sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Outros costumes

Conto pelos dedos das mãos os grupos de nacionalidade asiática com que trabalhei.
O ser humano é uma espécie só, mas não há dúvida que somos muito diferentes.
Hoje tive um grupo filipino e já me tinha esquecido de como é necessário trocar o chip e habituarmo-nos às necessidades deles.
Assim que chegou ao autocarro, o tour leader disse-me que o importante era o tempo das compras: "shopping, they want shopping, lots of shopping!"
Nunca fiz uma visita tão rápida a Lisboa. Páramos apenas na Torre de Belém e nos Jerónimos, e a visita deste foi em 15m só e apenas na Igreja. A pressão era tanta que me senti numa competição olímpica! Mas lá consegui fazer como me pediram. Por muito que toda esta pressa seja contra a minha forma de mostrar uma cidade, a verdade é que temos que lhes dar o que pedem. Para quê insistir em história se querem compras?
Tiveram quase duas horas de compras e penso que compraram Lisboa inteira. O regresso ao autocarro teve até direito a malas de viagem cheias!!!

Mas não é só na pressa que precisei de me adaptar. Ser alvo de câmaras fotográficas foi a outra novidade. Hoje fui actriz na passadeira vermelha, sem dúvida. Mesmo até enquanto explicava os Jerónimos, eles iam colocando-se ao meu lado, ou atrás de mim ou um passinho à minha frente, para tirarem fotos um a um, como se eu não estivesse ali ocupada a explicar. Quase que ri à gargalhada quando dei conta da situação!
Então agora com as novas Gopro e as respectivas "bengalas", as fotos não cessavam!

Mas pior, pior,  é mesmo a questão da limpeza...sons de arrotos, flatulências e afins soam a toda a hora. Embaraços? Nã!!! Não existe mesmo, pelo menos da parte deles.
Pena foi o estado em que ficou o autocarro, alguns, sem termos percebido comeram maçãs enquanto regressavamos ao cais... as cascas das maçãs estavam todas cuspidas no chão!

Diz-se que em Roma, sê romano, mas eu creio que os asiáticos, em Roma, continuam asiáticos!


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

"É tudo uma questão de boa disposição"

Domingo passado realizaram-se mais duas maratonas na cidade de Lisboa, e o destino escolhido para elas foi mais uma vez o centro da cidade de Lisboa, logo trânsito cortado.
Nesse mesmo dia, além do turismo normal, havia mais 3 barcos de cruzeiro atracados na cidade.
Quando me telefonaram a explicar qual seria o tour que iria realizar, alertaram-me que a circulação na cidade seria um tanto complicada, mas que conseguiríamos fazê-la.
Desde esse momento que comecei logo a mentalizar-me para não me importar com o que quer que fosse que encontrasse pela frente, afinal de que serve chatear-me com algo em que não posso mandar?

De manhã fui logo de sorriso nos lábios, cheia de vontade (até porque já tinha tido 3 dias de descanso e sentia-me com as energias recuperadas e, confesso, já com saudades do trabalho). Cheguei ao Cais, fui perceber como seriam os tais desvios que teríamos de fazer e falar com o motorista.
Sorte a minha, o senhor estava exactamente com o mesmo "mood" que eu.
Para começar, o grupo chegou ao autocarro já com atraso e eu e o motorista começamos a brincar a dizer que terminaríamos o tour no dia seguinte!
Ao ouvir esse comentário, um outro motorista, decidiu interromper começando a reclamar. Do nada o senhor zangado com a vida, provavelmente cansado desta época tão preenchida e com alguma vontade de ir para casa, despejou toda a sua raiva em nós: porque temos nós que dar mais tempo se existe um horário a cumprir, porque se realizam maratonas sempre no mesmo sítio, porque isto e porque aquilo.
Eu até percebo tudo o que ele comentou, mas porque há-de ele estragar a sua saúde e a dos outros com algo em que, infelizmente, não tem poder para mudar?

O seu colega, respondeu-lhe logo para se acalmar e que não valia a pena toda essa raiva, que mais valia ir fazendo e ir levando, porque nada de bom vem da queixa e da raiva: "já aprendi a não me chatear com isso, e porque havemos de tornar um tour mau e fazer com que todos andem chateados se podemos levar uma manhã na boa?"

Fiquei ainda mais feliz de ter tido a sorte de estar com um motorista tão bem disposto.

Quando o tour começou decidi avisar o grupo das maratonas, explicar que provavelmente teríamos de enfrentar algumas mudanças ao decorrer normal de uma visita em Lisboa, mas que não se preocupassem porque iríamos fazer tudo que estava no programa, acrescentei que o sol brilhava e estavam de férias, por isso: "sorriso nos lábios e vamos aproveitar, sim?"

Como correu o tour? Nunca apanhamos trânsito, conseguimos sempre estacionar, fizemos tudo o que estava no programa, os alemães sorriam e, mais incrível ainda, terminamos na hora prevista!
O outro senhor... enfrentou tudo e mais alguma coisa (tenho pena do colega que ía com ele), não há dúvida que a forma como gerimos as nossas emoções atrai o mesmo tipo de energias!

