domingo, 2 de outubro de 2016

Coisas do coração

Era o ano de 2004 e eu estava praticamente a começar a trabalhar como Guia Intérprete Nacional.
Mal sabia eu a emoção, a aprendizagem, a alegria e o "desenrascanço" que estava para viver (e que espero viver por muitos e longos anos)!

Nesse ano recebo uma chamada de uma agência a perguntar-me se não queria fazer uns quantos circuitos por Portugal com grupos alemães. Iriamos de Lisboa até ao Douro e depois o inverso. Durante alguns meses.

O coração bateu depressa: seria eu capaz? Eu ainda nem conhecia as estradas, as paragens, além de questionar-me se teria um nível de alemão suficiente para tais grupos!
Do outro lado da linha disseram-me que o programa não era complicado e que não estaria só. Era uma operação que incluía cerca de 8 grupos por semana, portanto estaria apoiada por outros colegas, metade deles tão novinhos quanto eu e a outra metade colegas mais experientes que iriam mesmo ajudar-nos.
A voz era entusiasmante, alegre e cheia de força.
Arrisquei.

2016 e ainda olho para essa aventura com muito carinho.

Aprendi muito, mas muito.
Essa agência tratou-nos com todo o carinho, mesmo! As pessoas responsáveis pela operação têm um respeito enorme pelo trabalho do Guia e entendem verdadeiramente o que passamos. Mas verdadeiramente, como é muito raro encontrar.
Aprendi muito com elas, com os motoristas e com os colegas. A Anabela, o Paulo não mais sairão do meu coração. São aqueles professores que levamos com carinho!

O melhor de tudo é que as pessoas em quem apostaram, esses guias mais novinhos a quem elas deram oportunidade de começar, estão ainda todos a trabalhar.

2016 e continuo a trabalhar com essa agência.

Ontem foi um dia complicado em Lisboa. Duas maratonas trocaram as voltas à cidade toda.
Mas é como digo sempre, se formos com um sorriso largo, se formos a pensar que não há nada mais que possamos fazer a não ser dar o nosso melhor e fazer entender o visitante que este é um dia especial, diferente, que a cidade também pertence a quem aí habita e que a única solução é ter paciência e pensar que o sol brilha, que eles estão de férias e que a cidade é linda, tudo acontecerá melhor!
Deu trabalho, muito, mas no fim o grupo agradeceu, muito e disse que Lisboa ainda era a sua cidade favorita!

Aqui fica para sempre o bom que é quando sorrimos, quando colocamos pensamentos positivos, boas energias e calma para tudo resolver.

Aqui fica uma dessas meninas que também andou no tal grupo em 2004.
Aqui ficam os sorrisos e os rostos das tais vozes ao telefone em 2004.
Odete e Sandra obrigada, acreditem que o vosso empurrão foi essencial para o meu percurso.


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