quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Andorinha dos beirais


A andorinha é um pequeno animal de 13 a 15cm de comprimento que pode viver até 8 anos. É uma ave resistente e com óptima orientação, ágil no seu vôo. Todos os anos a andorinha chega à Europa anunciando consigo a chegada do tempo quente. Ela chega de África, por vezes percorrendo 20 000Km, voltando para o local onde nasceu. Aí reconstrói o seu ninho. Nesse beiral que tão bem conhece.
A andorinha é vista como a mensageira da Primavera, símbolo do eterno retorno e da ressurreição, da fecundidade e da renovação.
Ver os bandos de andorinhas é algo que caracteriza o céu português. Vê-las depois atarefadas a construir os seus ninhos, a marcarem as varandas, fachadas e chaminés brancas, faz-nos sorrir.
Rafael Bordalo Pinheiro imortalizou-a numa das suas figuras de cerâmica. O modelo conhecido mais antigo, data de 1891. A partir de então, quando elas partiam podia-se matar as saudades e colocar as de cerâmica na fachada da casa. Como se assim se mantivesse o calor que ela anuncia!
Esses trabalhos de cerâmica foram um sucesso, depois com o passar do tempo tornaram-se esquecidas, ou mesmo símbolos de um artesanato menor,criticado pelos tempos modernos. No entanto, a correria da modernidade levou o ser humano a voltar a gostar do tempo perdido! E abraçou-se novamente a andorinha que "a avó tinha por cima da chaminé da cozinha".
A Fábrica de Faiança Artística Bordalo Pinheiro voltou a produzir mais e mais e outros modelos invadiram o mercado.

"Uma andorinha não faz a primavera", mas como dizem que 2012 será um ano difícil... deixo-vos algo que anuncia calor, alegria, vivacidade, felicidade. Está em cada um de nós construir um caminho bom.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Horários


Frequentemente perguntam-me como é afinal o meu horário.
Um Guia-Intérprete não tem horários. Trabalha a qualquer dia da semana, a qualquer hora. Por vezes em época baixa podemos ficar um mês ou dois em casa. E depois na época alta trabalhar dois de seguida, mas todos os dias, todos, sem intervalos, sem feriados ou fins de semana.
Tanto podemos começar pela manhã e terminar na hora do almoço, como terminar às duas da madrugada. Ou fazer um único transfer às cinco da madrugada! Não existe um horário fixo, porque tudo depende do programa do grupo.
Mas existe a seguinte "regulamentação":
Meio-dia: 4 horas
Dia-inteiro: 8 horas
Nocturna: 4 horas
Transfer: 2 horas

Isto é o base, porque depois há serviços que são cobrados com mais horas ou com valores diferentes, dependendo da natureza do mesmo: circuitos, desk de hotel, assistência no aeroporto, panorâmica...

Uma nocturna consiste em acompanhar um grupo durante o jantar, o que pode incluir ou não uma visita panorâmica da cidade.
Um transfer refere-se a dar apoio, assistência, a um grupo que se desloca de um ponto ao outro. Normalmente com explicações de natureza prática e não cultural. Ex: acompanhar um grupo do aeroporto ao hotel, ou do hotel a um centro de congressos.

Mas também este horário raramente se cumpre: normalmente o transfer dura um pouco menos, mas todos os outros serviços acabam por durar um pouco mais. Certamente dependendo de quanto mais, podemos ter as horas extras. Mas um Guia-Intérprete sabe que a visita que começa às 09h nunca termina às 13h em ponto. Se queremos combinar algo pessoal a seguir, temos que pelo menos pensar que meia hora mais fará ainda parte desse dia de trabalho. Há sempre atrasos ao longo do tour e no fim há sempre alguém que quer falar um pouco mais.

E todas esses serviços acontecem às horas mais díspares possíveis. Já tive transfers às 04h00 e só e apenas só isso num dia. Como já comecei às 08h00 para um dia inteiro seguido de nocturna, sem parar. Como já fiquei no aeroporto das 06h00 às 01h00, como já tive nocturnas que começam às 17h00 ou às 21h00. Tudo depende do programa desenhado.

Combinar coisas? É um quebra-cabeças que depois se torna rotineiro. E cada Guia-Intérprete arranja a sua estratégia para o fazer e os amigos e família com o tempo também aprendem a reagir e a saber o que esperar de nós!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O dia em que comi 4 pastéis de Belém de seguida!


Nunca tinha comido mais de dois! E nesse dia com a diversão do grupo e sobretudo a simpatia deste casal aceitei o desafio e comi quatro pastéis de Belém de seguida.

Há pessoas que é realmente um prazer conhecer na vida, esbarrar com elas, nem que seja por uns dias, umas horas.
Este é daqueles grupos que não esquecemos. Eram 8 no total e chegaram a Portugal de caravana desde a Alemanha. Percorreram o nosso país de norte a sul e em Lisboa estive com eles 3 dias. Eram pessoas interessadas, curiosas e com muitas histórias para partilhar. Tinham também o lado mais descontraído (que por vezes é difícil encontrar nos alemães) e adoraram os pastéis de Belém (algo que também chega a ser raro nos alemães, pelo menos da experiência que tenho com os meus grupos. Acham-nos doces demais!)
A senhora da foto veio com o marido e ouvir a sua história de vida foi... relembrar-me a vontade que tenho em acreditar no ser humano.

Teve que trabalhar desde cedo para ajudar a família.
Conheceu o marido ainda nova, "mesmo novinha", dizia-me ela. Apaixonaram-se e não conseguiram largar-se desde então. Também ele trabalhava desde bem novo, para ajudar o pai. Decidiram casar, mesmo sem terem dinheiro. Passado um ano esperavam o primeiro filho, ano depois a segunda. Os tempos eram difíceis na Alemanha, mas não baixaram os braços. Os primeiros anos de vida desta família foi... numa caravana. Que venderam muitos anos depois "com alguma tristeza à mistura". Dizia com o olho a brilhar que os filhos adoram viajar assim, em caravanas! certamente devido aos anos em que viveram os 4 numa pequena caravana. Mas essa caravana foi quem formou o carácter da família, foi quem os ensinou o que é respeitar, amar, ajudar. O espírito de união que não se quebrou. Recordava a sorrir como era fazer a "lida da casa", como era brincar com as crianças, como era nada ter e tudo conseguir dar, que não é preciso dar um ipad a uma criança para que esta seja feliz! Lembrava-se do marido a chegar muito cansado das horas de trabalho numa fábrica, mas que encontrava o tempo para viver a família. E ele sorria a reforçar a ideia de que era essa imagem da mulher e dos filhos, em casa, da comida simples na mesa simples que o fazia viver e descansar. Lembraram-se dos banhos, de como muitas vezes a água estava fria!
A certo ponto, a vida melhorou, o marido subiu de cargo, ela arranjou mais trabalho e conseguiram adquirir uma casa.
Actualmente os filhos já têm filhos. E a mãe do marido desta senhora ainda está viva, quando regressassem à Alemanha iriam festejar os 89 anos da sogra, que tem Alzheimer e não sabe quem é nem onde está! Mas, "aproveitar o tempo com ela, sabe, vive conosco, não a podiamos deixar só. Criamos todo um espaço para que ela se sinta bem e adaptado às suas necessidades. E toda a família ajuda a cuidar dela. A família é o melhor e maior bem que temos e é esse amor que nos faz viver." Nisto veio uma rajada de vento frio e ela lembrou-se "sabe o meu neto quer acampar com os amigos na Suécia em pleno Inverno! Não sei como consegue, isso sim é frio, nem sei como se aquece. Mas... temos que o deixar ir não é? Viver as suas experiências na idade certa. Sentir a vida e o mundo. E é um menino responsável!"
Quando me despedi do grupo, despedi-me com pena. Aquela pena de horas boas partilhadas e não saber como será a próxima pessoa que vamos encontrar, de não saber como será a aproximação, a entrega, a vontade do próximo grupo. E este fora tão bom.
Mas, ao longo destes 10 anos de profissão já aprendi um pouquinho, sim, pouquinho, a proteger-me destes momentos: guardar as palavras e sorrisos destas pessoas, sentir que ajudam a acreditar um pouco mais no mundo, sentir que me dizem que ainda há salvação para o ser humano e que há pessoas que amam mesmo, que se unem mesmo, que estão mesmo presentes, que entendem que a simplicidade é tudo, que basta mesmo tão pouco para sermos felizes e para respeitarmo-nos mesmo uns aos outros, evitando dores.
"Problemas temos todos, momentos tristes e de profunda dor há em todas as vidas, precisamos é saber criar o canto onde saramos e protegê-lo sempre, sem o abandonar. Sem baixar braços, mesmo quando estamos cansados. Hoje deixa-se tudo, num rompante. E no medo de achar que na esquina está melhor, esquecemos dos que nos abraçam já há tanto tempo."
Certamente a vida deles não é perfeita, certamente há dor e há discussões, há choros, mas parece-me que encontraram um equilíbrio e um respeito em manter o amor e a simplicidade da vida. Entre o pensar demasiado só em nós ou demasiado só nos outros.

Hoje abri o email e tinha esta foto entre outras. Sorrio e relembro-me da caravana deste casal, coberta de autocolantes de todos os sítios por onde já tinham passado! Relembro o sorriso dela a dizer-me adeus e o seu abraço apertado.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Truz Truz: prendinha


Um guia-intérprete não tem como sua única função as visitas guiadas. Como somos na verdade a figura presente de todo um programa planeado durante meses, acabamos por ter contacto com todas as outras áreas: restauração, aeroporto, hotéis, actividades, polícia, hospitais... e vamos observando, aprendendo até acabarmos por executar funções que à partida não se pensa que um guia as faz.

