Com o passar do tempo reparamos que os grupos, sejam menores ou maiores e sejam de que nacionalidade for, têm sempre personagens comuns (por vezes todas, por vezes só uma ou duas):
- o que faz mil perguntas
- o que faz sempre piadas
- o que sabe mais que todos
- o que chega sempre atrasado
- o que tenta encontrar defeitos
- o zangado com a vida
- o que quer atenção
e tantas outras.
Num dos meus últimos tours tinha uma senhora que constantemente agarrava-me pelo braço, falava alto e sem me deixar terminar frases já interpelava com questões.
De tal modo interrompia que o próprio grupo já reagia cada vez que ela se aprontava para mais um questão. Eu pedia para que esperasse pelo fim da explicação que iria prontamente responder-lhe tudo o que quisesse, eu sorria continuando a falar na esperança que me deixasse terminar, mas ainda assim ela falava.
A certa altura na Igreja de S. Roque explicava o culto a Santo António e as tradições da sua festa explicando, entre outras coisas, que antigamente as raparigas escreviam a Santo António a pedir para encontrarem um bom marido.
Após a explicação passei para a capela de S. João Baptista não parando numa outra capela que fica entre a de Santo António e S. João Baptista.
Ainda o grupo se organizava para ouvir a explicação, já ela me dizia:
"-Cátia e quem é aquela senhora no caixão de vidro nesta outra capela?"
Antes que eu pudesse dizer algo, uma outra senhora do grupo respondeu-lhe prontamente com aquele ar sarcástico dos alemães:
"-Porquê? Quer escrever-lhe uma carta?"
(fiquei logo com vontade de rir)
Mas a primeira sem medo responde-lhe:
"-Não, parece-me ser tarde demais."
Que vontade que eu tinha de rir!