirar o papel. O motorista ria, eles riam insistindo em que comesse o dito rebuçado. Acabei por desistir e experimentar... e não é que o "papel" comia-se mesmo?
Não encontro uma foto desses rebuçados, mas fica aqui uma imagem de um dos doces que enchiam esses sacos que recebiamos no final dos tours como um pequeno presente.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Traduzir os nomes de cidades e países - Cáquê

Creio que já todos um dia, num serão com amigos tiverão como tópico de conversa a tradução de nomes de cidades e países: porquê dizer nova iorque e não new york, porquê dizer lissabon e não lisboa.
Noto que uma grande maioria é contra a tradução dos nomes das cidades, defendem que é como traduzir um nome de pessoa. Mas a verdade é que não é bem assim.
Quando chegamos num país, cuja língua é totalmente desconhecida e com uma sonoridade muito diferente da nossa, acreditem que trazudir é essencial para memorizarmos onde estamos, onde queremos ir e onde fomos.
Lisboa foi a cidade que sempre traduzi (Lisbonne, Lisbon, Lissabon). Creio que há poucas mais em Portugal que se possam traduzir, mas não chegando a fazer tradução reparava que muitos colegas diziam por exemplo em francês Sintra com aquela entoação no A - Sintrá!
E perguntava-me se seria mesmo necessário.
Com o tempo vim a verificar que sim, porque o estrangeiro não habituado a determinado som não percebe a que local nos estamos a referir. E quando temos que combinar pontos de encontro ou programas, acreditem que fica mais fácil dizer com essa entoação do que insistir num quase nacionalismo!
A língua portuguesa é uma língua nasal, com sons fechados e com muitos sons de -s, -ch e -x, o que os confunde muito. Para não falar do -nh e -lh ou do ã!

Deixo-vos um exemplo de como pode ser difícil pronunciar uma cidade:
pouco tempo depois de começar a trabalhar, após uma visita de Lisboa um casal francês perguntou-me: comme est-ce qu'on fait pour aller à Cáquê! (era assim que soava o que eles diziam - cáquê).
Eu fiquei um pouco atrapalhada porque não estava a identificar o local!
Eles insitiam Cáquê, Cáquê. No intuito de descobrir que local seria perguntei se tinham ideia de onde se situaria, porque queriam ir lá, o que queriam visitar para ver se através dessas indicações descobria o local. Pois Cáquê não me soava a nada!
Mas ao fim de uns minutos descobrimos... Cascais!!!!!
E foi tão engraçada a reacção deles à sonoridade da palavra Cascais, a repetição do -s fascina-os. E a partir daí reparei como Cascais fascina quase todos os turistas. Não há um tour em que não diga no autocarro Cascais e que os 40 não repitam baixinho para eles, como que a memorizar - cassssssscaissssss (com o ênfase nos -s), é um som que dá-me sempre vontade de rir. Por segundos ouve-se apenas cascaisss cascaisss cascaisss.

Como também não esqueço um senhor português que me criticou veemente por ter traduzido o nome da Avenida da Liberdade.
Pergunto-me: se posso facilitar o tempo das pessoas numa cidade que não conhecem porque hei-de exigir que aprendam apenas o nome português. Digo-lhes por exemplo Liberty Avenue e sempre de seguida Liberdade (até porque se precisarem de ajuda será mais fácil tentar dizer em português), mas questionei o senhor se ele também dizia sempre Champs Elysées ou Campos Elísios ou Fifth Avenue e não Quinta Avenida.
E se pronuncia as cidades japonesas em japonês ou simplesmente München...
não será que diz Munique?

Onde?

"Cátia, não se esqueça de nos inscrever para a excursão da Aparecida!"
"Desculpe, de quem?"
"Da Aparecida, ir lá na Aparecida!"
fiquei intrigada, mas segundos depois
"Ah Fátima, o tour de Fátima! Sim, não esqueço"
"É isso, Fátima. Obrigada"

(ler com sotaque brasileiro)

Chalet da Condessa D'Edla - Sintra


Elise Hensler nasceu em 1836, origem suiça-alemã. Com 2 anos a sua família emigrou para Boston e desde cedo recebeu uma educação cuidada, orientada sobretudo para o canto. Completou a formação em Paris e em 1854 estreou-se no Scala de Milão. Cantora com sucesso viajou pela América e Europa, chegando a Portugal em 1859.
D Fernando conheceu-a e apaixonou-se, após uma recita na ópera de S. Carlos - "um Baile de Máscaras". Viajaram juntos e casaram em 1869, tendo-lhe o príncipe concedido o título de Condessa d´Edla.
juntos construiram este Chalet e o jardim envolvente - situa-se na extremidade ocidental do Parque da Pena, longe mas com vista sobre o Palácio, junto a um belo conjunto de blocos de granito e com vista para o mar.