Por exemplo: entrega de prendas nos quartos.

A maior parte das vezes são os grupos de incentivos que têm este serviço, porque a empresa quer premiar ainda mais o seu trabalhador e oferece-lhe algo que é colocado no seu quarto enquanto o grupo está em alguma actividade fora do hotel. Assim, quando a pessoa regressa, abre a porta e vê em cima da cama ou da mesinha de cabeceira uma pequena surpresa!
E foi essa a minha função neste grupo. Enquanto as minhas colegas estavam com eles nas visitas ou jantares, lá ía eu - qual agente secreta! - colocar as prendinhas nos quartos.

Recebi a lista de quartos - 118!!!! E o mapa com a distribuição por dia: que prenda entregar em cada dia. Preparei cada prenda (o tag, o embrulho) e junto com o bagageiro do hotel fui de quarto em quarto bater às portas e deixar a surpresa!
Durante essas longas horas (2 horas para preparar e 2 horas para entregar) fiquei a saber mais da vida de um bagageiro e de um hotel. Daria um outro blog certamente.

Sapatos confortáveis é o material obrigatório. Tenho pena de não ter um medidor de passos, porque certamente fizemos quilómetros naqueles corredores. Depois: força de braços! Ainda bem que não era eu sózinha a empurrar o carrinho! E encontrar soluções estratégicas para não ter que ir abastecer o carro muitas vezes e abrir o máximo de portas possível, pois só o bagageiro tinha a masterkey e a autorização para abrir as portas!
E tudo tem um ritual: nos primeiros andares não deveriamos utilizar os elevadores dos hóspedes, mas os de serviço!
Ao chegar aos pisos onde já poderiamos utilizar os elevadores dos hóspedes, caso estivesse alguém no elevador não poderiamos entrar com o carrinho e deveriamos esperar outro elevador.
Antes de entrar no quarto deveriamos tocar à campainha e depois bater na porta, só então depois entrar! Ah e prestar atenção aos avisos de Do not disturb!
O maior erro é entrar num quarto que tenha colocado - Não incomodar! Se a pessoa estiver lá dentro... parece que pode fazer mesmo uma boa reclamação. Se não, entrar e incomodar é apenas um acidente de percurso!
E se houve 2 acidentes de percurso!!! Ou 3!
1 - Lá íamos nós, vê lista, recolhe a prenda, toca a campainha, bate à porta, conversa para ajudar a passar o tempo, abre a porta e ops: quarto escuro, um casal, um corpo a saltar de cima do outro, uma voz mais alta a dizer "quem vem lá" e nós a fecharmos a porta o mais depressa possível e a pedir desculpa! Aiiiii
2 - O mesmo ritual, abre-se a porta e... um homem nu passa da porta da casa de banho para o quarto, o bagagero fechou a porta o mais depressa possível, eu fugi da porta principal para que o senhor não fica-se embaraçado ao ver uma mulher e mais uma vez um pedido de desculpas aceite! Não tinhamos mesmo culpa. Sem avisos na porta, sem respostas, pensando que estão todos no tour, fazemos a função que nos pediram!!! Aiiii (dizia o bagageiro depois "nu até ao pescoço menina!!!eheheheh)
3 - Tudo se repete, silêncio total, entro pelo quarto. Este era um dos maiores, ou seja, a cama não se via logo da entrada. Quando aproximo-me quase gritei: a senhora dormia profundamente. Mas mesmo profundamente. Deixei a prendinha na mesma!

E nessas horas ouvi as histórias de bagageiros, empregadas de limpeza, empregados dos bares, porteiros, tudo vidas cheias de vidas! Realmente em cada profissão arranjamos as nossas defesas, truques e passamos por momentos difíceis e momentos de alegria.

Confesso que fiquei com uma noção maior da quantidade de pessoas que podem entrar no nosso quarto de hotel e que realmente podemos confiar, mas que também devemos proteger-nos se tivermos connosco objectos importantes.
Confesso que diverti-me, mas que a ideia de entrar num espaço onde a outra pessoa não sabe que tal iria acontecer é estranho. Entrar num quarto que não me "pertence", cheio de objectos que não são meus para deixar algo é quase como invasão de privacidade. Acreditem que vemos coisas que não queriamos ver!!!
(pior teria sido se as prendas entregues fossem roupa! Dividir tamanhos é o mais difícil, sobretudo porque nunca chegam nas quantidades certas e temos que inventar desculpas para deixar um M em vez de um S imaginando que a pessoa conhece alguém maior a quem quer dar aquela sweat que estamos a deixar!)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Rebuçados de Ovo de Portalegre


Juntam-se as gemas de ovo e o açúcar. Com a mistura fazem-se pequenas bolas que se envolvem em açúcar em pó. Prepara-se uma calda de açúcar até atingir o ponto de rebuçado e mergulham-se nela as bolas, até que o preparado arrefeça. Depois embrulham-se em papel de seda. Água na boca?

A doçaria portuguesa tem na maioria das vezes, o ovo como ingrediente principal e estes rebuçados não são a excepção à regra. Descobri-os há muito pouco tempo.
As suas origens remontam ao séc. XVIII ao momento em que as freiras do Convento de Santa Clara em Portalegre, decidiram que era preciso encontrar uma utilidade para as gemas que sobravam dos ovos empregues na confecção das hóstias. O que sucedeu em muitos conventos, e daí tantos doces terem por base o ovo (e os frades serem tão gordinhos!!!).
Estes rebuçados destacam-se porque são os mais fiéis às receitas mais antigas.
A principal preocupação foi o respeito pelo modo de fabrico tradicional mas também conseguir-se o alargamento do prazo de validade do produto sem ter que acrescentar outros ingredientes para além dos que constam na receita original.
Assim o rebuçado tem um período de validade de um mês.
E agora através de loja gourmet e restaurantes chega a todos os pontos do país e além fronteiras.

Deixo-vos o site: www.rebucado.com - empresa Sabores Santa Clara lançou o Rebuçado de Ovo de Portalegre, o primeiro produto da marca Fábrica do Rebuçado - vão lá descobrir mais!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

"Mars" não é só um planeta


Quando uma empresa decide organizar uma viagem para os seus trabalhadores contacta uma agência de turismo do seu país para tratar de tudo. Essa agência, por sua vez, contrata uma agência de turismo do destino escolhido (chamada a agência local), que por sua vez contrata a empresa de autocarros, os restaurantes, os guias e todas as outras actividades escolhidas. Essa empresa que pediu a viagem é chamada na gíria de turismo - o cliente final.
O guia quando vai trabalhar está na verdade a trabalhar para 3 entidades diferentes: a agência local, a agência estrangeira (cliente da anterior) e a empresa (cliente final). O nosso papel é satisfazer na verdade todos, mas acima de tudo responder à agência local. Sempre que se levanta uma questão deve-se contactar o project manager da agência local e respeitar as suas decisões. Mas o cliente final é aquele que queremos que esteja sempre sorridente e feliz com todo o programa e responder no máximo possível às suas ideias!
Por norma as agências indicam-nos quem é o cliente final. Para "não metermos o pé na argola"!

Masterfoods - é uma empresa dos EUA que cresceu enormemente e tem representações no mundo inteiro e contém entre muitos outros, produtos como Uncle Bens, Whiskas, Balisto, Twix, M&Ms...
Há uns anos decidiram fazer a reunião anual em Portugal e ofereceram a todos os membros que vieram para essa reunião, uma visita de Lisboa seguida de jantar e discoteca.
Dentro do grupo havia um senhor que se destacava pelas constantes piadas, muitas delas mesmo no limiar da piada que por vezes deixa os outros um pouco desconfortáveis.
Após o jantar reuniu-se um pequeno grupo à sua volta e do representante da agência local a conversar (eu estava lá também). Passado uns minutos o tal senhor dirigiu-se a mim e perguntou-me: "I'm from Mars, where are you from?"
A expressão dele ao dizer esta frase era de extremo orgulho com aquele sorriso de quem está a brincar com a outra pessoa.
Tendo em conta o que tinha observado antes respondi-lhe: "I'm from Venus"
E nisto levo uma cotovelada do rapaz da agência e ouço muito baixinho - "Cátia ele é o presidente da Mars!!!"

Ops... tinham-se esquecido de indicar quem era o cliente final!

Ía morrendo! Pensamentos em catadupa - Masterfoods em Portugal, mas Mars a nível internacional! E eu tinha acabado de dizer uma piada ao Presidente e ao cliente final. Congelei. Pensei - pronto, nunca mais trabalho para esta agência!
Mas tive sorte, o senhor riu-se imenso, todos riram e ele chegou mesmo a dar-me os parabéns pela resposta. Não levou mesmo a mal. Inclusivé foi contar a praticamente todas as outras pessoas convidadas e ao longo da noite fui ouvindo as senhoras a dizerem-me: "Foste tu que lhe deste aquela resposta? Muito bem dada, diz isso a todas. Merecia que alguém finalmente lhe dissesse algo!"

