quarta-feira, 31 de agosto de 2011

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Fevereiro, mês perfeito para banhos

Fevereiro, dias frios, mesmo frios. Daqueles que vestimos a camisola interior, a camisola mais quente por cima e saímos com o sobretudo. Junto, vai o guarda chuva, não vá o diabo tecê-las!
As luvas e o cachecol não foram esquecidos.

Cheguei ao aeroporto para dar as boas vindas ao grupo vindo da República Checa.

O primeiro gesto quando saem do edifício das chegadas para entrarem no autocarro foi: despir os casacos, arregaçar mangas e dizer: "mas que tempo maravilhoso".
Eu e o Paulo (motorista) tiritavamos!

No dia seguinte tivemos o nosso primeiro tour: Sintra - Cascais com regresso a Lisboa pela marginal.

O tempo... esse mantinha-se o mesmo, mas quando nos aproximamos do mar parecia que no autocarro o clima era outro e surge o pedido:

"Cátia, temos que parar o autocarro e entrar neste mar. Tens que nos permitir isso."

De início achei que brincavam comigo, mas depois de tanta insistência, por parte de vários e principalmente ao observar aquelas faces que radiavam, como se o sol brilhasse mesmo, cedi ou melhor cedemos!

Paramos na praia da Crismina e foi ver quatro deles sairem a correr, despirem-se e darem um mergulho no mar.

O Paulo ria, eu só lhes dizia "tenham cuidado que o mar é perigoso"! E se as ondas estavam ferozes!

Respirei quando sairam os quatro nesta imagem que vos deixo.

Sei que não esqueceram esse dia, como eu!

Esta é uma das razões porque sou feliz nesta profissão: desenhar momentos eternos.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Vilas operárias



São cantinhos em recuperação, carregados de viver.
Vale muito a pena ir descobrir, fica aqui a foto de uma dessas vilas operárias:
a Vila Berta, Lisboa.

Vá, partam à descoberta dessa e das outras.

Ops!

Certa vez tive um grupo de franceses hospedado num hotel na Figueira da Foz. Vieram no seu próprio autocarro e eu encontrei-me com eles já no hotel. Decidi levar o meu carro.

Numa das muitas perguntas sobre a minha vida pessoal (hábito dos turistas), acabaram por ficar a saber que o Citroen Saxo azul era o meu carrito.

Certa manhã, acordo, preparo-me, saio para ir para o autocarro e reparo num carro todo enrolado em papel higiénico. Comecei a rir, as pessoas do grupo também, os outros clientes do hotel. Todos comentavam.
Entrei no autocarro para combinar com o Michel (o motorista) o itinerário para o dia. As pessoas íam subindo também: falava-se, comentava-se o carro... Até estarmos todos. Disse ao Michel que podiamos ir. Mas ele não arrancou e insistiu em comentar o carro.
Respondi que realmente era cómico, que não fazia ideia porque estaria assim, talvez uma partida de festa de casamento?
O Michel silencia e pergunta-me muito sério: "mas aquele não é o teu carro?"

Então não é que naquele dia estava outro Saxo azul estacionado no hotel?

Rimos muito: eu, o grupo, o tour leader, principalmente quando ele sai num repente para tirar todo aquele papel higiénico!

Ops!

Sarkozy????

Local - Lisboa, Belém

Guia - "um pouco mais à frente do vosso lado esquerdo vamos ver a casa oficial do Presidente da República."

Diz a senhora - "Do Sarkozy?"

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Raul Perez


Este senhor é do Minho.

esplanada em lisboa

Lost In, ali pelos lados do Príncipe Real

49 lugares à frente

Uma das grandes preocupações dos turistas é o lugar no autocarro.
Missão: obter a melhor vista, para tirar as melhores fotos!

Estratégias:
1 - correr o mais depressa possível, empurrar os que se aproximam, saltar os 2 degraus de entrada do autocarro e sentar. Ah, colocar a mala ou o casaco para ocupar o lugar do companheiro/a (normalmente são as senhoras que correm enquanto os maridos trazem as malas pesadas)
2 - mandar as crianças correr
3 - dizer que se enjoa e exibir o saco de enjôo
4- chegar de bengala ou até mesmo de cadeira de rodas (mas, mais tarde, a meio da visita esses mesmos instrumentos por milagre não serão mais precisos)

São momentos de sufoco, confesso, porque às vezes chegam 15 ao mesmo tempo, a exibir o bilhete na mão, a empurrar os outros todos, incluindo eu e o motorista, para que possam "aproveitar o máximo".