Durante anos esteve abandonada, mas finalmente está a ser restaurado. O exterior está lindíssimo, algumas salas no interior continuam em trabalhos de renovação.
Mas vale a pena a visita, apesar de não terminado.
Aproximarmo-nos daquela casa é quase como viajar no tempo, físico e emocional. Creio na mente surgem histórias, pessoais e as que nos contavam em criança.
E acredito que Elise achava que tinha encontrado o príncipe encantado.

(na foto ficou a minha mamãe eheh)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Torresmos para o Petit - Benfica olé Benfica!


Ontem assisti a mais um jogo de futebol do Benfica.
Observava os adeptos: a alegria logo nos primeiros minutos, os nervos pouco depois, a ansiedade e por fim um certo descanso - o empate servia!
Sorri, porque pensei nos guias que acompanhavam esses benfiquistas.

Há uns anos atrás comecei a trabalhar no meio do "turismo de futebol", ou seja, acompanhar grupos de adeptos que seguem o seu clube para todos os cantos do mundo. E é todo um novo mundo. O motivo da viagem é apenas um: ver o seu clube jogar e trazer uma vitória para casa.
As primeiras viagens que fiz foi sempre a acompanhar o Benfica (anos mais tarde, a seleção - e o ambiente é outro).
Esses dias começavam cedo, muito cedo.Nos dias de jogo saem vários charters de Portugal em direção à cidade da equipa adversária. Cada guia fica responsável por um vôo (cerca de 200 a 300 pessoas) e gere uma equipa constituída por leaders (normalmente jovens que pensam que têm a sorte de ir ver o jogo e que não existe nenhuma responsabilidade, até estarem em campo!) que são por sua vez responsáveis pelo seu grupo (40 a 50 pessoas).
Por volta das 05h da manhã já estavamos todos no aeroporto para a reunião de equipa: distribuia-se fardas, mapas, programas, brindes a entregar aos adeptos. O primeiro passo é o check-in e a aventura começa:
muitos adeptos viajam com os filhos e esquecem que sendo estes menores é necessário a autorização dos pais para que a criança possa sair do país - custava ver a carinha da criança que tinha que ficar em terra! Sim, porque o pai vai!
Outros adeptos julgavam que o cartão de identificação pedido seria o cartão de sócio de Benfica!!! E lá vinha um familiar a voar na estrada para entregar o BI ou o passaporte!
Outros deixavam os bilhetes em casa e outros ainda pensavam que viajar de avião seria como viajar de autocarro: há sempre espaço para mais um, e assim vinha o amigo ou o primo na esperança de conseguir viajar também!

Ao chegar ao destino normalmente o programa incluía um pouco de tempo livre para um pequeno passeio e refeição, seguido da ida para o estádio (isto quando não havia atrasos e tinhamos que fazer a viagem directa ao estádio e correr com as 300 pessoas atrás de nós para as sentar a tempo de verem o jogo!).
Entravamos então em autocarros e cada leader teria que falar um pouco da cidade, ajudar na orientação e muito importante passar a mensagem correcta das horas e local de encontro. E aí podia ir almoçar.
Qual não foi a minha surpresa quando vi que um grande número deles trazia comida de Lisboa. Parece que viajar em charters específicos para estes eventos torna todo o sistema de segurança muito mais flexível. Nunca irei esquecer o casal nos seus 70 anos que se sentou logo ali ao lado do autocarro, abriu as caixas plástico e começou a comer uma feijoada, porque "menina a comida desta gente não é nada boa. Não há como a comida portuguesa e eu sou um homem de alimento. Agora comer essas porcarias!!!!"