Gostava de ter uma fotografia da minha expressão quando levo a cotovelada!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Doces Havaianos


Houve um ano na minha vida de trabalho que foi recheado de grupos do Hawai.
Além de pessoas muito simpáticas, divertidas e sempre muito bem dispostas, adoram doces. Nunca entendi bem porquê, mas viajavam com sacos e sacos e sacos de doces: rebuçados, gomas, chocolates, sei lá!
Passavam o dia todo a partilhar o saco e a comer aqueles docinhos, muitos deles típicos de lá. E claro, o saco passava sempre pela guia e pelo motorista.
Lembro-me que um desses rebuçados era muito peculiar: o rebuçado além do papel em que está embrulhado parecia ter um outro branco a envolvê-lo também. Eles deram-me um desses e ao ver o tal papel comecei a tentar tirar.
E eles diziam: não, não, isso come-se.
Achei que brincavam comigo, que seria uma partida e hesitei continuando a tentar tirar o papel. O motorista ria, eles riam insistindo em que comesse o dito rebuçado. Acabei por desistir e experimentar... e não é que o "papel" comia-se mesmo?
Não encontro uma foto desses rebuçados, mas fica aqui uma imagem de um dos doces que enchiam esses sacos que recebiamos no final dos tours como um pequeno presente.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Traduzir os nomes de cidades e países - Cáquê

Creio que já todos um dia, num serão com amigos tiverão como tópico de conversa a tradução de nomes de cidades e países: porquê dizer nova iorque e não new york, porquê dizer lissabon e não lisboa.
Noto que uma grande maioria é contra a tradução dos nomes das cidades, defendem que é como traduzir um nome de pessoa. Mas a verdade é que não é bem assim.
Quando chegamos num país, cuja língua é totalmente desconhecida e com uma sonoridade muito diferente da nossa, acreditem que trazudir é essencial para memorizarmos onde estamos, onde queremos ir e onde fomos.
Lisboa foi a cidade que sempre traduzi (Lisbonne, Lisbon, Lissabon). Creio que há poucas mais em Portugal que se possam traduzir, mas não chegando a fazer tradução reparava que muitos colegas diziam por exemplo em francês Sintra com aquela entoação no A - Sintrá!
E perguntava-me se seria mesmo necessário.
Com o tempo vim a verificar que sim, porque o estrangeiro não habituado a determinado som não percebe a que local nos estamos a referir. E quando temos que combinar pontos de encontro ou programas, acreditem que fica mais fácil dizer com essa entoação do que insistir num quase nacionalismo!
A língua portuguesa é uma língua nasal, com sons fechados e com muitos sons de -s, -ch e -x, o que os confunde muito. Para não falar do -nh e -lh ou do ã!

Deixo-vos um exemplo de como pode ser difícil pronunciar uma cidade:
pouco tempo depois de começar a trabalhar, após uma visita de Lisboa um casal francês perguntou-me: comme est-ce qu'on fait pour aller à Cáquê! (era assim que soava o que eles diziam - cáquê).
Eu fiquei um pouco atrapalhada porque não estava a identificar o local!
Eles insitiam Cáquê, Cáquê. No intuito de descobrir que local seria perguntei se tinham ideia de onde se situaria, porque queriam ir lá, o que queriam visitar para ver se através dessas indicações descobria o local. Pois Cáquê não me soava a nada!
Mas ao fim de uns minutos descobrimos... Cascais!!!!!
E foi tão engraçada a reacção deles à sonoridade da palavra Cascais, a repetição do -s fascina-os. E a partir daí reparei como Cascais fascina quase todos os turistas. Não há um tour em que não diga no autocarro Cascais e que os 40 não repitam baixinho para eles, como que a memorizar - cassssssscaissssss (com o ênfase nos -s), é um som que dá-me sempre vontade de rir. Por segundos ouve-se apenas cascaisss cascaisss cascaisss.

Como também não esqueço um senhor português que me criticou veemente por ter traduzido o nome da Avenida da Liberdade.
Pergunto-me: se posso facilitar o tempo das pessoas numa cidade que não conhecem porque hei-de exigir que aprendam apenas o nome português. Digo-lhes por exemplo Liberty Avenue e sempre de seguida Liberdade (até porque se precisarem de ajuda será mais fácil tentar dizer em português), mas questionei o senhor se ele também dizia sempre Champs Elysées ou Campos Elísios ou Fifth Avenue e não Quinta Avenida.
E se pronuncia as cidades japonesas em japonês ou simplesmente München...
não será que diz Munique?

Onde?

"Cátia, não se esqueça de nos inscrever para a excursão da Aparecida!"
"Desculpe, de quem?"
"Da Aparecida, ir lá na Aparecida!"
fiquei intrigada, mas segundos depois
"Ah Fátima, o tour de Fátima! Sim, não esqueço"
"É isso, Fátima. Obrigada"

(ler com sotaque brasileiro)

Chalet da Condessa D'Edla - Sintra


Elise Hensler nasceu em 1836, origem suiça-alemã. Com 2 anos a sua família emigrou para Boston e desde cedo recebeu uma educação cuidada, orientada sobretudo para o canto. Completou a formação em Paris e em 1854 estreou-se no Scala de Milão. Cantora com sucesso viajou pela América e Europa, chegando a Portugal em 1859.
D Fernando conheceu-a e apaixonou-se, após uma recita na ópera de S. Carlos - "um Baile de Máscaras". Viajaram juntos e casaram em 1869, tendo-lhe o príncipe concedido o título de Condessa d´Edla.
juntos construiram este Chalet e o jardim envolvente - situa-se na extremidade ocidental do Parque da Pena, longe mas com vista sobre o Palácio, junto a um belo conjunto de blocos de granito e com vista para o mar.

Durante anos esteve abandonada, mas finalmente está a ser restaurado. O exterior está lindíssimo, algumas salas no interior continuam em trabalhos de renovação.
Mas vale a pena a visita, apesar de não terminado.
Aproximarmo-nos daquela casa é quase como viajar no tempo, físico e emocional. Creio na mente surgem histórias, pessoais e as que nos contavam em criança.
E acredito que Elise achava que tinha encontrado o príncipe encantado.

(na foto ficou a minha mamãe eheh)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Torresmos para o Petit - Benfica olé Benfica!


Ontem assisti a mais um jogo de futebol do Benfica.
Observava os adeptos: a alegria logo nos primeiros minutos, os nervos pouco depois, a ansiedade e por fim um certo descanso - o empate servia!
Sorri, porque pensei nos guias que acompanhavam esses benfiquistas.

Há uns anos atrás comecei a trabalhar no meio do "turismo de futebol", ou seja, acompanhar grupos de adeptos que seguem o seu clube para todos os cantos do mundo. E é todo um novo mundo. O motivo da viagem é apenas um: ver o seu clube jogar e trazer uma vitória para casa.
As primeiras viagens que fiz foi sempre a acompanhar o Benfica (anos mais tarde, a seleção - e o ambiente é outro).
Esses dias começavam cedo, muito cedo.Nos dias de jogo saem vários charters de Portugal em direção à cidade da equipa adversária. Cada guia fica responsável por um vôo (cerca de 200 a 300 pessoas) e gere uma equipa constituída por leaders (normalmente jovens que pensam que têm a sorte de ir ver o jogo e que não existe nenhuma responsabilidade, até estarem em campo!) que são por sua vez responsáveis pelo seu grupo (40 a 50 pessoas).
Por volta das 05h da manhã já estavamos todos no aeroporto para a reunião de equipa: distribuia-se fardas, mapas, programas, brindes a entregar aos adeptos. O primeiro passo é o check-in e a aventura começa:
muitos adeptos viajam com os filhos e esquecem que sendo estes menores é necessário a autorização dos pais para que a criança possa sair do país - custava ver a carinha da criança que tinha que ficar em terra! Sim, porque o pai vai!
Outros adeptos julgavam que o cartão de identificação pedido seria o cartão de sócio de Benfica!!! E lá vinha um familiar a voar na estrada para entregar o BI ou o passaporte!
Outros deixavam os bilhetes em casa e outros ainda pensavam que viajar de avião seria como viajar de autocarro: há sempre espaço para mais um, e assim vinha o amigo ou o primo na esperança de conseguir viajar também!

Ao chegar ao destino normalmente o programa incluía um pouco de tempo livre para um pequeno passeio e refeição, seguido da ida para o estádio (isto quando não havia atrasos e tinhamos que fazer a viagem directa ao estádio e correr com as 300 pessoas atrás de nós para as sentar a tempo de verem o jogo!).
Entravamos então em autocarros e cada leader teria que falar um pouco da cidade, ajudar na orientação e muito importante passar a mensagem correcta das horas e local de encontro. E aí podia ir almoçar.
Qual não foi a minha surpresa quando vi que um grande número deles trazia comida de Lisboa. Parece que viajar em charters específicos para estes eventos torna todo o sistema de segurança muito mais flexível. Nunca irei esquecer o casal nos seus 70 anos que se sentou logo ali ao lado do autocarro, abriu as caixas plástico e começou a comer uma feijoada, porque "menina a comida desta gente não é nada boa. Não há como a comida portuguesa e eu sou um homem de alimento. Agora comer essas porcarias!!!!"

Seguiamos então depois para o estádio. O ambiente até aqui é bem divertido. Todos estão com a certeza de que voltarão a sorrir e com histórias para contar aos amigos, sobretudo a ideia de que estiveram ali, naquele estádio, noutra cidade, no dia que o Clube ganhou!
Antes de entrarem no estádio é o momento crítico de chamar a atenção para que não esqueçam onde está o autocarro, porque após o jogo regressam sozinhos e provavelmente será já de noite e os caminhos parecem outros!
Sim, a maior parte das vezes, nós os guias e leader não vemos os jogos no estádio.
E nesse momento temos que lidar com uma certa desilusão dos jovens que achavam que vinham também a passeio!
Quantos tive que ir buscar a pubs porque não estavam no local de trabalho na hora requerida. Quantos tive que tentar fazer sorrir porque o que mais queriam era ver o jogo e lá estavamos nós no meio do nada sem TV sequer. Quantos apareceram apenas no aeroporto e tive eu que gerir 2 ou 3 autocarros!

