terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Noites lisboetas ou a música não precisa de tradução

Quando chega a época baixa, um Guia Intérprete pode ficar à vontade uns 3 meses sem trabalhar, ou a trabalhar muito poucos dias.
Ao chegar um desses dias de trabalho, sinto sempre a certeza de que estou na profissão certa. Que "isto" não é trabalho, mas gosto!
Portugal tem mil defeitos, mas eu consigo ver o bom e com muito gosto mostrá-lo.

Após a reunião e antes de jantar, este grupo teve direito a conhecer Lisboa de eléctrico, com uma surpresa... fado!
Fizemos uma brincadeira, fingimos que a fadista pedia boleia e para pagar a ajuda, cantou o fado! (um guia também tem de ser actor!!!)
Eles deliraram, acreditaram por minutos naquilo tudo, era só telemóveis a fotografar e a filmar.
E eu sorria.
Chuviscava.
Lisboa brilhava.
Cantava-se Lisboa num eléctrico à noite!
O melhor de tudo foi o final. Ela despede-se, eles aplaudem e conforme a fadista desce do eléctrico, o silêncio apodera-se do mesmo. Olho-os e nota-se que cada um está absorto num pensamento pessoal, vão guardando os telemóveis, uns olham para a paisagem, outros apertam os casacos, uns sorriem, outros colocam um ar mais sério. Um senhor quebra o silêncio:
"- Ficou tudo a pensar na vida? Que silêncio!"
Todos riem.
Achei o comentário tão curioso, tão certo com aquilo que significa Fado! Perguntei-lhes se já teriam ouvido falar do fado e, ouvido fado! Não. Ninguém ali sabia o que era!
"Fado, vem de fatum - destino. Curioso que vocês sem saberem o que esta música é e, sem perceberem português, ficaram todos a pensar na vida não é?"




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