Seguiamos então depois para o estádio. O ambiente até aqui é bem divertido. Todos estão com a certeza de que voltarão a sorrir e com histórias para contar aos amigos, sobretudo a ideia de que estiveram ali, naquele estádio, noutra cidade, no dia que o Clube ganhou!
Antes de entrarem no estádio é o momento crítico de chamar a atenção para que não esqueçam onde está o autocarro, porque após o jogo regressam sozinhos e provavelmente será já de noite e os caminhos parecem outros!
Sim, a maior parte das vezes, nós os guias e leader não vemos os jogos no estádio.
E nesse momento temos que lidar com uma certa desilusão dos jovens que achavam que vinham também a passeio!
Quantos tive que ir buscar a pubs porque não estavam no local de trabalho na hora requerida. Quantos tive que tentar fazer sorrir porque o que mais queriam era ver o jogo e lá estavamos nós no meio do nada sem TV sequer. Quantos apareceram apenas no aeroporto e tive eu que gerir 2 ou 3 autocarros!

O final da partida: vitória! O ambiente é extraordinário, as pessoas sorriem, cantam, dançam, abraçam-se, estão felizes. Alguns felizes de mais, se me entendem! O único problema nessa altura é a torcida adversária.
Lembro-me do dia em Barcelona quando o autocarro foi apedrejado. Tremi de medo, tivemos que nos baixar para proteger caso os vidros partissem. É verdadeiramente assustador ouvir as pedras no metal, sentir o balanço do veículo, ouvir as vozes de raiva! E eu só pensava - isto é apenas um jogo!
No caso de derrota - são expressões cabisbaixas, palavrões a voar, um ou outro que ainda tentou agredir alguém e silêncios, silêncios aterradores. O sono torna-se mais presente e a vontade de chegar a casa é muita.

Aterramos, e são quase 04h da manhã. Pois é... 24 horas de trabalho.
Mas há sempre sorrisos e abraços e agradecimentos e cachecóis que nos colocam ao pescoço. Eu até sou do Benfica, mas se não fosse, guardava com o mesmo carinho.

Ah!... num desses vôos de regresso acabei por adormecer de cansaço e lembro-me de acordar com um cheiro que se tornava insuportável: o Barbas oferecia queijos e torresmo ao Petit!!!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Sabedoria

"vocês guias precisam ter muita paciência, não é?" - França

(ai se é! ihihih)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"Olhe que fica frio!"


Ainda sobre o assunto das refeições, lembrei-me de um pequeno episódio que me deixou a sorrir.

Supervisionar uma refeição por vezes não é tarefa fácil. No último momento alguns clientes lembram-se que são vegetarianos ou alérgicos a algo e outros que eram vegetarianos já não são mais! Porque para muitos o aspecto do prato vale mais que as suas "dietas"!
Num jantar de grupo o menu é, por norma, previamente escolhido para facilitar o andamento da refeição. Imaginem 50 pessoas a pedirem à carta na hora! Ou 150! ou 400!
Por isso, à priori coloca-se a questão das dietas e alergias. Mas quando o prato chega e tem um aspecto delicioso e sabe ainda melhor, muitos esquecem as suas opções e isso... baralha um pouco o decorrer da refeição. Porque no último momento é preciso fazer um prato de peixe, ou de carne, ou sem glúten, ou vegetariano e ser possível atender a essas mudanças dependerá da cozinha e sobretudo do chef. Mas, normalmente, tudo se resolve.
No entanto, quando as alterações são quase um excesso, nem sempre é fácil!
Certa noite tive um grupo de 20 pessoas, não muitas! Mas essas 20 pessoas trocaram tudo o que estava pedido. Os de carne passaram a peixe, os de peixe afinal eram vegetarianos, outros não queriam arroz, a sobremesa gerou outra confusão. Foi um não parar de ir à mesa ajudá-los, verificar se a comida já tinha sido servida e mais ainda controlar as bebidas, cuja diversidade tornou-se tão grande quanto a da comida.
Com tudo isto, o meu bife foi-me colocado na mesa e eu... mal parei nela.
Entre ajudar os clientes e falar com a agência o tempo era pouco para a minha refeição. Avisar a agência é essencial, pois por detrás de todas as alterações existe um mundo financeiro!Nada pode ser decidido ser autorização.
Quando finalmente consegui sentar-me tinha este recado deixado pelo empregado de mesa:
o Bife fica frio
junto com uma rosa!

Só podia sorrir não é?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Só para os enervar peça uma sobremesa!

Não consigo recordar qual é o filme, mas esta cena nunca saiu da minha memória: uma rapariga estava num restaurante a jantar sozinha e as pessoas das outras mesas observavam-na e comentavam porque estaria ela sozinha. A certa altura um senhor levanta-se, vai ter com ela e diz-lhe: "só para os enervar peça uma sobremesa!" e riem os dois.