O final da partida: vitória! O ambiente é extraordinário, as pessoas sorriem, cantam, dançam, abraçam-se, estão felizes. Alguns felizes de mais, se me entendem! O único problema nessa altura é a torcida adversária.
Lembro-me do dia em Barcelona quando o autocarro foi apedrejado. Tremi de medo, tivemos que nos baixar para proteger caso os vidros partissem. É verdadeiramente assustador ouvir as pedras no metal, sentir o balanço do veículo, ouvir as vozes de raiva! E eu só pensava - isto é apenas um jogo!
No caso de derrota - são expressões cabisbaixas, palavrões a voar, um ou outro que ainda tentou agredir alguém e silêncios, silêncios aterradores. O sono torna-se mais presente e a vontade de chegar a casa é muita.

Aterramos, e são quase 04h da manhã. Pois é... 24 horas de trabalho.
Mas há sempre sorrisos e abraços e agradecimentos e cachecóis que nos colocam ao pescoço. Eu até sou do Benfica, mas se não fosse, guardava com o mesmo carinho.

Ah!... num desses vôos de regresso acabei por adormecer de cansaço e lembro-me de acordar com um cheiro que se tornava insuportável: o Barbas oferecia queijos e torresmo ao Petit!!!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Sabedoria

"vocês guias precisam ter muita paciência, não é?" - França

(ai se é! ihihih)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"Olhe que fica frio!"


Ainda sobre o assunto das refeições, lembrei-me de um pequeno episódio que me deixou a sorrir.

Supervisionar uma refeição por vezes não é tarefa fácil. No último momento alguns clientes lembram-se que são vegetarianos ou alérgicos a algo e outros que eram vegetarianos já não são mais! Porque para muitos o aspecto do prato vale mais que as suas "dietas"!
Num jantar de grupo o menu é, por norma, previamente escolhido para facilitar o andamento da refeição. Imaginem 50 pessoas a pedirem à carta na hora! Ou 150! ou 400!
Por isso, à priori coloca-se a questão das dietas e alergias. Mas quando o prato chega e tem um aspecto delicioso e sabe ainda melhor, muitos esquecem as suas opções e isso... baralha um pouco o decorrer da refeição. Porque no último momento é preciso fazer um prato de peixe, ou de carne, ou sem glúten, ou vegetariano e ser possível atender a essas mudanças dependerá da cozinha e sobretudo do chef. Mas, normalmente, tudo se resolve.
No entanto, quando as alterações são quase um excesso, nem sempre é fácil!
Certa noite tive um grupo de 20 pessoas, não muitas! Mas essas 20 pessoas trocaram tudo o que estava pedido. Os de carne passaram a peixe, os de peixe afinal eram vegetarianos, outros não queriam arroz, a sobremesa gerou outra confusão. Foi um não parar de ir à mesa ajudá-los, verificar se a comida já tinha sido servida e mais ainda controlar as bebidas, cuja diversidade tornou-se tão grande quanto a da comida.
Com tudo isto, o meu bife foi-me colocado na mesa e eu... mal parei nela.
Entre ajudar os clientes e falar com a agência o tempo era pouco para a minha refeição. Avisar a agência é essencial, pois por detrás de todas as alterações existe um mundo financeiro!Nada pode ser decidido ser autorização.
Quando finalmente consegui sentar-me tinha este recado deixado pelo empregado de mesa:
o Bife fica frio
junto com uma rosa!

Só podia sorrir não é?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Só para os enervar peça uma sobremesa!

Não consigo recordar qual é o filme, mas esta cena nunca saiu da minha memória: uma rapariga estava num restaurante a jantar sozinha e as pessoas das outras mesas observavam-na e comentavam porque estaria ela sozinha. A certa altura um senhor levanta-se, vai ter com ela e diz-lhe: "só para os enervar peça uma sobremesa!" e riem os dois.

Quando tenho almoços ou jantares com grupos lembro-me frequentemente desta cena.
Sei que não sou a única a sentir-me assim, que os meus colegas também pensam o mesmo: a hora da refeição tem muito que se lhe diga.
Por vezes é um momento em que apetece mesmo estar sozinho, porque é um momento de descanso. Deixamos de pensar numa língua que não é a nossa e podemos pensar noutros assuntos que não o trabalho.
Mas noutros momentos, é muito solitário!
Num tour com um grupo de turismo "normal" (entenda-se cultural), tanto podemos ser convidados a sentar-nos com o grupo, como termos uma mesa à parte, onde nos sentamos com o motorista e por vezes o tour leader.
Num grupo de incentivos, ficamos definitivamente numa mesa à parte e por norma sozinhos ou até vamos mesmo a outro restaurante e voltamos mais tarde para buscar o grupo.
Quando ficamos somos responsáveis pelo decorrer da refeição, ou seja, verificar que o menú foi o escolhido pelo cliente, verificar os pedidos especiais (alergias e dietas), se o tempo decorrido da refeição é aceitável, se têm bebidas, se foi servido quente,tudo.
Ao ficar com companhia o tempo passa mais depressa, mas quando ficamos sozinhos...
Por vezes é doloroso, sobretudo quando os jantares são longos (uma noite estive das 19h30 às 01h00 à espera que terminassem o jantar)

Certa vez fiquei bem no meio do restaurante (num daqueles restaurantes que escolhemos para celebrar uma ocasião especial?!), numa pequena mesa sozinha, rodeada de casais e famílias, sentindo-me completamente observada, sentindo aqueles olhares intrigados a ponderar porque estaria aquela menina ali sozinha tantas horas? (o meu grupo estava numa sala no andar de baixo, o que tornava a minha presença ainda mais intrigante. Pois quando o grupo está numas mesas ao lado, passado um pouco as pessoas percebem quem somos).
E aquela cena do filme não me saía da cabeça.
Eu olhava, sorria, comia, por vezes lia um pouco do livro que nestas situações nos salva vidas, aumentava o gasto dos sms do telemóvel e voltava a sorrir.
Nesta profissão aprender a estar numa refeição sozinho é essencial.

a sobremesa? comi-a :)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Agora o difícil vai ser escolher...

Para certos tipos de grupo as agências pedem-nos para vestir fato, de modo a estarmos o mais uniformizado possível e entregam-nos um lenço (ou no caso dos homens, uma gravata) de determinada cor para que os membros do grupo nos identifiquem mais facilmente.
São normalmente grupos ligados a congressos, com centenas de participantes, e esse adereço de cor específica lembra-os que somos as pessoas a quem podem vir pedir ajuda se necessitarem.
No entanto há sempre um problema associado ao lenço: como colocá-lo! Qual o nó certo? Como fazer esse nó?
Aqui está a solução!

domingo, 6 de novembro de 2011

Trabalho de Grupo



Trabalhar em grupo não é fácil.

Apesar de cada guia estar no seu autocarro, existe todo um programa que deve ser respeitado e executado de forma igual para o grupo todo. Para que todas as centenas de pessoas tenham o mais possível o mesmo tipo de experiência.

Em grupo temos que saber ouvir-nos para que possamos decidir em conjunto os temas a falar, os locais a parar, o tempo livre... E acima de tudo respeitar de tal forma o colega para colocar em prática tudo o que foi decidido em palavras e não criar situações de desigualdade. Ter a ombridade de, caso seja necessário mudar algo, conseguir avisar todos os outros colegas para que todos saibamos como agir e ninguém ficar em má situação perante o seu grupo, o cliente final e a agência.

Ter um bom grupo de colegas transforma os momentos difíceis em prazer, transforma as preocupações em leveza e faz-nos sorrir e ver o tempo a passar ainda mais depressa.

Hoje lembrei-me deste grupo de brasileiros, tão profícuo em histórias para contar! E como foi bom ter estas meninas para rir e desabafar. Obrigada


(claro que há mais meninas e meninos ;) )

Repetir e repetir e repetir e repetir e repetir e

Não sei se já viram aquele filme que tem como personagem principal uma guia-intérprete na Grécia? Não é que o filme seja uma obra-prima, mas tem momentos que só vivendo esta profissão é que podemos mesmo deliciar-nos com eles e rir à gargalhada.
Um desses momentos é quando ela repete umas 3 vezes que podem deixar os casacos no autocarro.
Não podia ser mais real!
Para um tour funcionar bem, existe todo um lado prático que deve ser levado em consideração, por vezes até mais do que a informação histórica que é dada ao grupo. Obviamente, o saber é importantíssimo, mas passar a informação do ponto de encontro após o tempo livre, das horas a que o mesmo será, ou onde ficará o autocarro, ou onde fica o café para comprarem os tais bolos ou para terem atenção às carteiras e máquinas fotográficas e que sim podem deixar as coisas ou devem levá-las porque já não voltamos ao bus... toda essa parte é essencial para que as pessoas não se sintam perdidas e para que regressem sentindo-se protegidas.
Informar essa parte é o mais difícil de tudo, porque é realmente importante que todos ouçam e que não haja falhas. Dizemos a primeira vez ao terminar por exemplo a introdução do local onde vamos parar (ainda no autocarro). Voltamos a repetir ainda antes de sairem e de portas fechadas: a hora, o local; repetimos a hora das várias formas que possa ser dita na língua do grupo (exemplo: duas e meia ou às quatorze e trinta). Colocamo-nos de pé, voltamo-nos para eles e a olhar nos olhos voltamos a repetir. E por vezes uso ainda a técnica da pergunta: "então a que horas nos encontramos? e onde?" e eles lá respondem em coro.

Mas acreditem, quando saimos todos há ainda um que vai perguntar: "a que horas é que devemos estar de volta? e é aqui que o autocarro fica não é?"

