quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Personagens - O que tem uma vida mais importante que todos os outros

Após um longo dia de reuniões, o grupo de empresários foi presenteado com um tour pela cidade antes do jantar.
Como habitual neste tipo de grupos, entraram no autocarro em grandes conversações uns com os outros.
Eu sentei-me, fechamos as portas e começamos " a nossa viagem".
Por norma, prefiro dar uns dois minutos para que possam falar, desanuviar de tantas horas de palestras e num ponto do percurso, que sei que irá apelar à atenção (um monumento, um prédio, um jardim...) começar as explicações.
Após os primeiros dois minutos, neste tipo de grupo, consegue-se rapidamente entender se o grupo está com vontade de aprender sobre a cidade ou se prefere simplesmente aproveitar o tempo para falar com os colegas. Apesar de me custar sempre um pouco que não aproveitem o que lhes foi oferecido, consigo entender perfeitamente a situação deles e consigo não falar.
Muitas vezes, grande parte destas pessoas já esteve em Portugal, além disso, imagino que após 8 horas de palestras, não tenham grande vontade de ouvir mais uma pessoa a falar e prefiram sim, conversar uns com os outros ou até silenciar.
Assim, quando o barulho das vozes não diminui, rapidamente encurto o discurso e deixo-os a aproveitar do modo que os fará mais felizes.
A gestão mais difícil é quando percebo que metade não ouve, mas a outra metade está realmente atenta. Nesses casos não desisto, mas acreditem que pensar noutra língua e nas explicações com um som ruidoso por detrás, é bem desafiante. No entanto, saber que alguém está a aprender algo e está feliz por nos ter ali, vale o esforço. E, por vezes, o grupo que quer ouvir faz aquilo que eu não posso fazer ... manda a outra metade calar! eh eh eh

Ainda assim há momentos insólitos:

Neste caso, o autocarro estava todo em silêncio a ouvir-me, com a excepção de um senhor italiano que falava e esbracejava altíssimo.
Íamos já a meio do tour quando sinto um dedo a cutucar-me o ombro. Viro-me, olho para o senhor e ouço assim:
"Será que se podia calar? Estou numa conference call!" E voltou para o banco do fundo do autocarro!




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