Quando tenho almoços ou jantares com grupos lembro-me frequentemente desta cena.
Sei que não sou a única a sentir-me assim, que os meus colegas também pensam o mesmo: a hora da refeição tem muito que se lhe diga.
Por vezes é um momento em que apetece mesmo estar sozinho, porque é um momento de descanso. Deixamos de pensar numa língua que não é a nossa e podemos pensar noutros assuntos que não o trabalho.
Mas noutros momentos, é muito solitário!
Num tour com um grupo de turismo "normal" (entenda-se cultural), tanto podemos ser convidados a sentar-nos com o grupo, como termos uma mesa à parte, onde nos sentamos com o motorista e por vezes o tour leader.
Num grupo de incentivos, ficamos definitivamente numa mesa à parte e por norma sozinhos ou até vamos mesmo a outro restaurante e voltamos mais tarde para buscar o grupo.
Quando ficamos somos responsáveis pelo decorrer da refeição, ou seja, verificar que o menú foi o escolhido pelo cliente, verificar os pedidos especiais (alergias e dietas), se o tempo decorrido da refeição é aceitável, se têm bebidas, se foi servido quente,tudo.
Ao ficar com companhia o tempo passa mais depressa, mas quando ficamos sozinhos...
Por vezes é doloroso, sobretudo quando os jantares são longos (uma noite estive das 19h30 às 01h00 à espera que terminassem o jantar)

Certa vez fiquei bem no meio do restaurante (num daqueles restaurantes que escolhemos para celebrar uma ocasião especial?!), numa pequena mesa sozinha, rodeada de casais e famílias, sentindo-me completamente observada, sentindo aqueles olhares intrigados a ponderar porque estaria aquela menina ali sozinha tantas horas? (o meu grupo estava numa sala no andar de baixo, o que tornava a minha presença ainda mais intrigante. Pois quando o grupo está numas mesas ao lado, passado um pouco as pessoas percebem quem somos).
E aquela cena do filme não me saía da cabeça.
Eu olhava, sorria, comia, por vezes lia um pouco do livro que nestas situações nos salva vidas, aumentava o gasto dos sms do telemóvel e voltava a sorrir.
Nesta profissão aprender a estar numa refeição sozinho é essencial.

a sobremesa? comi-a :)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Agora o difícil vai ser escolher...

Para certos tipos de grupo as agências pedem-nos para vestir fato, de modo a estarmos o mais uniformizado possível e entregam-nos um lenço (ou no caso dos homens, uma gravata) de determinada cor para que os membros do grupo nos identifiquem mais facilmente.
São normalmente grupos ligados a congressos, com centenas de participantes, e esse adereço de cor específica lembra-os que somos as pessoas a quem podem vir pedir ajuda se necessitarem.
No entanto há sempre um problema associado ao lenço: como colocá-lo! Qual o nó certo? Como fazer esse nó?
Aqui está a solução!

domingo, 6 de novembro de 2011

Trabalho de Grupo



Trabalhar em grupo não é fácil.

Apesar de cada guia estar no seu autocarro, existe todo um programa que deve ser respeitado e executado de forma igual para o grupo todo. Para que todas as centenas de pessoas tenham o mais possível o mesmo tipo de experiência.

Em grupo temos que saber ouvir-nos para que possamos decidir em conjunto os temas a falar, os locais a parar, o tempo livre... E acima de tudo respeitar de tal forma o colega para colocar em prática tudo o que foi decidido em palavras e não criar situações de desigualdade. Ter a ombridade de, caso seja necessário mudar algo, conseguir avisar todos os outros colegas para que todos saibamos como agir e ninguém ficar em má situação perante o seu grupo, o cliente final e a agência.

Ter um bom grupo de colegas transforma os momentos difíceis em prazer, transforma as preocupações em leveza e faz-nos sorrir e ver o tempo a passar ainda mais depressa.