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Souvenirs


prendinha de um casal alemão - 5 pequenas garrafas de um digestivo chamado Underberg.
percentagem de álcool - 44%
ouch!
só de cheirar já fiquei tontinha. eheheh


Efeitos da bebida? ou a cueca branca!




Quando me perguntam a profissão, sei que a maioria das pessoas terá como reacção à minha resposta um sorriso e uma frase semelhante a esta: "que bom! é só passear!"


Sorrio e nesse momento lembro-me de tantas situações difíceis de lidar que nada têm de "passeio".

Para ser Guia, não basta saber falar bem uma outra língua, nem ter a História toda bem sabida. Ser Guia exige um lado humano/social muito grande.

A ideia de que as pessoa em férias são pessoas felizes não é totalmente real.As pessoas em férias são por vezes pessoas sozinhas que trazem consigo as tristezas, ou pessoas zangadas que trazem consigo as suas fúrias. Outras vezes são pessoas doentes e outras, pessoas que procuram soluções na vida delas.

E há aquelas vezes, em que estão de férias porque receberam um prémio na sua empresa: distinção pelo bom desempenho no trabalho. Recebem assim uma viagem com estada num bom hotel, refeições em bons restaurantes e alguns tours para conhecerem a cidade.

Na maioria dos casos a empresa oferece esse prémio ao trabalhador e a mais um amigo/familiar, outras vezes é mesmo apenas ao trabalhador.

Estes eventos, confesso, são prolíferos em histórias.

Os dias passados fora do trabalho, do país, da vida pessoal, tornam-se dias de loucura, de liberdade total para algumas dessas pessoas (não vamos generalizar, obviamente).


Certa vez após um almoço óptimo, num dia solarengo, num local com vista magnífica e bom vinho, voltamos ao autocarro para regressar ao hotel.

Poucos minutos passados do arranque começamos a notar uma certa oscilação no autocarro. Oscilação essa que não pára. A estrada por aqueles lados até tem bom piso. Olhei para o motorista, ele para mim e comentamos o que seria?

A reacção seguinte foi olhar para o espelho retrovisor e diz o motorista com um ar seriamente sério: "Cátia, vai lá informar os senhores que se não páram, pára o autocarro!"


- a meio do autocarro, no corredor estava um senhor de cuecas brancas, com a t-shirt puxada para cima e as calças para baixo, posicionado no meio das pernas de uma outra senhora que ria às gargalhadas enquanto o autocarro abanava! -

é fácil abordar e resolver situações destas não é?




terça-feira, 1 de novembro de 2011

Porto e Guimarães no top 10 dos destinos Lonely Planet para 2012

http://p3.publico.pt/vicios/em-transito/1282/porto-e-guimaraes-no-top-10-de-destinos-2012-da-lonely-planet

Deixo-vos esta boa notícia.
Acredito mesmo que o que falta a Portugal é saber valorizar-se e publicitar-se.
E como já dizia no outro anúncio: "Vá para fora cá dentro".

Boas viagens!

sábado, 29 de outubro de 2011

montanha russa

"Onde é que há parques de diversões em Portugal?" - turista alemão

alguém sabe?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Boards ou hoje aposto no 14!



Todos os grupos têm um logotipo que os identifica.
Quando nos entregam a documentação relativa a um grupo (rooming list, vauchers, bilhetes, menus...) vem sempre o board com o nome do grupo e o logo.
Nos últimos tempos esses logos têm ficado cada vez mais trabalhados e únicos. Aparecem-nos de todas as cores, formatos, tamanhos.
Uma dessas placas fica no autocarro, para que o grupo possa identificar mais facilmente quando paramos e o outro é transportado por nós, ou seja, pelo guia. Que o segura na mão bem lá alto para que todos vejam.
Quando é apenas uma folha de papel plastificada é um alívio. Porque também há aqueles que chamamos os lollipops: não imaginam por vezes o peso. Alguns para o nosso alívio parecem feitos de esferovite e não cansam tanto o braço, mas outros... de madeira e metal!
A dor! Passa da mão direita para a esquerda e de novo para a direita e depois a esquerda e lá vamos ouvindo um cliente a dizer: quer ajuda? ou já não precisas ir ao ginásio!
Depois também há aquele momento em que os transeuntes acham que estamos a brincar e tentam tirar-nos a placa.
Sim! Uma vez tive uns rapazes que muito divertidos tiraram-me simplesmente a placa da mão.
Há ainda o outro tipo de board: o dos navios de cruzeiro, cuja identificação é normalmente um número e nós ao passarmos pelas ruas lá vamos ouvindo: vem aí o 4, olha o 6 já passou vai à tua frente. Ou - epá hoje vou apostar no 14!

Mas o melhor de tudo é quando os grupos têm nomes... no mínimo originais.

Imaginem-se a esperar um grupo no aeroporto de Lisboa com este nome:
Rabobank!!!!

hhmmm?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

História da Sara Pereirinha - Malas Perdidas, 55!!!!

Malas Perdidas

Certo dia está a Sara no aeroporto, nas chegadas à espera do seu grupo de italianos vindos num vôo da Iberia.
O vôo aterra, a Sara aguarda com o board lá bem no alto para que possam ver.
Passam os 30 minutos "normais" de espera e nada. Nem um.
Passam mais uns minutos.
E outros minutos. E outros. O board vai passando de braço para braço, para descansar e nada.
Nem um turista com uma malinha.
Mais um pouco e... Eis que surgem eles - 55 italianos e nem uma bagagem!
Zero!!! Todas as malas perdidas!
A Ibéria esqueceu-se de colocar o vagão das malas do grupo!
E assim fico a imaginar a Sara a regressar horas depois ao aeroporto com 55 italianos furiosos, aos gritos, a quererem tanto as suas malas que nem aguardaram no hotel!
"Qual desembarque da Normandia" - parafraseando a Sara.

Walden Pond's Monk

Tiago Sousa

o presente com vontade de futuro. O caminho desenha-se.
Seguimos-te.

http://youtu.be/_Bds8Z5-xyQ

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Les Timbres! Briefmarken! les boîte aux lettres!Briefkasten!

Não sei como são as outras nacionalidades, mas os franceses e os alemães têm uma preocupação comum quando viajam: enviar postais!
Na era da internet, dos emails, dos blogs e facebooks, estas duas nacionalidades mantêm essa velha tradição viva!
Mas para tal necessitam de dois elementos: os selos! e a caixa do correio! Parece óbvio e fácil? não é.

Comprar selos em Portugal já não é assim tão fácil. Há uns anos comprava-se no mesmo local do postal, mas depois deixou de assim ser e agora só nos correios.
E colocar o postal nem sempre é fácil porque nem sempre há um posto dos correios por perto e se não avisamos logo de início que a caixa vermelha é o correio, eles passam por algumas e não colocam os postais. Ainda por cima nós temos a caixa vermelha e a azul, que não sei bem porquê, os faz sempre sorrir e achar curioso termos as duas cores!

A partir do momento que começam a ter postais na mão, todo o tour começa a girar em torno da compra de selos e do posto dos correios.
Há uns anos quando ainda fazia com regularidade circuitos, cheguei a ter selos comigo para vender. Depois "deixei-me disso".
Mas não me escapo do posto dos correios. Encontrar um, estar dentro dos horários de funcionamento, não é fácil. E vê-los com uma expressão triste porque não podem colocar o postal é de partir o coração. Porque é realmente importante enviar o postal do sítio certo!
Então oferço-me sempre para enviar o postal e se for preciso comprar o selo. Aceitam, com sorrisos, mas sei que temem que não coloque o postal. E sei que se por acaso não chega o pensamento deles será: "ai a guia, de certeza que não colocou"!ihihihihih

E assim, no fim de tantos tours, qual carteira profissional, chego a casa com quilos de postais nas mãos para enviar!

Ops... tenho ali quatro postais que ainda não enviei... está na hora. De hoje não passa.
;)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Tudo tem um preço ou a Troika anda por aqui

Estavamos nos jardins do Palácio de Queluz e pergunta-me uma senhora:
"Quanto custará comprar este palácio?"
Ri, achei mesmo que era uma pequena piada e pouco mais disse.
Mas não... a senhora insistiu: "Qual será o valor?"

"Bem, o palácio não está à venda. É um Monumento Nacional."
"Sim, mas tem um preço. Sabes qual é? Olha que estaria interessada em comprar."
"Certamente terá um valor, mas não pode comprar, é propriedade do Estado, é monumento nacional. Não estará à venda!"
"Cátia, tudo tem um preço, tudo"

tendo em conta a Troika... espero não ter dito nada de errado à senhora!!!

Vivências assim


Se não trabalhasse neste ramo não teria experiências destas: noites históricas em palácios!

Ver os olhos dos turistas a brilhar, os sorrisos a esboçar, as exclamações.
Noites memoráveis, momentos únicos que levam com eles, viagens interiores.

As agências portuguesas organizam recordações inesquecíveis.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Estou sim? senhor ladrão?

Após o tempo livre no Rossio, ao voltarem ao autocarro, um dos casais do tour diz-me ter sido assaltado enquanto tomava um café numa esplanada. Infelizmente este tipo de situação tem ocorrido com alguma frequência.
Perguntei se queriam ir à polícia, mas a senhora diz-me que não. Insisti porque apesar de tudo vale sempre a pena fazer queixa. Voltou a responder que não seria necessário, que o dinheiro não seria certamente devolvido, que os documentos importantes tinham ficado no navio, tinha apenas os cartões de crédito. A única coisa que tinha pena era os óculos de sol, ah e também o telemóvel.
Não insisti, mas pensei em confirmar que já teria ligado ao seu banco para cancelar os cartões. Ao que q senhora me responde: "não, não será necessário, eles não sabem o meu código!"
Ok... mas podem tentar descobri-lo... "não, não, eles não conseguem".
Desisiti.