É que nesta profissão não vale mesmo a pena stressar, pois só complicará! E quando estivermos muito cansados, temos mesmo que saber dizer que estamos no limite, parar, afastar, para depois voltar, porque ninguém consegue trabalhar com pessoas se não estiver bem. Principalmente pessoas que estão de férias e que querem é ver sorrisos e alegrias, pois estão a fazer um intervalo nos problemas que possam existir nas suas vidas!



segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Fixar

Ive, um senhor francês nos seus 70 e poucos anos contava-me da sua vida enquanto esperavamos que o grupo regressasse do tempo livre.
A certa altura, a sua esposa surge no horizonte a subir a rua.
Esposa já há 50 anos.
Ele diz apenas assim:

"Sessenta quilos de amor e gentileza, quem seria capaz de não a amar?
Sabes Cátia, se quisermos, a vida é muito simples."


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Estas coisas acontecem II

Esta era uma manhã livre.
Tinha pensado em "dar um jeito" à casa e preparar o grupo seguinte.
Acordei um pouco mais tarde, mas assim que me levantei o telemóvel tocou: um grupo precisava urgentemente de Guia, já estavam a caminho de Belém, será que eu conseguia chegar lá em vinte minutos?

Cheguei.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

História da Rita Neto - há liberdades e liberdades

Na semana passada a Rita trabalhava com um grupo da Seguradora Liberty vindo dos Estados Unidos da América.
Ao descerem a Avenida da Liberdade em Lisboa, mal dissera em inglês "Liberty Avenue", a Rita foi interrompida com a seguinte observação:
"Ah, deram o nome à Avenida por causa da Liberty estar situada aqui ao lado?"

Se num primeiro instante, a reacção pode ser de estupefacção ou de riso, a verdade é que a realidade americana é diferente da europeia e que esta observação tem o seu sentido. Nos EUA existe a possibilidade de uma empresa, ou até mesmo de uma pessoa singular financiar a construção ou reconstrução de uma estrada, ponte, avenida, túnel, etc. Como agradecimento e homenagem, o local passa a ter o nome da tal empresa/pessoa que o financiou.

São os tais mundos no mundo. Esta profissão relembra-nos diariamente que: "todos diferentes, todos iguais" e quão importante é que saibamos falar, ouvir e entender.



Estas coisas acontecem

Ontem pela manhã, a agência liga-me a indicar o tour que iria fazer no dia seguinte.
Chegada a noite recebo uma nova chamada, devido ao mau tempo o navio cancelara a sua vinda a Lisboa.
É esta a rotina de um guia.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Mentes brilhantes - Portugal presente

Falar de um país não é só falar do seu passado, é também falar do seu presente e do seu futuro.
Deixo-vos exemplos de mentes pensantes e agitadoras do Portugal presente e futuro. Mentes que todos deveríamos olhar com orgulho e mostrar às gerações futuras, porque são estes os actos que importam e os exemplos que os mais novos deveriam seguir.

Ana Lima e a empresa Matter - aproveitar desperdícios da indústria agro-alimentar (como casca de arroz, borras de café e repiso de tomate) e transformá-los em objectos de design sustentáveis, como por exemplo uma cadeira.



Liliana Guerreiro reinterpreta a filigrana portuguesa, tornando-a mais minimalista. Este ano esteve presente no Museu de Arte e Design em Nova Iorque, a primeira portuguesa a conseguir tal feito.



SIMI - um grupo de jovens que cria as ementas digitais.



Algaplus - empresa estabelecida em Ílhavo que se dedica à produção de macroalgas marinhas com aplicação na indústria alimentar à cosmética.


Olga Afonso, investigadora do Instituto de Biologia Molecular e Celular do Porto, está entre os 10 melhores doutorandos do Mundo, sendo mesmo a única europeia. O seu estudo centra-se na divisão celular, tendo relevância para o conhecimento da vida e como ela se transmite.


Fonte: Jornal Público

domingo, 12 de outubro de 2014

Contas e mais contas!

Há meses em que não conseguimos respirar, nem dizer olá à família e amigos, logo fazer contas, preencher formulários, entregar facturas, torna-se missão impossível. Assim, ao fim de mês, mês e meio, naquele dia de intervalo, em que preferíamos fazer rigorosamente nada, lá ganhamos coragem e tiramos da carteira os quilos de papéis que temos. 
São facturas de refeições, táxis, bilhetes de entradas em monumentos, etc, etc, etc, de todos os grupos que passaram pelas nossas mãos.
Rezamos para que nada se tenha perdido e após uma forte inspiração, colocamos mãos à obra!

Calculo que a maioria de nós não goste nada desta parte da nossa profissão, porque se somos de letras e história, números deve ser o nosso lado mais fraco ;)

Ontem foi assim por aqui:


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Especiais

Em hora de ponta, a experiência de escolta policial num autocarro é... uma aventura a ter.