Hoje lembrei-me deste grupo de brasileiros, tão profícuo em histórias para contar! E como foi bom ter estas meninas para rir e desabafar. Obrigada


(claro que há mais meninas e meninos ;) )

Repetir e repetir e repetir e repetir e repetir e

Não sei se já viram aquele filme que tem como personagem principal uma guia-intérprete na Grécia? Não é que o filme seja uma obra-prima, mas tem momentos que só vivendo esta profissão é que podemos mesmo deliciar-nos com eles e rir à gargalhada.
Um desses momentos é quando ela repete umas 3 vezes que podem deixar os casacos no autocarro.
Não podia ser mais real!
Para um tour funcionar bem, existe todo um lado prático que deve ser levado em consideração, por vezes até mais do que a informação histórica que é dada ao grupo. Obviamente, o saber é importantíssimo, mas passar a informação do ponto de encontro após o tempo livre, das horas a que o mesmo será, ou onde ficará o autocarro, ou onde fica o café para comprarem os tais bolos ou para terem atenção às carteiras e máquinas fotográficas e que sim podem deixar as coisas ou devem levá-las porque já não voltamos ao bus... toda essa parte é essencial para que as pessoas não se sintam perdidas e para que regressem sentindo-se protegidas.
Informar essa parte é o mais difícil de tudo, porque é realmente importante que todos ouçam e que não haja falhas. Dizemos a primeira vez ao terminar por exemplo a introdução do local onde vamos parar (ainda no autocarro). Voltamos a repetir ainda antes de sairem e de portas fechadas: a hora, o local; repetimos a hora das várias formas que possa ser dita na língua do grupo (exemplo: duas e meia ou às quatorze e trinta). Colocamo-nos de pé, voltamo-nos para eles e a olhar nos olhos voltamos a repetir. E por vezes uso ainda a técnica da pergunta: "então a que horas nos encontramos? e onde?" e eles lá respondem em coro.

Mas acreditem, quando saimos todos há ainda um que vai perguntar: "a que horas é que devemos estar de volta? e é aqui que o autocarro fica não é?"

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Souvenirs


prendinha de um casal alemão - 5 pequenas garrafas de um digestivo chamado Underberg.
percentagem de álcool - 44%
ouch!
só de cheirar já fiquei tontinha. eheheh


Efeitos da bebida? ou a cueca branca!




Quando me perguntam a profissão, sei que a maioria das pessoas terá como reacção à minha resposta um sorriso e uma frase semelhante a esta: "que bom! é só passear!"


Sorrio e nesse momento lembro-me de tantas situações difíceis de lidar que nada têm de "passeio".

Para ser Guia, não basta saber falar bem uma outra língua, nem ter a História toda bem sabida. Ser Guia exige um lado humano/social muito grande.

A ideia de que as pessoa em férias são pessoas felizes não é totalmente real.As pessoas em férias são por vezes pessoas sozinhas que trazem consigo as tristezas, ou pessoas zangadas que trazem consigo as suas fúrias. Outras vezes são pessoas doentes e outras, pessoas que procuram soluções na vida delas.

E há aquelas vezes, em que estão de férias porque receberam um prémio na sua empresa: distinção pelo bom desempenho no trabalho. Recebem assim uma viagem com estada num bom hotel, refeições em bons restaurantes e alguns tours para conhecerem a cidade.

Na maioria dos casos a empresa oferece esse prémio ao trabalhador e a mais um amigo/familiar, outras vezes é mesmo apenas ao trabalhador.

Estes eventos, confesso, são prolíferos em histórias.

Os dias passados fora do trabalho, do país, da vida pessoal, tornam-se dias de loucura, de liberdade total para algumas dessas pessoas (não vamos generalizar, obviamente).


Certa vez após um almoço óptimo, num dia solarengo, num local com vista magnífica e bom vinho, voltamos ao autocarro para regressar ao hotel.

Poucos minutos passados do arranque começamos a notar uma certa oscilação no autocarro. Oscilação essa que não pára. A estrada por aqueles lados até tem bom piso. Olhei para o motorista, ele para mim e comentamos o que seria?

A reacção seguinte foi olhar para o espelho retrovisor e diz o motorista com um ar seriamente sério: "Cátia, vai lá informar os senhores que se não páram, pára o autocarro!"


- a meio do autocarro, no corredor estava um senhor de cuecas brancas, com a t-shirt puxada para cima e as calças para baixo, posicionado no meio das pernas de uma outra senhora que ria às gargalhadas enquanto o autocarro abanava! -

é fácil abordar e resolver situações destas não é?




terça-feira, 1 de novembro de 2011

Porto e Guimarães no top 10 dos destinos Lonely Planet para 2012

http://p3.publico.pt/vicios/em-transito/1282/porto-e-guimaraes-no-top-10-de-destinos-2012-da-lonely-planet

Deixo-vos esta boa notícia.
Acredito mesmo que o que falta a Portugal é saber valorizar-se e publicitar-se.
E como já dizia no outro anúncio: "Vá para fora cá dentro".

Boas viagens!