Continuamos a visita. Ao chegarmos de volta ao cais, nas despedidas o mesmo casal aproxima-se:
"Cátia estavamos aqui a pensar se poderias ligar ao ladrão e perguntar-lhe se ele podia vir devolver os óculos de sol?"
"!!!!! desculpe?"

"o meu marido liga para o meu telemóvel e o ladrão certamente irá falar português, podias falar-lhe e explicar-lhe que venha aqui ter só para devolver os óculos. O resto não faz mal."
Silenciei, ainda tentei dizer que aquela hora já o telemóvel estaria desligado, mas não tive tempo, o telemóvel já me tinha sido colocado no ouvido e obviamente dava sinal de ocupado.
"tenta-se outra vez" e o mesmo sucedeu.
"oh pronto, é que os óculos davam-me jeito. Não faz mal, já agora o que achas que vão fazer com o telemóvel? Valia 800€, achas que o vendem?"

pergunto-me por vezes em que realidade vivem as pessoas!!!!
Fui a rir para casa.

Calçada Portuguesa


A ideia dos primeiros pavimentos surgiu nos finais dos século XIII inicío do XIV com pedra retirada do Tejo, mas esta era de pouca duração. Já no século XVI com rei D. Manuel pavimentou-se a Rua Nova dos Mercadores com granito vindo do Porto. Após o terremoto com a renovação da cidade surgiu então a primeira calçada portuguesa.
No entanto o grande responsável pelos pavimentos como conhecemos hoje foi o Tenente - General Eusébio Furtado, a meio do século XIX. O trabalho foi realizado por prisioneiros e a primeira zona a ser pavimentada foi do Rossio até à Avenida da Liberdade.
Foi de tal modo apreciada, que rapidamente espalhou-se por todo o país e mesmo para o exterior.
Aos poucos foi-se apurando o sentido artístico aliado à funcionalidade e os mestres calceteiros tornaram-se artesãos reconhecidos.
A calçada é feita originalmente de calcário e basalto, a pedra branca e preta.
Existem três tipos principais de disposição da mesma: o quadrado (pedras de 5cmX5cm dispostas em forma simétrica); sextavado (forma hexagonal) e o malhete (pedras regulares e irregulares dispostas de forma arredondada). A pedra vinha de Monsanto e das regiões de Alcobaça e Porto Salvo. Quando se utilizava o calcário negro, esse chegava de Mem-Martins.
O servente começa por fazer um buraco de 8cm que é depois coberto até meio com areia, depois o calceteiro coloca o molde que depois é retirado e preenchido com a pedra. De seguida a superfície do pavimento é lavada e molhada e o pilão termina nivelando a pedra com o maço.
Os motivos dependem da imaginação do artista, mas estão normalmente ligados à história, lendas, folclore ou desenhos geométricos, florais, ondas ...
Ficamos a saber também que numa rua em que se utilizavam as duas pedras, essa seria uma rua principal.
Em 1927 existiam 400 calceteiros e em 1997 apenas 15.
Esperemos que não venha a ser esquecida, mas sim preservada.
Fica aqui um exemplo destes trabalhos que se encontram por baixo dos nossos pés.
Quem sabe descobrir Lisboa ou Portugal através da calçada não é um passeio diferente?
Onde estará esta borboleta?
:)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Reservatório da Patriarcal


O Reservatório da Patriarcal foi projectado, em 1856, pelo Engenheiro francês Mary. Foi o reservatório mais importante na rede de distribuição de água da baixa lisboeta.
Situado por baixo do Jardim do Príncipe Real, o seu reservatório tinha a capacidade para 880m3 de água, com 31 pilares de 9, 25 metros. Na década de 40 deixou de funcionar.
E hoje pode ser visitado.
É talvez um dos segredos de Lisboa e uma hora de visita que vale mesmo a pena. Na hora marcada, chega o guia que nos conta tudo sobre o abastecimento de água em Lisboa, que sofria muito porque o rio ao contrário das outras grandes cidades, não é de água doce, mas o misto de doce e salgado e por isso a população não podia facilmente abastecer-se de água.
Durante quase uma hora percorremos túneis até sairmos no miradouro de São Pedro de Alcântara, naquela portinha ao lado do quiosque.
E fica-se com vontade de fazer a visita completa do Aqueduto.
Vale a pena e o preço é mesmo simbólico.

Moscovo

Aeroporto de Lisboa. Chegadas.
Eu de cartaz na mão há espera do grupo, aproximam-se as primeiras pessoas, pergunta-se o nome, confirma-se na lista, pede-se para esperar ali ao fundo, quem sabe nas cadeiras porque é mais confortável.
Próximo casal aproxima-se:
Sr: - Is this Lisbon? I thought we were landing in Moscow! e virando-se para a esposa com ar aflito
- Honey we are in Lisbon! Not in Moscow!

História da Jú Candeias - Pilha em castelhano diz-se...

História contada pela Jú:

almoço de grupo num restaurante em Leiria, no meio da agitação da chegada do grupo, da procura de lugares, dos amigos que se querem sentar juntos, de alguém que avisa no último momento que é vegetariano, um dos empregados aproxima-se da Jú com um ar entre o muito sério, o incrédulo e o talvez até zangado e diz-lhe:
- minha senhora preciso da sua ajuda, está ali um senhor que diz que precisa de um buraco para pôr a pila! O que é que ele quer dizer com isto?


AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

18 000 congressistas

Passaram esta semana por Lisboa - Simpósio Anual de Diabetes.
A azáfama foi mais que muita. Hóteis esgotados, restaurantes cheios, companhias de autocarros sem mãos a medir e se os guias tivessem o dom da ubiquidade teria sido muito bem utilizado!
A semana voou, as horas a dormir também (tão raras foram), mas saber que a missão foi cumprida deixa-nos felizes.

"Lisboa é bonita, charmosa, limpa e as pessoas tão simpáticas. Definitivamente voltarei com a família. A imagem que querem passar do vosso país lá fora, não é a verdadeira."

Se nos levantarmos e lutarmos, se arregaçarmos as mangas com vontade, se sorrirmos e mostrarmos que mandamos... Levamos Portugal onde todos dizemos que merece estar, mas que na verdade poucos fazem por isso. Não sejamos preguiçosos ou apenas desenrascados, sejamos organizados e corajosos. E vamos.

365 receitas, ou serão mais?


Costuma-se dizer que em Portugal existem 365 formas diferentes de cozinhar o bacalhau: uma para cada dia do ano.
O fiel amigo, que em Portugal é vendido seco e salgado (tradição vinda da época dos Descobrimentos), come-se cozido, assado, frito, com arroz, batatas, legumes, natas e até em forma de gelado!
Mas quando surgem os turistas... surgem novas ideias!
Comer fora do "nosso" país é sempre uma aventura.
Olhar para um prato tradicional não é assim tão óbvio! Será que saberiamos mesmo o que fazer perante os pratos típicos chineses, japoneses, tunisinos, chilenos, mexicanos, malaios, etc?

Vejam as reacções dos nossos turistas:
1 - bacalhau à braz - "tem ovos? ah então comem ao pequeno almoço é isso?"
2 - bacalhau com natas - toque final? uns morangos por cima!
3 - bacalhau assado - regar com uma concha de sopa que se encontra mesmo ao lado!

digam lá que não é delicioso?

Deixo-vos uma imagem do Bacalhau, para que nas nossas mentes nos lembremos que ele é mais do que uma cauda seca com muito sal!

Paulo Ribeiro


Natural de Lisboa, faz a sua carreira de bailarino em várias companhias belgas e francesas, onde se estreia em 1984 como coreógrafo.
Decide então voltar para Portugal e colabora com companhias como o Ballet Gulbenkian (tendo exercido o cargo de Director Artístico). No entanto, nunca deixou o seu percurso europeu.
Em 1995 funda a Companhia de dança contemporânea Paulo Ribeiro, com sede em Viseu. Um sonho que ajuda os outros a sonhar.
Já nesta temporada poderão ver duas das suas obras no Teatro Camões com parceria da CNB.

ah a Arcádia


Línguas de gato de chocolate, bombons, tabletes em embalagens históricas, amêndoas ou as drageias bonjour (autênticas peças de artesanado decoradas e pintadas à mão)...
Não sei qual deles faz crescer mais água na boca!
Desde 1933 que a família Bastos se dedica ao fabrico destes produtos caseiros. Nasceu no Porto, na Rua do Almada nº63 e decidiu há muito pouco tempo chegar a Lisboa e deixar-nos de sorrisos largos.
Em Dezembro abre a nova loja na Av. de Roma.

hhmmmmm

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Novidades


Por vezes os turistas aparecem com novidades, como estes sapatos confortáveis para peregrinos :)

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

3 pianos



Mário Laginha
Pedro Burmester
Bernardo Sassetti.

Vai repetir-se - Novembro no CCB!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Fevereiro, mês perfeito para banhos

Fevereiro, dias frios, mesmo frios. Daqueles que vestimos a camisola interior, a camisola mais quente por cima e saímos com o sobretudo. Junto, vai o guarda chuva, não vá o diabo tecê-las!
As luvas e o cachecol não foram esquecidos.

Cheguei ao aeroporto para dar as boas vindas ao grupo vindo da República Checa.

O primeiro gesto quando saem do edifício das chegadas para entrarem no autocarro foi: despir os casacos, arregaçar mangas e dizer: "mas que tempo maravilhoso".
Eu e o Paulo (motorista) tiritavamos!