A melhor solução é mesmo disciplinados, obrigá-los a fazer fila, aceitar bilhete só quando a pessoa está sentada, para que ganhem consciência de que não vão perder nada. Acalmar. Sorrir.

Ou como me disse um motorista um dia: " o melhor menina era que o autocarro tivesse 49 lugares à frente não acha?"



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"Do outro lado do Tejo

fica África?"

(se soubessem a quantidade de vezes que ouvimos esta pergunta!!!! Marrocos? Ceuta? mas é Portugal? como? Lisboa na mesma? ah outra cidade? mas como? Eu sei que a foz do rio é larga e que quem não sabe julga imediatamente que é mar, mas depois de lhes dizer que é um rio é assim tão difícil perceber que o outro lado é apenas a outra margem? Eu já cheguei a ter que desenhar para ver se compreendiam!!!! acho que rios há no mundo todo ou não?)

quando achamos que a nossa vida é insuportável

Certo dia tive um tour de Lisboa muito especial: uma família - mãe, pai, o filho mais velho numa cadeira de rodas, a menina do meio (com deficiência mental) e o mais pequenito que sorria o tempo todo andava de bengala, sem quase força nas pernas.

Toda a visita teve que ser adaptada às necessidades desta família, desde o mini bus, aos sítios onde paravamos, a como entrar nos monumentos até às ruas a percorrer para que pudessem ver o máximo possível. Até o tempo que passavamos nos locais, o tipo de explicações teve que ser outro, para que todos obtivessem um pouco do que podem absorver e do que lhes é confortável.

A menina... deu-me a mão as 4 horas de visita.

No fim, eu e o senhor Faria (motorista) sentiamo-nos cansados, esgotados diria. Tal a necessidade de dar a volta às situações. Mas com sentimento de dever cumprido, de vermos sorrisos naquelas faces.

Eles... sorriam o tempo todo, aqueles pais, sorriam, abraçavam, mimavam, amavam.

As nossas 4 horas terminaram ali. As deles continuam ainda, porque são 24. 24 horas. 24 horas. 24 horas. 24 horas. 24 horas. 24 horas. 24 horas.

Quando achamos que a nossa vida é insuportável deviamos olhar à volta. E se eles sorriem...
Saí de lágrimas nos olhos, mas estes momentos são daqueles que guardo como sorte porque a minha profissão permite-me obter estes ensinamentos. E querer ser melhor, para os outros e para mim.

Rui Chafes - Five Rings




Escultor português.



ruichafes.net/

Porco? Perú?

Há certos grupos que trazem consigo um tour leader - o chefe do grupo. Este pode ser um guia estrangeiro, alguém da agência estrangeira ou o cliente que fez o pedido da viagem.
O tour leader é o representante da agência que contratou a agência portuguesa e como tal zela pelo cumprimento do programa. Verifica se tudo está como planeado e se os seus clientes estão satisfeitos. Por norma, trabalha em cooperação com o guia local, para que tudo possa acontecer da forma mais leve e prazerosa possível...

Uma noite, num restaurante de Fado em Lisboa:
menú - entradas, sopa, prato principal: perú, sobremesa, café.

o grupo sentara-se, estavam satisfeitos, uma das fadistas já tinha cantado. Chegara a hora do prato principal - o perú. Todos são servidos. Passado um pouco as luzes baixam, sinal de que o Fado recomeçaria, o silêncio na sala vai chegando e eis que a minha tour leader ergue-se da mesa, bate com toda a força possível com as mãos no tampo da mesma e grita "Catia il y a un problème!!!!!!"
O restaurante inteiro vira-se na minha direção. O silêncio ficou total.Eu congelei. Que seria tão grave para esta reação? Aproximo-me.
"Este senhor não pode comer porco e nós estamos a comer porco"

pois... não... estão a comer perú. Tentar convence-la de tal? Foi tarefa árdua. Mostrei-lhe que no menú estava escrito perú, que foi isso que lhes foi apresentado, algumas pessoas do grupo confirmaram que era perú, mas ela... depois de tudo aquilo... não aceitava que assim fosse.
Quis chamar o chef! "É perú, mas se o senhor não quiser, eu posso preparar outra coisa"

e o senhor, calado, envergonhado, que já fazia sinal a dizer que só tinha perguntado se era porco porque era alérgico, só dizia "não tem problema, eu como, eu como".

O chef voltou para a cozinha, o senhor adorou o perú e eu por vezes ainda ouço: "CATIA"