No dia seguinte tivemos o nosso primeiro tour: Sintra - Cascais com regresso a Lisboa pela marginal.

O tempo... esse mantinha-se o mesmo, mas quando nos aproximamos do mar parecia que no autocarro o clima era outro e surge o pedido:

"Cátia, temos que parar o autocarro e entrar neste mar. Tens que nos permitir isso."

De início achei que brincavam comigo, mas depois de tanta insistência, por parte de vários e principalmente ao observar aquelas faces que radiavam, como se o sol brilhasse mesmo, cedi ou melhor cedemos!

Paramos na praia da Crismina e foi ver quatro deles sairem a correr, despirem-se e darem um mergulho no mar.

O Paulo ria, eu só lhes dizia "tenham cuidado que o mar é perigoso"! E se as ondas estavam ferozes!

Respirei quando sairam os quatro nesta imagem que vos deixo.

Sei que não esqueceram esse dia, como eu!

Esta é uma das razões porque sou feliz nesta profissão: desenhar momentos eternos.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Vilas operárias



São cantinhos em recuperação, carregados de viver.
Vale muito a pena ir descobrir, fica aqui a foto de uma dessas vilas operárias:
a Vila Berta, Lisboa.

Vá, partam à descoberta dessa e das outras.

Ops!

Certa vez tive um grupo de franceses hospedado num hotel na Figueira da Foz. Vieram no seu próprio autocarro e eu encontrei-me com eles já no hotel. Decidi levar o meu carro.

Numa das muitas perguntas sobre a minha vida pessoal (hábito dos turistas), acabaram por ficar a saber que o Citroen Saxo azul era o meu carrito.

Certa manhã, acordo, preparo-me, saio para ir para o autocarro e reparo num carro todo enrolado em papel higiénico. Comecei a rir, as pessoas do grupo também, os outros clientes do hotel. Todos comentavam.
Entrei no autocarro para combinar com o Michel (o motorista) o itinerário para o dia. As pessoas íam subindo também: falava-se, comentava-se o carro... Até estarmos todos. Disse ao Michel que podiamos ir. Mas ele não arrancou e insistiu em comentar o carro.
Respondi que realmente era cómico, que não fazia ideia porque estaria assim, talvez uma partida de festa de casamento?
O Michel silencia e pergunta-me muito sério: "mas aquele não é o teu carro?"

Então não é que naquele dia estava outro Saxo azul estacionado no hotel?

Rimos muito: eu, o grupo, o tour leader, principalmente quando ele sai num repente para tirar todo aquele papel higiénico!

Ops!

Sarkozy????

Local - Lisboa, Belém

Guia - "um pouco mais à frente do vosso lado esquerdo vamos ver a casa oficial do Presidente da República."

Diz a senhora - "Do Sarkozy?"

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Raul Perez


Este senhor é do Minho.

esplanada em lisboa

Lost In, ali pelos lados do Príncipe Real

49 lugares à frente

Uma das grandes preocupações dos turistas é o lugar no autocarro.
Missão: obter a melhor vista, para tirar as melhores fotos!

Estratégias:
1 - correr o mais depressa possível, empurrar os que se aproximam, saltar os 2 degraus de entrada do autocarro e sentar. Ah, colocar a mala ou o casaco para ocupar o lugar do companheiro/a (normalmente são as senhoras que correm enquanto os maridos trazem as malas pesadas)
2 - mandar as crianças correr
3 - dizer que se enjoa e exibir o saco de enjôo
4- chegar de bengala ou até mesmo de cadeira de rodas (mas, mais tarde, a meio da visita esses mesmos instrumentos por milagre não serão mais precisos)

São momentos de sufoco, confesso, porque às vezes chegam 15 ao mesmo tempo, a exibir o bilhete na mão, a empurrar os outros todos, incluindo eu e o motorista, para que possam "aproveitar o máximo".

A melhor solução é mesmo disciplinados, obrigá-los a fazer fila, aceitar bilhete só quando a pessoa está sentada, para que ganhem consciência de que não vão perder nada. Acalmar. Sorrir.

Ou como me disse um motorista um dia: " o melhor menina era que o autocarro tivesse 49 lugares à frente não acha?"



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"Do outro lado do Tejo

fica África?"

(se soubessem a quantidade de vezes que ouvimos esta pergunta!!!! Marrocos? Ceuta? mas é Portugal? como? Lisboa na mesma? ah outra cidade? mas como? Eu sei que a foz do rio é larga e que quem não sabe julga imediatamente que é mar, mas depois de lhes dizer que é um rio é assim tão difícil perceber que o outro lado é apenas a outra margem? Eu já cheguei a ter que desenhar para ver se compreendiam!!!! acho que rios há no mundo todo ou não?)

quando achamos que a nossa vida é insuportável

Certo dia tive um tour de Lisboa muito especial: uma família - mãe, pai, o filho mais velho numa cadeira de rodas, a menina do meio (com deficiência mental) e o mais pequenito que sorria o tempo todo andava de bengala, sem quase força nas pernas.

Toda a visita teve que ser adaptada às necessidades desta família, desde o mini bus, aos sítios onde paravamos, a como entrar nos monumentos até às ruas a percorrer para que pudessem ver o máximo possível. Até o tempo que passavamos nos locais, o tipo de explicações teve que ser outro, para que todos obtivessem um pouco do que podem absorver e do que lhes é confortável.

A menina... deu-me a mão as 4 horas de visita.

No fim, eu e o senhor Faria (motorista) sentiamo-nos cansados, esgotados diria. Tal a necessidade de dar a volta às situações. Mas com sentimento de dever cumprido, de vermos sorrisos naquelas faces.

Eles... sorriam o tempo todo, aqueles pais, sorriam, abraçavam, mimavam, amavam.

As nossas 4 horas terminaram ali. As deles continuam ainda, porque são 24. 24 horas. 24 horas. 24 horas. 24 horas. 24 horas. 24 horas. 24 horas.

Quando achamos que a nossa vida é insuportável deviamos olhar à volta. E se eles sorriem...
Saí de lágrimas nos olhos, mas estes momentos são daqueles que guardo como sorte porque a minha profissão permite-me obter estes ensinamentos. E querer ser melhor, para os outros e para mim.

Rui Chafes - Five Rings




Escultor português.



ruichafes.net/

Porco? Perú?

Há certos grupos que trazem consigo um tour leader - o chefe do grupo. Este pode ser um guia estrangeiro, alguém da agência estrangeira ou o cliente que fez o pedido da viagem.
O tour leader é o representante da agência que contratou a agência portuguesa e como tal zela pelo cumprimento do programa. Verifica se tudo está como planeado e se os seus clientes estão satisfeitos. Por norma, trabalha em cooperação com o guia local, para que tudo possa acontecer da forma mais leve e prazerosa possível...

Uma noite, num restaurante de Fado em Lisboa:
menú - entradas, sopa, prato principal: perú, sobremesa, café.

o grupo sentara-se, estavam satisfeitos, uma das fadistas já tinha cantado. Chegara a hora do prato principal - o perú. Todos são servidos. Passado um pouco as luzes baixam, sinal de que o Fado recomeçaria, o silêncio na sala vai chegando e eis que a minha tour leader ergue-se da mesa, bate com toda a força possível com as mãos no tampo da mesma e grita "Catia il y a un problème!!!!!!"
O restaurante inteiro vira-se na minha direção. O silêncio ficou total.Eu congelei. Que seria tão grave para esta reação? Aproximo-me.
"Este senhor não pode comer porco e nós estamos a comer porco"

pois... não... estão a comer perú. Tentar convence-la de tal? Foi tarefa árdua. Mostrei-lhe que no menú estava escrito perú, que foi isso que lhes foi apresentado, algumas pessoas do grupo confirmaram que era perú, mas ela... depois de tudo aquilo... não aceitava que assim fosse.
Quis chamar o chef! "É perú, mas se o senhor não quiser, eu posso preparar outra coisa"

e o senhor, calado, envergonhado, que já fazia sinal a dizer que só tinha perguntado se era porco porque era alérgico, só dizia "não tem problema, eu como, eu como".

O chef voltou para a cozinha, o senhor adorou o perú e eu por vezes ainda ouço: "CATIA"

segunda-feira, 23 de maio de 2011

axiomas de turistas

"todos, venhamos de onde viermos, temos medo. E todos queremos ser felizes: queremos dançar, beber, rir e fazer amor" - Eslovénia

domingo, 22 de maio de 2011

A garrafa de água... ou a mão... ou

O guia está sempre associado à ideia de que leva algo na mão que possa ser visível a 20 mil quilómetros de distância para que o seu grupo nunca o deixe de ver.

Eu... raramente ando com essa "marca". Mas em dias como o de ontem nos Jerónimos... Bem que precisava de letras néon a dizer Grupo da Cátia! Nunca vi tanta gente e sobretudo à tarde!!!

A opção de não andar com nada é para obrigar o meu grupo a seguir-me. Porque das poucas vezes em que tinha tal sinaléctica, foi das vezes que houve sempre alguém que deixou de me ver! Porquê? Porque acham que vão sempre encontrar-me e então afastam-se para mais uma foto, para mais uma risada e depois.. ops!
Quando não levo nada, sendo pequenina como sou, são obrigados a olhar para baixo e a não me querer perder! eheheh Funciona!

Mas ontem... números de barcos (e cá andam os guias a jogar squash, números que se repetem porque há vários barcos!), garrafas de água, flores, bandeiras, borboletas, bastões, fitas, chapéus, ... e mãos no ar.

A minha era mais uma.

E eles lá iam atrás :) A querer pôr a mão no ar também, a abanar o boné amarelo porque vão ao lado do guia a identificar o grupo (que orgulho!) ou a dizer "pegamos-te ao colo" eheheheheh.

Fá-los rir e lá vamos nós no meio da multidão!

Perguntas Pertinentes!!!

"Porque é que em Portugal há mais cães que gatos?"

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Por vezes uma vida minúscula

"O encanto de viajar está em todos os sítios onde vou, uma vida mi-núscula. Vou para o hotel, um sabonete minúsculo, champôs minúsculos, uma dose individual de manteiga, pasta de dentes minúscula, uma escova de dentes para usar uma vez e deitar fora."
- Clube de Combate

Turista árabe

"I would like to talk to your dad and offer him some camels for you!"

Contraste da noite para o dia

Na outra noite estava rodeada de senhores de negócios, europeus, cultos, cheios de decisões por discutir e no final ansiosos por espairecer.
Na manhã seguinte estava rodeada de brasileiros, velhinhos, das cidades pobres e perdidas da Bahia, que queriam atenção.

e aqui pergunto-me, se o mundo inteiro não devia passar por esta experiência da noite para o dia. Porque é mesmo da noite para o dia.

"não sei como conseguem ter vida pessoal na não-rotina"

Um dia após uma conversa fiquei mesmo a pensar nisto: a não torina da vida de um guia e o esforço para que possamos ter uma vida pessoal.

A vida de um guia é maravilhosa ahahah, mas enormemente trabalhosa e tão contrária à ideia de leveza, passeio, ar livre a sorrir o tempo todo que a maioria das pessoas imagina: "ah só tens que passear e apontar umas coisas à esquerda e outra à direita". O que eu gostava que essas pessoas experimentassem ser guia por um dia, um meio dia, uma panorâmica, um transfer!

É sem dúvida uma profissão que nos faz crescer. Tive uma professora de francês que dizia que a primeira coisa que admirava logo era aos 21 anos termoa a coragem de estar em frente a um grupo com 40 pessoas e guiá-los, ter a responsabilidade toda nos ombros. Hoje penso nisso a rir, mesmo, porque com o que sei hoje acho que aos 21 não teria tido essa coragem! É que a responsabilidade é tal que realmente somos loucos aos 21 em fazê-lo. Mas é aí também que bate certo, só pode ser aí, nessa idade, o começo de tudo!

Entramos numa bus e temos 40 caras desconhecidas que esperam passar dias felizes, memoráveis, em que tudo corre bem. E lá vamos nós, um programa que tem que bater certo, a horas certas, dinheiro nos bolsos que não é nosso, restaurantes para controlar, hotéis...
e começam as aventuras porque nem sempre o programa "cabe" nas horas ou nos dias em que os monumentos estão mesmo abertos, porque nem sempre o motorista descansou o que devia e está sorridente, porque por vezes chove e o cliente acha que no programa está incluído sol e quase nos bate, porque as pessoas chegam com stress acumulado e afinal querem é reclamar para descomprimir do que não podem gritar nos seus empregos, porque esquecem os comprimidos essenciais par anão morrerem e temos que ir à farmácia salvar-lhes a vida, porque têm 70 anos e no fundo querem é apenas atenção, porque nos fazem as perguntas mais absurdas ou porque falando de outro tipo de grupo... assim um incentivo - os senhores acham que as guias são apenas caras bonitas que têm que sorrir e que podem dizer as coisas mais estapafúrdias do mundo!
Vamos nos bus e subitamente o caminho tem que ser mais longo - adapta. Ou mais curto - adapta.

Lidar com pessoas, bastaria pensar nisso. Nós lidamos com pessoas de todos os países, religiões, raças, feitios... só isto... a calma, a tolerância, respeito que se aprende a ter é essencial. E isso é uma das coisas que mais gosto nesta profissão.

Ser guia fez-me crescer. Aprendi a ver o mundo de todos os olhares e a perceber que não há Uma visão correcta. Aprendi que as pessoas querem apenas ser felizes, mas nem sempre sabem sê-lo. Aprendi a ser responsável ao máximo, porque comigo vai o nome da agência, do restaurante, do hotel, da cidade, do país. Aprendi que Portugal tem tantos defeitos quanto todos os outros países e que não somos infinitamente piores.

E aprendi a dividir o meu tempo de Vida. Porque o guia não tem rotina. Trabalha quando há, por vezes fica 2 meses sentado em casa e depois 2 meses sem parar, manhãs, tardes, noites, nos horários mais absurdos do mundo! Mas vai e sorri.
Mesmo ao fim de 35 dias sorri e tem que repetir porque o senhor estava afalar e não ouviu, tem que ir à loja porque a senhora não sabe como dizer, tem que sugerir, tem que... sorrir. Dizer sim, estou aqui. Mesmo quando a nossa vida pessoal corre menos bem.
É que o guia não pode acordar e dizer: ah hoje estou sem vontade, vou telefonar a dizer que estou doente! Ah pois... o guia vai.

E no meio de tudo isso estão a família e amigos. Que como nós tiveram que aprender o que é ser guia, o que exige. Por mim falo, no início foi um pouco difícil: fins de semana outra vez? noites outra vez? tu não queres é ir jantar! Depois perceberam e ajudarm a tornar tudo possível!
Por isso hoje lembrei-me de agradecer à família e aos amigos que continuam aqui a aturar-me porque às vezes, depois de tours e de tantas pessoas acreditem que o melhor que nos sabe é silêncio. Mas logo a seguir: as nossas pessoas, a nossa língua, os nossos lugares.
E eu... adoro ser guia. E quando estou cansada e penso, não vou aguentar esta não rotina, quando entro num bus e o grupo é feliz e começo a falar de Portugal e as pessoas reagem com sorrisos e perguntas e fotos e elogios e o aperto no coração porque vamos deixar aquelas pessoas, fico com a certeza que não vou desistir nunca.

Porque não há como nos dizerem que sentem que amamos o que fazemos, que passaram dias bons que nunca irão esquecer, pessoas que sabemos que não as veremos mais, que nos aplaudem num aeroporto, que nos escrevem nos Natal, que tiram fotos, que saem de sorrisos na face e nos fazem chorar!

E então, todo o esforço vale mesmo a pena.

Fátima ou o mistério da perna

Acabada a visita ao santuário dirigimo-nos todos ao almoço.
Cerca de 120 pessoas, 3 guias e 3 motoristas.
Confusão habitual da chegada: uns correm para sentar não vá a comida acabar, os outros esperam os amigos e obrigam à dança das cadeiras para que se possam sentar juntos, a fila da casa de banho aumenta pois já não aguentavam mais, há aquele cujo amigo ficou para trás e faz-nos percorrer o caminho de volta para o encontrar, sobem escadas, descem escadas, o rodopio.

Numa dessas descidas de escadas...

Encontro-me à entrada do restaurante a conversar com uma senhora, por mero acaso olho para o cimo das escadas e reparo num senhor que começara a descer as mesmas, mas essa descida não foi normal, não foi degrau a degrau, pé a pé.
O senhor começa por parecer que vai escorregar. Penso em subir as escadas para o ajudar. Mas subitamente agarra-se com força ao corrimão e eu penso que já não tenho que me preocupar porque conseguiu equilibrar-se. Mas reparo melhor e a sua perna parece continuar a deslizar, e afinal as mão parecem escorregar. Mas a força é a mesma.
A minha mente sente-se confusa e nisto o senhor desliza por completo qual desenho animado ou filme cómico!
Cai, escorregando, deslizando, a fazer pum pum pum pum em cada degrau, chega ao fim das escadas de braços e pernas abertas, olhar perdido e eis que uma perna solta eleva-se no ar fazendo um círculo total e batendo na cabeça do homem!

Pensamento - ai meu Deus que o senhor morreu e saltou a perna! Saltou a perna??? Saltou a perna???

A prótese, saltou.

E eu, a senhora e depois reparo a outra colega estavamos paradas, de boca aberta, sem reação! Seria aquilo real?

Era, e corremos para o senhor a ajudar. Eu agarro a perna, as pessoas em volta procuram uma cadeira, ele queria colocar-se de pé, os outros gritavam: "mas não tem perna fique quieto", e a esposa finalmente chega.
Aparentemente, dizia ela nada preocupada e sorridente: "isto acontece a toda a hora!"

Sentamo-lo, limpam-se as feridas e eu dei por mim agarrada a uma perna falsa, com meia e sapato!

A seguir... a seguir tive que apanhar ar!!!!

O Padrão dos Descobrimentos

Foi a primeira visita guiada.

Aos colegas, será que conta?
eheheh

Conseguir prender um grupo de 30 jovens nos seus 19 anos não é fácil pois não? Mesmo sendo eu um deles.

Ver as caras atentas, os sorrisos, os acenos de cabeça, os ahs e ohs, fez querer continuar.

A essa turma que começou com 30 e acabou com 14, estando 5 de nós apenas a trabalhar... agradeço, foram anos bem divertidos.

E tudo começou

quando brincava com a minha irmã na nossa primeira casa.

A sala de jantar era o museu. Eu ficava à porta, ela comprava o bilhete e depois seguia a minha visita guiada. Percorriamos cada canto da sala, da lareira de mármore, ao relógio de corda, não esquecendo a mesa de madeira e aquele armário cheio de miniaturas.
Tudo tinha a sua história: data, local, porquê e importância.

No dia da escolha da profissão assinalei como primeira hipótese - GIN - Guia Intérprete Nacional, no Estoril.

Entrei.

E percorro este caminho com toda a alegria do mundo.

Estou onde devia estar. Esta escolha eu não duvido.